Capitulo 31

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JIMIN

  Ao acordar eu demoro a perceber que dia é hoje. Meu Deus, eu vou casar! Sinceramente, eu nunca achei que esse dia chegaria.

  Na minha família temos uma tradição, os noivos não podem se ver até na hora do casamento. Para o meu azar, fazia dois dias que não nos víamos pessoalmente, a saudade só aumentava, e como eu resolvi respeitar essa tradição, isso significa que tenho que esperar mais 12 horas.

  Estou na casa dos meus pais, dormi no meu quarto antigo, a saudade da escola aumentava todas as vezes que pisava neste cômodo. Minhas primeiras amizades, primeiras festas, o primeiro cara que eu beijei...

  Passo alguns minutos na cama, até que escuto batidas na porta.

- sim? - respondo com minha voz de sono.

- filho, hoje é seu grande dia, vamos arrumar as coisas! - minha mãe diz animadamente, ainda com a porta fechada.

- ok, vou levantar, já eu vou tomar café.

- ok, filho!

  Com isso vou em direção ao meu banheiro, faço tudo o que preciso ali, e em meia hora estou pronto pra fazer seja lá o que meus pais tenham preparado.

  Chegando na cozinha percebo que meu pai está sentado na mesa junto com a minha mãe, acho que eles conseguiram tirar o dia de folga, antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa minha mãe levanta e pega um prato com algumas panquecas.

- aqui filho, eu sei que é seu prato preferido - escuto ela dizer com um sorriso no rosto.

- obrigada mãe - respondo ela da mesma forma.

  Eu comi quase todas as panquecas, eram 5 só, eu comi 4 inteiras e uma pela metade.

- filho - escuto a voz do meu pai me chamando e me viro pra olhar pra ele - você pode me acompanhar?

- sim... - respondo com um leve medo na voz mas mesmo assim me levanto e o sigo até a sala e sento no sofá.

- filho, por todo esse tempo nós cuidamos de você - ele diz abraçando minha mãe de lado - economizamos dinheiro achando que usariamos pra comprar uma casa pra você, mas você conseguiu lutar lado a lado de seu noivo e vocês compraram uma casa.

- então - minha mãe interrompe - decidimos que esse dinheiro iria ajudar a pagar sua festa de casamento, mas seus amigos já te deram isso de presente...

  Eles ainda com um tom animado na voz continuam olhando pra mim, até que meu pai se levanta e vai até a estante da sala e volta com uma caixinha azul marinho e um laço dourado em cima.

- filho, a gente queria dar isso de presente pra você - meu pai diz e me entrega a caixa

- espero que goste- minha mãe completa

  Ao abrir a caixa percebo que nela tem uma chave de um carro.

- espera, vocês estão me dando um carro? Sério?

- sim- os dois respondem e meu pai levanta do sofá e caminha até a porta de entrada, abrindo-a eu o sigo e olho na frente de casa e vejo um carro, não entendo muito de carro, mas de dinheiro eu sei, e isso foi caro, esse carro é igual aqueles que ricos compram.

- pai, mãe, meu Deus, eu não sei o que dizer, muito obrigado - digo dando um abraço apertado neles.

  Nesse momento eu percebo algo, eu vou morar longe deles, não vou ver eles sempre, agora que vou casar vou ter a minha casa, a minha vida, e eu não sei se eles vão fazer parte dela todo dia.

  Ainda abraçando eles eu começo a chorar, de felicidade, de tristeza, de medo. A felicidade de começar mais um capítulo da minha vida ao lado da pessoa que eu gosto; a tristeza de saber que os dias não voltam, não vou ter mais meus pais ali pra tudo; e medo de que o futuro me reserva.

- filho - minha mãe com a voz chorosa me afasta e põe as mãos em meu rosto - deixe as lágrimas pra hora do seu casamento.

  Ela me abraça de novo enquanto meu pai lutava contra seus sentimentos.

- bom, você quer testar o carro? - meu pai diz - afinal, é seu, e nós temos que buscar seu terno.

- sim sim, vamos sim.

  Depois de falar isso eu vou até o carro e com as mãos trêmulas começo a dirigir, meu pai ao lado, minha mãe no banco de trás. Busco o terno e aproveito pra dar uma volta com o carro e volto pra casa.

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