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(Continuando...)

Kate piscou algumas vezes, trazendo-se de volta à realidade. Seus olhos verdes se fixaram nos dois irmãos, que aguardavam algum tipo de reação. Ela olhou de Peter para Penny, tentando disfarçar o fato de que não estava nem um pouco interessada no assunto.

ㅡÉ só pão com salsicha, qual o mistério nisso?ㅡ questionou, um pouco frustrada pela interrupção em sua leitura.

Penny suspirou e cruzou os braços, claramente irritada com a falta de interesse de Kate, mas tentou disfarçar a irritação.

ㅡNão é só pão com salsicha, Katherine. Precisamos organizar tudo, desde os ingredientes até a venda. E ninguém no nosso grupo sabe cozinhar direito... ㅡ ela lançou um olhar de avaliação para Kate, tentando adivinhar se ela tinha alguma habilidade na cozinha.

Peter, ainda mais desanimado, soltou um suspiro longo. ㅡ Isso vai ser um desastre...

Kate fechou o livro devagar, controlando a impaciência que começava a crescer. Respirou fundo antes de responder.

ㅡ Ok, entendi. Vocês querem uma solução prática, certo? ㅡEla olhou de Penny para Peter, ambos esperando que Kate surgisse com algo que salvasse a situação.ㅡ Eu me responsabilizo pelos ingredientes e por fazer os lanches.

Penny ergueu uma sobrancelha, surpresa com a declaração. ㅡ Você sabe cozinhar?

ㅡSei fazer cachorro-quente, é fácil ㅡ afirmou de maneira simples, quase casual. ㅡ Vou pedir para o Vini me ajudar, já que serão muitos.

Os irmãos Evans trocaram um olhar surpreso. Era difícil imaginar a intocável Katherine Cárpio, tão reservada e sempre com a cabeça enfiada nos livros, fazendo cachorro-quente para vender na escola. Kate, por sua vez, se divertiu com os olhares espantados que eles lhe lançavam.

ㅡ Não vai ser muito trabalho para você? ㅡ perguntou Penny, ainda tentando disfarçar o choque.

Kate deu um sorriso confiante. ㅡ Não se preocupe, o resto é com vocês. Só parem de fazer tanto drama por um simples trabalho de escola. Já estão grandinhos demais para isso.

Penny abriu a boca para responder, mas logo desistiu, percebendo que não valia a pena discutir. Peter, por outro lado, soltou um leve suspiro de alívio, finalmente vendo uma luz no fim do túnel.

Penny fechou os olhos por um breve momento, parecendo se render.

ㅡ Ok, você venceu. Vamos fazer a nossa parte ㅡ disse ela, finalmente cedendo.

Kate deu um leve sorriso semicerrado, voltando a abrir seu livro, como se a questão estivesse completamente resolvida. Na verdade, para ela, era um problema simples e insignificante diante das complexidades com as quais estava acostumada. O som abafado das discussões ao redor, o murmúrio distante de seus colegas, tudo voltava a desaparecer enquanto suas mãos acariciavam as páginas de Frankenstein.

Mas, no fundo, ela se perguntava se a intocável Katherine Cárpio estava mesmo começando a se importar com aquelas pequenas trivialidades.

Não, concluiu rapidamente, enquanto seus olhos percorriam as palavras impressas. Isso era apenas uma distração. E ela preferia o mundo dos livros ㅡ onde nada era simples, mas tudo era infinitamente mais interessante.

***

Quando o sinal tocou naquela tarde de segunda-feira, Vini já esperava Kate do lado de fora, com um enorme sorriso estampado no rosto. Kate saiu do prédio, e Penny e Peter caminhavam um pouco atrás dela, conversando sobre assuntos aleatórios.

Minha tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora