Nossa história começa quando tudo está terminando. Para entender, vamos recaptular:21 - 12 - 2008 - Último show.
O fim realmente estava acontecendo e ainda era difícil demais acreditar. O show em Madri, dessa vez, havia sido muito mais para a gente do que para os nossos fãs. Foi o nosso momento de desespero e também alívio. Desespero, pois estávamos tão acostumados a sermos seis que era difícil imaginar como era ser um. Tínhamos certeza que as pessoas gostavam da gente como grupo, mas seria possível que também nos amariam quando restassem apenas cada um de nós? O alívio era porque estávamos tão submersos em todos esses anos de trabalho que mal tínhamos tempo para cuidar da nossa saúde mental.
Nos holofotes tudo sempre parecia um sonho: lindo, colorido, divertido. A realidade é que também tinha dor, sofrimento e muita cicatriz mal curada. De fato, nós seis nos tornamos uma família, éramos apoio e ombro amigo, mas por vezes errávamos e nos magoávamos... E a falta de tempo para lidar com as mágoas fazia com que apenas guardássemos ela em qualquer lugar do peito e acreditássemos que tudo estava bem. O show nunca pode parar. Porém, não sabíamos, mas existe um limite de tempo que as mágoas ficam em estado latente, um dia elas simplesmente reaparecem trazendo toda a dor e ressentimento.
Os ressentimentos já haviam começado a aparecer, por pouco ou quase nada já estávamos nos estranhando. Ficava cada vez mais difícil o convívio, e tudo isso se dava também ao fato que tínhamos tanto medo de nos separar, nos amávamos... isso seria algo que não poderíamos deixar o tempo apagar de nossas memórias. Então, naquele último show, decidimos colocar todas as nossas diferenças de lado e apenas viver o momento. Aquele show foi pra gente. Sorrimos, dançamos e choramos.
Já nessa altura do campeonato, não nos beijávamos mais nos shows. Apesar dos fãs amarem esses momentos, chegamos à conclusão que não havia mais necessidade. Não precisávamos mais representar a Roberta, Diego, Mia..., podíamos ser nós mesmos. Foi quando algo aconteceu: Os músicos começaram a tocar "Este Corazón", como de praxe, começávamos a cantar e fazer um clima romântico era inevitável, até nos divertíamos... Porém, nesse show o Ucker foi se aproximando cada vez mais enquanto eu cantava, conseguia sentir sua respiração, sua mão em meu queixo, que fez a minha nuca arrepiar, e então senti o seu beijo. Quando dei por mim estava retribuindo o seu beijo, comecei a rir quando nos separamos. Fui pega de surpresa, isso já não estava no roteiro, meus pensamentos deram um nó e então imaginei que ele quisesse apenas dar esse último agrado aos fãs.
Quando o show terminou nossa adrenalina estava nas alturas, queríamos aproveitar cada último segundo. Nos abraçávamos e falávamos ao mesmo tempo. Anahi tirava onda com a minha cara perguntando que história era essa de beijar no show, ruborizava um pouco, mas conseguia esconder, eu acho.
- Não vamos conseguir dormir agora. Sem chance! – Chris dizia em tom elétrico - Temos que comemorar até não conseguirmos mais manter os olhos abertos, pois quando acordarmos... Bom, quando acordarmos, tudo realmente terá acabado. -
- Aiiiiii, o Chris está certo. Aqui no hotel tem uma boate privativa, sugiro que a gente vá para ela e se acabe de beber e de dançar. Quem tá junto? – Disse Anahi super animada, enquanto segurava o braço do Ucker e me lançava uma leve piscada, que não entendi bem se era pra mim ou se poderia ser só um cacoete.
Todos, animadíssimos com a ideia, concordamos e nos apressamos em tomar banho e nos arrumarmos para aproveitarmos nossos últimos momentos. Uma hora depois já estávamos todos reunidos, entrando juntos na boate. E Dale tequila e mais tequila. Acho que nosso objetivo era ficarmos mais loucos que o batman.
Eu dançava com a Maite e o Chris, em um ritmo próprio que só os bêbados tem. Poncho dançava colado com uma mulher muito bonita, ele não perde mesmo tempo (detalhe, era uma música agitada). Já Any parecia concentradíssima enquanto conversava com o Ucker, o assunto devia mesmo tá interessante.
- Preciso de mais bebida, urgenteeeeeeee – falava alto mostrando o meu copo vazio e rindo ao mesmo tempo – Maaaaaaaiiiii, Chriiiiiis, vou ao bar buscar mais bebidjenhas, querem algo? -
- neeeem, ainda to com vodka aqui no copo, valeu Dul. Mas busca rápido e volta pra dançar com a gente – Disse Mai
- Também estou com bebida ainda, Chuck. Tinha tempo que não te via bebendo tanto assim...Adooooro! – Chris já falava arrastado enquanto dava mais um gole no copo
- Já volto então. – respondi em meio a risada, enquanto me afastava em direção do bar.
Já no bar, peguei mais uma bebida: Vodka com alguma coisa... nessa altura eu já não estava diferenciando mais o que bebia. Enquanto fazia o caminho de volta para a pista de dança, passei por Any e Ucker:
- Chaaaatooooos! – Gritei pra eles – Boate não é lugar pra ficar batendo papo, por mais interessante que seja o assunto. - me aproximei dos dois e continuei falando:
- Olha aqui dona Anahi - falei enquanto entregava meu copo para ela dar um gole – muito me admira a senhorita, a rainha das festas, minhas parceira de copo, aqui batendo papo igual uma idosa, com esse outro idoso. – Falava revirando os olhos em tom de deboche
- Nooossa! Vodka pura esse seu copo – falava em meio a uma careta enquanto devolvia minha bebida – Pois saiba que o assunto era você. -
- Ah é? E posso saber o que vocês falavam de mim? – Perguntei enquanto olhava para os dois
- A Anahi estava perguntando sobre o beijo durante o show... – Ucker respondeu com aquela naturalidade, com sorriso canto de boca que eu sempre reparei, mas nunca havia me dado conta até dias atrás.
- Simples - interrompi - ele queria dar o último presente aos fãs. Nem tem muito o que pensar a respeito – Falei enquanto tomava mais um gole.
- Bom... na verdade não pensei muito nos fãs naquele momento. Dei porque deu vontade. Quer motivo melhor? – Perguntou arqueando as sobrancelhas
- QUEEE? – Chocada fiquei. O que ele está querendo dizer? É sério, o choque foi grande que me faltou reação.
- OOUA! Depois dessa vou ali encher o meu copo – Anahi ria muito enquanto se afastava em direção do bar.
- Mas os fãs são mesmo uma ótima desculpa. - ele ria ao falar - Agora vamos ali dançar com o pessoal, não quero ser chamado de idoso novamente. – Emendou de forma rápida, antes que eu pudesse responder qualquer coisa. Ele segurou minha mão e me puxou em direção ao local onde estavam Mai e Chris.
- Finalmente! – reclamou Chris – Achei que tinha nos deixado pra ficar batendo papo. Mas essa é minha garota, voltou com mais bebida e ainda trouxe o Ucker junto... -
- O que rolou,Dul? Ta com a cara mais abobada do que o normal? – Questionou Mai, enquanto acenava para Anahi que vinha em nossa direção.
- Que? - saiu mais esganiçado do que gostaria - To normal. Você que já esta ficando bêbada... idiota. – Ri, tentando desesperadamente disfarçar, ao mesmo tempo reparava que o Ucker me olhava. "Deve ser coisa da minha cabeça", pensei.
Poncho se aproximou com a gata da vez, em seguida chegou Anahi que sussurrou no meu ouvido: - E essa velha que o Poncho ta pegando, quem é?
- Nem ideia, deve ter conhecido aqui... você sabe como ele é... – Sussurrei de volta e sorri em direção ao casal feliz, jurando que estava disfarçando.
---
E então queridos, o que acharam desse primeiro capítulo? Muito extenso ou cansativo?
Espero que gostem da história. Se possível deixem o feedback, é bem motivador saber que tem alguém lendo. obrigada!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inevitável
Romance[VONDY] Na teoria tudo acabaria ali, naquele último show, naquele último adeus! Os seis subiriam pela última vez juntos ao palco em Madri, era um misto de emoção o que cada um sentia naquele momento. Aquele show era muito mais para eles do que para...