Chega a hora de jantar e me recordo novamente que me esqueci de dar o aviso às moças da cantina sobre eu ser vegetariana. Esse dia foi tão ocupado e divertido que estive com a cabeça completamente preenchida.
Vou diretamente para a cozinha para que não me esqueça novamente e preencho uns papéis dizendo o que não podia comer, que nesse caso não como qualquer tipo de carne. Hoje vou ter de me contentar outra vez com alface mas, é só mais por uma noite pois, a colônia me garantiu que amanhã já iriam ter opção vegetariana para mim.
Me sento na ponta da mesa comprida com a minha amiga e comemos descansadamente enquanto a Camila nos vai inundando com perguntas sobre o nosso dia. Até chegar com perguntas sobre a noite anterior:
-Então e contou à Mafalda como foi o seu beijo com o Diego?
-Na verdade, não falamos sobre isso.- respondo nervosa.
- Não precisa de dizer se não quer, Carol- Mafalda sendo a minha heroína como sempre.
- Não houve beijo- digo rápido para que a conversa acabe logo. Espero não arranjar problemas por ter confessado isso.
As duas ficam em silêncio mas entreolham-se, ficando um ambiente bem desconfortável. Ainda bem que o jantar acabou logo logo e fomos para o quarto dormir.
(...)
Acordo com a boca seca como se nunca tivesse bebido água e com muita fome, poderia só ignorar isso e voltar a dormir mas, só comi uma folhinha de alface então é normal que me sinta dessa forma. Vejo o relógio pendurado no quarto e vejo que são 3h36 a.m, a cama de Diego está vazia. Faço a longa viagem até à cozinha passando pelos corredores mal iluminados.
Quando chego perto da sala de reuniões começo a ouvir a voz arrogante de Diego, começo a andar mais rápido com medo que ele me veja andando sozinha pelos corredores de madrugada. Começo a ouvir também a voz do senhor Jorge por isso, paro imediatamente de andar. Porque estão eles falando na sala de reuniões às 3 da manhã?
- Você sabe que eu já estou ficando velho, eu sou a única pessoa que você tem, por isso tenho de te contar a verdade antes de morrer.- O senhor Jorge está falando de uma forma triste, muito diferente de como costuma falar.
- A verdade?!?!?!?- Diego sobe o tom de voz.
-Sim, sabe sobre a morte dos seus pais.
- Está de brincadeira comigo certo? Meus pais morreram num acidente de carro existem notícias sobre isso.
- Eu não te chamaria urgentemente para falar comigo se fosse uma brincadeira. O que eu te vou dizer te pode magoar de uma forma que tem todo o direito de deixar de falar comigo. Mas eu morro em paz se te contar o que aconteceu. Seus pais morreram já faz quase 18 anos como você sabe.
Ouço as botas de Diego indo de um lado para o outro, se deve sentir nervoso falando desse assunto. Sinto compaixão por ele, mesmo depois da maneira como ele me tratou. Ele cresceu sem os pais, é normal que o seu carácter não seja o melhor.
O Senhor Jorge continua:
A sua mãe tinha 22 anos e seu pai 24, eram jovens ainda e você era ainda um recém nascido. O seu pai era o líder dos monitores aqui da colônia e a sua mãe se apaixonou por ele. Eu e sua avó éramos seus babás porque, eles tinham de ficar na colônia. Um dia decidi dar uma folga para eles pois, não me sentia bem de você crescer sem os seus pais presentes. Fomos todos à praia da Ericeira nesse dia e...
-E o quê?!?!?!? O que você fez?!?- ele está ficando furioso.
- E seus pais decidiram saltar de uma arriba porque tinham o espírito de aventureiros. E eu podia ter impedido que eles o fizessem mas, não pensei nas consequências, nem eles, infelizmente...No exato local onde eles saltaram havia uma rocha. E esse foi o fim deles.- pela sua voz parece que está a chorar. Eu não deveria ter ouvido isso, não deveria mesmo.
-COMO VOCÊ FOI CAPAZ DE ESCONDER O MOTIVO DA MORTE DOS MEUS PAIS PARA MIM?!?!?!? COMO?!?!? VOCÊ SABE QUE ELES SÃO O MEU MAIOR ORGULHO, MESMO NÃO ME LEMBRANDO DELES!
- Eu escondi isso porque é um grande motivo de sofrimento para mim, eu não consegui. Me desculpe, sou um covarde.
O Diego continua gritando mas, eu sinto que se ficar ali mais um segundo escutando a discussão começo a chorar. Isso foi pesado demais.
Vou em direção ao meu destino inicial, a cozinha. Como uma coisa rápida e bebo dois copos de água cheios sem conseguir tirar dos pensamentos aquilo que acabara de ouvir.
Quando passo novamente pela sala de reuniões para ir para a camarata já está tudo em silêncio. Acabou a discussão.
Entro no quarto em silêncio para ninguém acordar e percebo que o Diego já está na cama. Está soluçando com a cara virada para o travesseiro, me impedindo assim de ver o seu rosto. Ele está chorando. Só queria me colocar dentro da cama dele e poder o abraçar. Ele não dá pela minha presença perto dele. E tento adormecer o ouvindo naquele estado.
E aí quem ficou com dó do Dieguinho? Confesso que fiquei :(
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Garota do campo [FANFIC HERO FIENNES-TIFFIN]
FanfictionCarolina é uma garota comum e simples. Vive em uma humilde casa no campo com a sua avó e com a sua mãe em Portugal. A sua vida não é nada interessante até a sua mãe decidir que Carolina deve arranjar um emprego de verão numa colónia de férias, onde...