2.Fugitiva

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Tenho certeza que já passava da meia noite...

Quanto mais avanço, mais pareço estar andando em círculos.

Estou cansada e a única luz que tenho é da adaga, o metal brilha em azul, iluminando uma pequena parte de onde estou, como uma lanterna fraca em meio a toda a escuridão do mundo.
Até mesmo a lua parecia estar se escondendo esta noite, talvez ela possa me mostrar seu esconderijo.

Decido subir em uma árvore com um espaço bom pra dormir.
Fiz o melhor que pude para subir pelo menos um pouco alto.

Na estação 7 não tem árvores, e a única vez que subi, foi quando minha mãe conseguiu sair de fininho comigo para um campo bem longe.

Demorou meio dia até que nos achassem, ela apanhou por isso, mas ela também disse que foi um dia bom, e eu também achei, foi o melhor dia da minha vida.
O melhor dia que tive até perceber que não teria mais dias como aquele.

Me sentei em um galho alto o suficiente pra não ser comida por sei lá, um urso.

Eu estava isolada do mundo, sozinha.

Tudo bem, eu sempre estive sozinha, mas, não como agora.
Não tão sozinha, não tem ninguém comigo, ninguém para pelo menos observar.

Me pergunto quanto tempo vão levar até me acharem.

Talvez já estejam aqui, na escuridão...

Apesar de tudo, a escuridão parecia de alguma forma, o mais seguro para mim.

Como se algo nas sombras, estivesse me protegendo.

– Obrigada... seja lá quem for. – Eu disse.

Peguei a adaga que tinha guardado, e a encarei.

Ela ainda tinha uma luz azul fraca emanando dela, essa luz é a vida do Jackson, ou pelo menos, era.

Segurei o cabo dela com força, e repousei minhas mãos no colo.

Eu estava morrendo de sono, mas não poderia perder essa adaga, ela é minha única forma de defesa por enquanto.

Não consegui mais evitar, e acabei fechando meus olhos.

De repente, eu parecia estar em um lugar estranho, percebi que estava sonhando.

Eu estava em uma sala de pedras, com uma tapeçaria enorme, mas toda empoeirada, algumas poltronas verdes e um espelho enorme, então eu a vi.

Uma mulher misteriosa estava ao meu lado, mas somente pelo reflexo do espelho, tentei tocar nela, mas só senti o material gelado do espelho.

Ela era pálida como uma vampira, os cabelos eram brancos como algodão, os olhos eram extremamente azuis, deixando seu rosto com um aspecto doentio.
Mas ela é linda, com lábios carnudos e um rosto esperto, ela usava um vestido branco com detalhes dourados.

– Eu sei o que você fez. – Ela disse, com uma voz suave.

– Foi um acidente.

– Está tentando se converser disso?

– Estou convencida disso, eu apenas lutei pela minha vida, não me sinto culpada por isso. - Senti uma lágrima escorrer por meu rosto.

– Mas deveria estar preocupada, todo mundo está atrás de você.

- Eu sei. - abaixei meu rosto.

- Eu posso te ajudar, se você quiser.

- Eu nem sei quem você é.

- Mas eu sei quem você é, Anne Lincoln.

Fechei meus olhos, na esperança de acordar.

Ah, mas é claro.

A rainha das almasOnde histórias criam vida. Descubra agora