𝚃𝚑𝚎 𝚁𝚘𝚘𝚖 - 𝙲𝚑𝚊𝚙𝚝𝚎𝚛 𝙴𝚕𝚎𝚟𝚎𝚗

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𝙰𝙽𝚈
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Não, não me perguntem o que aconteceu, eu não sei ao certo explicar na realidade, vamos por partes.

1- Eu ouvi Josh cantar.
2- Josh me fez cantar.
3- Eu e Josh cantamos juntos.

E nesse momento eu pareço uma boba, deitada em minha cama, com o relógio marcando 3:00 A.M, mas não posso evitar, desde que voltei para casa, a cena de mais cedo não sai de minha mente.

Por isso, eu decidi não ignorar, não dá para passar a vida toda lutando contra a própria mente, já estou cansada. Se meu cérebro quer pensar em Josh, então é nele que vamos pensar.

Logo após aquela cena, eu me senti revigorada, como nunca antes, fazia tanto tempo que não conseguia me expressar através da música que até tinha esquecido como era a sensação.

Liberdade.

Esse é o sentimento, é o que a musica põe em meu coração, é a sensação de poder berrar alguma letra aleatória enquanto dirijo ou tomo um banho, é, sempre que possível, está com fones conectados e prontos para ouvir qualquer coisa estranha em minha playlist.

E faz tanto tempo que não me sinto assim.

Livre.

A prisão existente em minha mente me impede de me conectar com meu verdadeiro eu, minha paixão jogada no último lugar de minha mente e escondida de todos, até mesmo de mim.

Não sei dizer se alguém pode desaprender a cantar, é como andar de bicicleta, certo? Uma vez que você aprende, não há como esquecer, ou apagar aquilo que já habita dentro de si.

A música certamente está dentro de mim, algo puramente único, mesmo sendo apaixonada por psicologia, não há nada que se compare a isso, não é um simples hobby ou uma brincadeirinha, sempre carreguei isso dentro de mim e pelo visto, não se apagou.

Sento em minha cama, percebo que não vou conseguir pregar os olhos de qualquer forma, olho para a cômoda na intenção de olhar as horas, são 3:14 A.M. Embora amanhã seja um dia normal de aula, prefiro fingir que não tenho compromisso nenhum.

Caminho para a porta e vejo o último quarto do corredor, aquele que mantive trancado durante tempos e somente agora, senti a necessidade de voltar para lá e deixar novamente, ele entrar em minha vida.

Ao destrancar, ligo a luz e aquele cheiro comum de sujeira entra por minhas narinas e o ignoro, sei que faz tempo que não entro aqui, como iria querer que o mesmo estivesse limpo?

Caminho para uma das prateleiras que contém um simples caderno, já meio velho, porém cheio de memórias e sensações antigas que são automaticamente despertadas somente pela visualização do objeto.

Compor.

Algo que não faço há muito tempo, porém sempre esteve em mim.

E não sei por qual razão ao certo, mas senti que aquela era a hora de por para fora algo que nem sei ao certo o que sinto. Mas precisa sair.

Observo melhor o ambiente, se encontra da mesma forma que deixei quando tranquei o local e decidi o apagar de minha memória, fingindo que o mesmo não existia.

Um grande piano no centro da sala embeleza o lugar e me traz uma sensação de conforto, por tantas horas que passei sentada em frente ao mesmo pondo meus sentimentos ali.

As prateleiras repletas de discos e CDs antigos que possivelmente nem funcionam mais, porém a recordação aquece meu coração, pois foi onde passei bons tempos, jogada no tapete felpudo presente também no local, ouvindo músicas entre as madrugadas.

Em uma das prateleiras, estão posicionados porta retratos de momentos importantes, com meus pais e amigos, mas somente uma me chama atenção.

Uma Any, com seus 13 anos, em cima de um palco, se apresentando no show de talentos de sua escola na época, o sorriso que está presente em seu rosto me dá vontade de chorar, um choro triste, por ter perdido aquela essência.

Lembro de como tentei convencer meus pais de que aquele pequeno show era importante para mim e que seria uma experiência única, lembro me dos ensaios sofridos e de todas as vezes que me senti insuficiente e pensei em desistir de tudo.

Mas, também, lembro me de que, após aquele dia, pensei que realmente aquele era meu lugar e não havia onde me sentisse tão segura, que quando abria os lábios e entoava a musica escolhida.

Pobre Any.

É só isso que consigo pensar agora, após 8 anos, sua vida tomou um rumo tão diferente do que a mesma imaginava anos atrás e me pergunto por um momento, como seria se tivesse prosseguido fielmente com meus sonhos da época.

Sento no pequeno banco posicionado em frente ao piano e me pergunto se devo tentar tocar algo, faz tanto tempo que não o toco que acredito que nem sei mais como conseguia o fazer antes.

Aperto as notas já tão ouvidas por mim, e dedilho a música que sei 100%, a que, por coincidência, foi tocada no almoço e me traz um alívio e sensação de paz, por notar que, mesmo após anos, meu coração ainda se acelera e aquele ao tocar tal instrumento.

Em certo ponto da música, lembro me da cena anterior e como cantei de forma impulsiva, Josh me faz sentir assim, impulsiva.

Desde meus sonhos e os pequenos contatos quem estamos tendo, me trazem uma sensação de conforto, porém ao mesmo tempo assustadora.

Minha mente viaja no minuto em que ele sussurra a musica, ele é um cantor tímido.

Cantor tímido.

Abro meu caderno de composição e escrevo o verso.

"He's a shy singer".

E não sei em qual momento, mas me vejo tentando descobrir como encaixar esse verso em alguma melodia e imaginar como seria voltar a escrever.

Talvez Josh desperte isso em mim, sensações que nunca imaginei que teria novamente.

Agora, me vejo sentada em meu piano, como nos velhos tempos, tentando compor algo que ninguém nunca irá ouvir, mas que sei que tirará do meu coração algo que nem imagino porque carrego.

𝙽𝚘𝚝𝚊𝚜 𝙵𝚒𝚗𝚊𝚒𝚜
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Olá amores, esse foi mais um capítulo, o que vocês acharam?

Não se esqueçam de votar e comentar.

With Love, Triz 💛

Dream Of You | BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora