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C a p i t u l o 22

"R e s o l u ç õ e s"

Desde muito cedo Neji desconfiava que Hinata não era nada normal.

A primeira vez que percebeu isso foi quando tinha oito anos, os dois estavam brincando e ela se jogou em um lago só para ter sua atenção, a partir daí eventos e “acidentes” como esses continuaram a acontecer por um longo tempo até que conseguisse ter compressão que era tudo de propósito.

A ignorância algumas vezes era uma benção disfarçada.

Passaram-se os anos e então começou as declarações, primeiro cartinhas anônimas e depois investidas diretas, com ela se declarando em todos os lugares e momentos possíveis – e em alguns até mesmo impossíveis – chegando até um ponto extremo, além de sua personalidade muito doce e olhares estranhos para todos a sua volta. Porém, nunca imaginou que chegaria ao ponto de terminar acorrentado numa cama.

Na verdade havia sonhando com isso sim, mas não ligava muito para seus pesadelos recorrentes, não deveria ter um qualquer relevância.

Ainda assim, não conseguia culpa-la, por mais doentio que fosse, ainda era sua responsabilidade as coisas terem chegado aquele ponto, nunca dando um ponto final real, e sempre dando algum tipo de esperança.

— Sabe que não vai poder me prender aqui para sempre. — Tentou argumentar mais uma vez, suas mãos puxam com força a corrente de ferro, e como sempre sem nenhum sucesso.

Havia inúmeros motivos para que esse sequestro desse errado, mesmo que não tivesse uma família de verdade ainda tinha muitos amigos, um trabalho, escola e vizinhos que dariam por sua falta.

Hinata levantou a cabeça para olha-lo e balançou a cabeça em negação. — Tudo bem, não vai ter que ser para sempre mesmo. — Ela deu de ombros, voltando a pintar a unha.

— Então até quando pretende manter essa brincadeira idiota? — Perguntou frustrado.

— Na melhor das hipóteses até você perceber que me ama. — Ela fala como se fosse óbvio, revirando os olhos no final.

Uma sensação amarga e arrepiante atravessa o corpo de Neji com o gesto, engolindo em sevo antes de perguntar.

— E na pior?

Hinata levantou da cadeira, indo até a cama onde Neji estava, colocando os dedos em seu maxilar e o puxando para um beijo.

Seus lábios juntos foi a única coisa que Hinata conseguiu, pois, mesmo que tentasse, Neji não abria a boca para aprofundar o contato, fazendo um gosto amargo de instalar. Por fim, acabou se afastando com raiva.

— Chega Hinata! Agora você está passando dos limites.

Hinata franze as sobrancelhas antes de sorrir com desdém. — Eu te bato, te amarro e estou te mantendo em cárcere privado e AGORA eu estou passando dos limites? — Suas palavras ganhando cada vez mais força até lágrimas rolarem por seu rosto delicado. —  Quem me beijou primeiro aqui? Quem me deu esperanças e me manteve naquela família inútil por anos? Bom Neji, se o que você queria era me enlouquecer, parabéns, você conseguiu.

No final soluços começaram a embargar as palavras que saiam com muita dificuldade. Alguns minutos depois de desabafar todas as coisas que queria Hinata tira as correntes que amarravam Neji.

— ... — Sua boca abre, porém, não sai nenhum som, como se desistisse da ideia várias vezes e perdesse a capacidade de pensar.

Seu olhar estava vazio, como se nada mais importasse, o que assustava mais Neji do que quando ela o olhava com loucura.

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