Incomum

Pesadelos

C a p i t u l o 3

P e s a d e l o s

Corria o máximo que suas pequenas pernas permitiam, seus olhos ardiam e seu pulmão não conseguia oxigênio o suficiente no meio de tanta fumaça, as chamas o assustava mas não podia parar, tinha que encontrar seus pais. Quando estava quase chegando no seu destino o som de corpos caindo o deteve.

- E pensar que você teria esse destino meu amor - A voz que ouvia parecia tão triste.

O pequeno garoto respirou fundo e tomou coragem, se aproximou mais da porta, vendo por uma pequena abertura seus pais caídos no chão com os olhos fechados, seus peitos pareciam ter sido perfurados por alguma coisa, e estavam em uma enorme poça de sangue que parecia não ter fim.

Do lado deles estava um homem que olhava o casal enquanto chorava, suas mãos estavam ensanguentadas e segurava uma espada enorme que também estava suja, foi quando o viu se aproximar de seu pai e o decapitar, fazendo o corpo tombar e a cabeça rolar pelo quarto, enquanto o desconhecido sorria ainda em meio as lágrimas.

Não conseguiu mais olhar a cena a sua frente, sentia que poderia morrer a qualquer momento, sua respiração estava descontrolada e tudo em si tremia junto com uma vontade incontrolável de vomitar, não acreditava que aquilo estava acontecendo de novo, só poderia ser um pesadelo, tentou se beliscar mas não surtiu nem um efeito além das lágrimas que não saberia dizer se era da dor física ou mental.

Nem ao menos sabia o que fazer, só sabia que não poderia continuar ali sem ser morto, e então o menino continuou a correr, tropeçando algumas vezes nos cadáveres dos empregados, mas estava tão fora de si que não conseguia sentir nada, se sentia um boneco que havia simplesmente desligado os sentimentos para não ser esmagado por eles.

Chegou na saída, mas seu cérebro não parecia processar isso bem já que continuou no mesmo ritmo que antes, mesmo que a neve dificultasse sua trajetória, só parou quando trombou com alguém no seu caminho.

- Ah meu Deus, o que aconteceu aqui? - Reconheceu sua tia Tsunade pelo forte cheiro de álcool que ela sempre exalava, e isso junto com o abraço acolhedor que ela lhe deu naquele momento o tranquilizou, fazendo a adrenalina da situação se dissipar e o peso das coisas que aconteceram virem a tona.

O frio da neve em contato com seus pés descalços, os pequenos flocos de neve que caiam sem parar, suas queimaduras espalhadas por seu corpo que latejavam, e a visão assustadora de sua casa pegando fogo e desmoronando rapidamente, sem que os bombeiros pudessem fazer nada para impedir, os olhares de pena que as pessoas lhe lançavam, tudo era tão doloroso.

Fechou os olhos sentindo as lágrimas rolar livremente, e quando os abriu percebeu estar em um lugar diferente, logo notando que era mais um dos inúmeros pesadelos, ou recordações que sonhava.

- Finalmente acordou Bela adormecida? - Neji perguntou jogando um travesseiro do chão na cara do loiro - Pensava que teria que dar uma de príncipe e te acordar com um beijo.

- Se soubesse teria continuado dormindo. - Falou, vendo o Hyuuga revirar os olhos, começando a tirar a roupa sem pudor algum na sua frente.

Neji Hyuuga era seu amigo desde criança, se conheceram quando Naruto estava em sua casa de férias e teve a brilhante ideia de capturar um pássaro que assobiava sem parar em seu jardim, quando o Hyuuga que passava por ali naquele momento o viu começou a reclamar da liberdade que o Uzumaki estava privando o pobre animalzinho, depois disso viraram amigos.