Chloe Mansfield.

Chloe 33.

— Chloe Valens. —

A tensão no carro estava tão palpável que dava pra cortar com uma faca. Coloquei os meus auriculares porém não liguei a música. Era só para não ser incomodada mas parece que Katie não entendeu porque ela puxou da minha orelha e eu, com a maior cara de cú olhei pra ela.

“É sério que vão continuar a não falar uma com a outra?” Ela disse. Não respondemos. “Isso é ridiculo vocês são amigas a milhares de anos. Vocês já eram amigas quando vos conheci então, que tal se ficarem as duas chateadas comigo e voltarem a falar uma com a outra.”

Eu sei que parece infantil mas ela me magoou. Eu confiava mais nela que em mim própria e ela simplesmente enrolou essa confiança num monte de coco, jogou numa trituradora e acabou sendo queimada. Eu não ia voltar a falar com ela. Não agora que ela possivelmente colocou toda minha família em perigo e não até ela voltar a pedir desculpa. De verdade.

“Não funciona assim Katie.”

“Eu já pedi desculpa Chloe.” Emily revirou os olhos.

“As pessoas não perdoam simplesmente Katie, tal como tu ainda não perdoaste o Dylan.”

“É diferente porque vocês são amigas e eu e ele não. Não mesmo.”

“Quando o perdoares eu penso na tua proposta.” Olhei para o Erick e depois para estrada. Estávamos a parar no sinal vermelho quando o meu celular vibrou.

/ Ias-te embora sem despedir? Que má amiga que tu és. Acho que Emily tinha razão. Mas, como bom amigo que sou dar-te-ei um presente. /
Assinado M.

“Algum problema?” Erick perguntou. “Chloe!” Eu olhei para ele e neguei. O sinal ficou verde e ele estava prestes a dar partida mas eu segurei a sua mão na alavanca. “Chloe.” Os carros atrás começaram a buzinar. “Chloe!” Eu fiquei parada a olhar para frente. “O que passa contigo?” Ele tirou a minha não por cima da dele mas eu voltei a colocar, as duas dessa vez. Algumas pessoas pararam no passeio para observar o que se passava no carro.

“Chloe o que se passa?” Katie encostou mais a frente. Eu não parava de pensar que assim que passarmos o sinal algo ruim irá acontecer.

“Coloca o cinto Katie!” Ela o fez confusa.

“Isso tem a ver com as raid mensagens?” Emily perguntou.

“Que mensagens?” Erick olhou para mim e, apesar de não estar a olhar para ele, pude sentir o seu olhar reprovador e o sinal ficou vermelho outra vez. Eu respirei fundo. “Queres me dizer o que se passa?”

“Não.”

/ Não tenhas medo capuchinho, pode passar o sinal. O lobo mau costuma comer em casa. /
Assinado: M.

A minha espera pela mudança de sinal estava a ser demasiado ansiosa. Eu tentava ao máximo controlar a minha respiração e quando voltou a ficar verde eu voltei a colocar as minhas mãos na alavanca. O Erick ficou furioso e auxiliava entre olhar para mim e para o mesmo lugar que eu estivesse a olhar, os carros voltaram a buzinar pois era de uma faixa só até que alguém demasiado apressado passou por cima do relvado. Ele parou ao nosso lado mas ninguém abriu o vidro. Quando olhei para o lado vi a mesma menina que tinha falado com Aníbal hoje cedo. Ela passou por nós. Ficou um silêncio absoluto no carro. Estávamos todos a olhar para o carro a nossa frente e o meu coração estava ao rubro. Acho que era possível ouvir. Mantive a boca entre-aberta e tive um sobressalto quando bateram na minha janela, o carro passou o entroncamento, eu pude respirar fundo, soltar a mão de Erick e olhar para o senhor na minha janela, e foi nesse curto período que um som estrondoso abafou os meus ouvidos, carro da menina explodiu. Ele explodiu... No mesmo instante Emily exclamou: "Meus Deus!" E tenho certeza que Katie se encolheu no seu lugar. A expressão de Erick era difícil de decifrar.