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Uma dor latente pulsava em sua mente, como se agulhas invisíveis perfurassem seu crânio repetidamente. O peso da exaustão fazia suas pálpebras pesarem, mas algo mais urgente o despertou: a sensação de um líquido quente e espesso escorrendo por sua nuca. Tentou mover a mão instintivamente para verificar a origem daquilo, mas logo percebeu que seus braços estavam presos. Seus pulsos doíam sob a pressão de cordas apertadas, e a tentativa de puxá-los apenas intensificou o desconforto. O pânico começou a se formar em sua garganta, cada batida de seu coração aumentando a dor, e o terror de não saber onde estava o paralisou por um breve momento.

ㅡ Bom dia, princesa ㅡ uma voz rouca e zombeteira ressoou atrás dele, carregada de ironia e maldade.

ㅡ Qui est là?! ㅡ ele gritou, desesperado por não conseguir ver o ambiente ao seu redor, o coração acelerado pelo medo. Seus olhos estavam completamente vendados por um tecido áspero, aumentando ainda mais sua sensação de vulnerabilidade.

(Tradução: "Quem está aí?!")

ㅡ Ihh... ㅡ a voz riu de forma debochada. ㅡ Não entendi porra nenhuma ㅡ respondeu, claramente se divertindo com o desespero dele.

A risada ecoou pelo espaço, "divertida" e cheia de sadismo, fazendo o sangue dele gelar.

ㅡ Laissez-moi partir! ㅡ ele implorou, a voz carregada de desespero, quase se engasgando com as palavras.

(Tradução: "Me solta!")

ㅡ Tá nervosinho, é? ㅡ respondeu a voz, completamente imune ao desespero dele, quase se alimentando do medo na sua voz. ㅡ A diversão ainda nem começou.

O homem, ainda tomado pelo desespero, tentou acessar suas últimas lembranças, buscando entender como havia acabado naquela situação. Ele se lembrou de estar perseguindo sua mais recente vítima: uma jovem de cabelos loiros e ondulados que caminhava distraída pelas ruas. Tudo parecia estar indo conforme o planejado, até que um outro jovem apareceu de repente, frustrando seus planos sórdidos.

Aquele fracasso ainda o irritava, mas ele já havia aceitado a derrota naquele fim de tarde. Não havia conseguido o que queria e, resignado, decidiu recuar. Mas então, como foi que terminou ali, amarrado e vulnerável, sem poder enxergar nada ao seu redor?

A confusão misturava-se com o medo crescente que tomava conta dele. Tentava juntar as peças, mas a dor latejante em sua cabeça tornava o processo quase impossível. Ele precisava entender o que havia acontecido, como havia passado de predador a presa.

ㅡ Je... je n'ai rien fait ㅡ balbuciou, a voz vacilante, uma tentativa patética de argumentar com o desconhecido.

(Tradução: "Eu... eu não fiz nada.")

ㅡ Cala a boca, seu merda ㅡ a voz zombeteira se aproximou, e ele sentiu o bafo quente próximo à sua orelha. ㅡ Não entendo porra nenhuma.

O homem amarrado se desesperou, sem entender o que o desconhecido dizia, mas algo em seu interior sabia que não eram palavras amigáveis. O tom debochado e a risada cruel ecoavam em sua mente como um aviso sombrio. Sua respiração ficou ofegante, o peito subindo e descendo rapidamente, enquanto ele lutava para controlar o medo crescente. Sentia o suor frio escorrendo pela testa, misturando-se ao líquido que já se acumulava em sua nuca. Cada segundo aumentava sua sensação de impotência, e o terror de não saber o que viria a seguir o consumia.

ㅡ Minha mãe tinha razão quando me fazia ir nas aulinhas de francês ㅡ murmurou o desconhecido casualmente se afastando um pouco, enquanto o som de teclas de celular ecoava no ambiente. ㅡ Pena que eu sempre fui... levado ㅡ completou com uma risada, o som carregado de ironia.

Minha tormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora