Bônus Kallik

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       Bom final de tarde a todos, capítulo um pouco pesado.  Boa leitura.

       Esperar que todos saíssem foi um trabalho de paciência, cheguei a imaginar que Allan não deixaria eles, porém o momento exato surgiu, Allan saiu e eu aproveitei para entrar diretamente no quarto dos gêmeos.
        Zack e Theo eram lindos, talvez os bebês mais lindos que eu já tinha visto, era pra eles seram meus, era pra eu ser o pai e futuro esposo de Hanna, Allan não merecia eles, não merecia ter essa família linda, eu sim, eu merecia.
       Assim que o pequeno em meus braços resmungou, Hanna logo apareceu na porta do quarto, parecia assustada ao me ver, ela era tão linda.

        Por mais que eu tenha planejado o momento, não conseguia esquecer o sabor de seus lábios nos meus, eu queria mais, queria ela por completo. Queria me esbaldar naqueles seios fartos, talvez eu pudesse realizar essa fantasia antes de concluir o que vim fazer.
        - O que você está fazendo aqui? - Perguntei assustado olhando para a porta onde estava Marko seguido por Katherine. Marko estava armado, desgraçados eu sabia que eles não confiariam em mim, eu devia ter desconfiado, pelo visto minha festinha irá terminar antes mesmo de começar.
        - Vim conferir se você faria seu serviço direito! - Maldito! Olhei de volta para Hanna e ela parecia prestes a entrar em choque, pobrezinha, isso não era nada diante da cena macabra que Marko pretendia protagonizar diante dela, porém, eu não seria o herói que tentaria impedir nada.

        - Vamos logo com isso Kallik, estou entediada aqui. - Katherine deu um passo a frente e pelo visto somente agora Hanna tinha notado a sua presença. 
        - Fica Longe do meu filho sua víbora. - Hanna, acredito que tomada pelo impulso protetor materno, atingiu a ruiva com um ferro de passar roupa a fazendo cair no chão, o que arrancou uma risada de Marko!
        - Eu estou cercado de imprestáveis mesmo, anda Kallik,  passe esse presunto para cá.  - O velho chamou o bebê de presunto, más eu iria fazer o que me foi mandado, não ele. Arranquei o canivete do meu bolso e olhei pela última vez para o bebê rechonchudo em meus braços. Porém,  antes que eu pudesse terminar meu trabalho, um disparo me pegou de surpresa, olhei para Marko e ele tinha um buraco no meio da testa, não demorou muito até que seu corpo tombou para frente, revelando Allan atrás dele.

       Katherine que ainda estava no chão atordoada, correu em direção ao corpo desfalecido do amante. Parece que nesse momento, a ficha caiu e eu despertei de uma realidade onde eu estava prestes a tirar a vida do meu primo de segundo grau, eu era um monstro?! Eu já tinha visto Allan em combate e sabia o quanto ele era bom de mira, foi o medo, ou a realidade, más decidi colocar o bebê no berço antes que meu corpo fosse o próximo à cair ao lado de Marko.
        Aproveitando o momento, Allan correu em direção à Hanna, ambos se colocando na frente dos berços, era até engraçado de se ver os pais protegendo a cria.
       - Sua maldita, olha o que fizeram com o pobre Marko! - todos olhamos na direção de Katherine suja no chão.

       - Cala boca, seu plano foi um fracasso e a menos que queira ser a próxima a morrer, acho melhor ficar bem quieta. - Por incrível que pareça, fui eu quem falei, chutei sua mão jogando para longe a arma que ela tinha, apenas a poupando de ser a próxima na mira de Allan, estávamos fodidos e nada podia mudar isso. Sentei no chão próximo a porta apenas para ser erguido pelos homens da Elite que chegaram logo em seguida, nos algemaram e trataram de tirar Hanna e os bebês de perto de nós,  provavelmente os mandaram para a Fazenda, porém, nada disso importava mais.
        Colocaram eu e Katherine na traseira da Fiorini e eu sabia muito bem para onde estavam nos levando, o galpão de tortura. Eu já tinha estado ali diversas vezes e já assisti o quão Allan conseguia ser medonho enquanto torturava alguém, imaginar como ele seria ao torturar alguém que atentou contra sua família me fazia se borrar todo.

       - Vamos nos divertir um pouco! - A voz sombria de Allan me arrancou dos devaneios, já estávamos no estacionamento do galpão, aquele lugar nunca tinha parecido tão assustador assim.
       Um dos homens arrastaram Katherine para o lado oposto ao qual Allan me guiava, percebi que seríamos analisados separadamente para ouvir a versão de cada um, foi o que eu pensei.

      A sala branca estava manchada de sangue e eu sabia que o meu, seria o próximo a decorar o lugar. Amarrado e numa cadeira no centro da sala eles me deixaram, sem dizer até logo, ou quando voltariam.
       

        Demorou aproximadamente 6 horas desde que Allan tinha me deixado ali, quando uma outra pessoa apareceu, apenas conferiu que eu continuava ali e tornou a me deixar sozinho. Eu estava com fome, com cede e com frio também, porém sabia que não adiantaria gritar ou implorar por perdão.

        Quando completaram 12 horas e ninguém apareceu para me torturar, eu soube o que eles estavam fazendo, eu já tinha feito o mesmo com pessoas ruins, por mais que eu soubesse que eu merecia, me arrependi amargamente por ter aceitado o acordo de Marko e Khaterine. 
       Eles escolheram a pior tortura para mim, eu ficaria num quarto isolado por 12 dias, apenas de 3 em 3 dias eu receberia água, o que me manteria vivo, não receberia comida, além do ar condicionado do quarto ser mantido a 18°C durante todo o processo.
        Eu sabia que ao findar o décimo segundo dia eu estaria fraco, desnutrido, desidratado e a ponto de ter uma hipotermia. Sabia que após os 12 dias de tortura, eu ainda teria opções difíceis a escolher entre elas.

    ****

       - Décimo segundo. Ergui minha cabeça para a porta e mesmo com a visão embaçada, consegui enxergar Allan, ele estava forte como um touro, já eu, estava pior que um lixo.
        - Está pronto para tomar sua decisão? - Sem conseguir formular palavras para uma resposta, apenas confirmei com a cabeça.
        - Então vamos,  Katherine e você terão a sentença dada no mesmo ambiente. - Allan continuou, assim que ele me desamarrou da cadeira, meu corpo fraco caiu de cara no chão imundo, eu não conseguiria dar um passo a frente. Logo vieram dois homens para me arrastarem, eu fui literalmente arrastado até o chamado Forca, era um Tribunal, continha advogados e um juiz da Facção e era ali que nosso destino seria decidido. Como advogado de acusação estava Allan, de defesa era um outro advogado da Elite, ao qual não me lembro o nome.

        - Daremos início a essa seção. - iniciou a voz que eu julgo ser o juiz, eu mal conseguia enxergar.
        - Katherine Miller, você está sendo acusada de tentativa de homicídio, desvio de dinheiro, invasão de propriedade e conspiração contra a facção!
        - É verdade,  eu fiz tudo isso e faria tudo de novo! - Ela cuspiu sangue, pelo visto ela não tinha se comportado tão bem quanto eu.
        - Sua pena seria de 36 anos de prisão.
        - Porém, como estamos tratando da Elite, você terá duas escolhas, a Forca  ou se humilhar e passar seus 36 anos em Moçambique como voluntária aos necessitados.
        - Jamais me humilharei a vocês, irei me unir ao amor da minha vida, seus hipócritas!.  - Dito isso, sem que ninguém impedisse, Katherine caminhou sôfrega até a forca no meio do tribunal, onde com suas próprias mãos ela se enforcou tirando a própria vida.  Eu seria capaz disso? O que era pior, sofrer por 36 anos ou acabar de vez com o sofrimento? Por mais egoísta que eu era, não acabaria com minha própria vida, tentaria mais uma vez, recomeçaria tudo de novo alguns anos depois, quem sabe até como uma pessoa melhor.

         - Kallik Delyon, você está sendo acusado de invasão de propriedade, conspiração contra a facção e tentativa de homicídio.
         - Me sinto arrependido, senhor. - Mesmo sem saber se me ouviriam, eu abri minha boca em minhas palavras sinceras, há se eu pudesse voltar no tempo, jamais aceitaria essa loucura de Marko e Khaterine!
         - Sua sentença é de 24 anos de prisão, porém, você tem duas opções,  24 anos na Etiópia como voluntário para os necessitados, ou a Forca.  - Dessa vez foi Allan quem disse, olhando em seus olhos, com toda a minha fraqueza que estava, aceitei meu destino, eu merecia.

         - Serei o melhor voluntário que a Etiópia terá nos próximos 24 anos. - Essas foram minha últimas palavras antes de apagar, se eu não tivesse morrido, certamente despertaria na Etiópia já. 

Allan DelyonOnde histórias criam vida. Descubra agora