A agitação dominava os corredores da grande escola, cujas janelas límpidas refletiam a luz do dia, e as paredes claras criavam um ambiente acolhedor. O ginásio e o pátio estavam tomados por diversas barracas: algumas de exposição de arte e artesanato, outras narravam eventos históricos da cidade, enquanto muitas ofereciam bebidas e comidas variadas.
Cada barraca recebia um avaliador disfarçado de visitante, cuja missão era avaliar o desempenho dos grupos. Com o grupo de Kate não foi diferente. Vini havia saído por um momento, mas deixou lanches prontos, acondicionados em sacolas de papel kraft para facilitar a distribuição.
ㅡ Bonjour ㅡ cumprimentou o avaliador de cabelos platinados (Tradução: Bom dia).
Kate estava de costas, mas ao ouvir a saudação, virou-se rapidamente. Seus olhos se arregalaram instantaneamente, e ela sentiu sua garganta secar. Foi como se todo o seu corpo fizesse um esforço tremendo apenas para se manter de pé. Até a cor dos olhos do homem a fazia reviver seu pior pesadelo...
Percebendo a paralisia súbita de Kate, Penny a empurrou discretamente para o lado, assumindo seu lugar na barraca. Ela respondeu ao cumprimento do avaliador, que não entendeu a estranha reação da jovem loira.
Penny, apesar de sua timidez, esforçou-se ao máximo para atender o homem da melhor maneira possível, tentando aliviar o impacto da cena inesperada. Ao mesmo tempo, Peter observava os olhos verdes de Kate, completamente nublados pela confusão, e sentiu-se inquieto. Preocupado, aproximou-se dela, tentando descobrir o que tinha acontecido.
Antes que ele pudesse dizer algo, Kate saiu da barraca rapidamente, sentindo seu coração bater de forma descompassada. Enquanto caminhava com passos largos, sua mente gritava em desespero, tentando convencer seu coração angustiado de que aquele homem era apenas parecido com Edgar ㅡ ele não é o assassino da sua mãe.
Absorvida pelo pânico, Kate não percebeu que estava prestes a colidir com alguém até que, de repente, seu corpo se chocou contra outro, ligeiramente mais alto. Ela recuou um pouco, e seus olhos encontraram os de um homem de pele bronzeada e olhos escuros, que perguntou:
ㅡ Está tudo bem, senhorita? ㅡ O forte sotaque espanhol ecoou nos ouvidos de Kate.
Sem responder, Kate desviou o olhar, voltando a caminhar sem rumo, sem saber para onde ir.
Enquanto isso, Peter ficava cada vez mais inquieto com a ausência de Kate. Penny, com um leve sorriso nos lábios, se aproximou e disse:
ㅡ Pode ir ver como está sua princesa, eu cuido da barraca.
Peter arqueou uma sobrancelha e virou-se, encarando sua irmã com uma expressão confusa ao ouvir "sua princesa". Penny riu discretamente com a reação dele.
ㅡ Ela não é "minha" ㅡ disse ele, com a voz ligeiramente ríspida.
ㅡ Então admite que ela é uma princesa ㅡ brincou Penny, enquanto Peter sentia suas bochechas arderem ao lembrar do jeito confiante e quase majestoso com que Kate caminhava.
ㅡ Para com isso ㅡ murmurou ele, desviando o olhar, com a voz falhando levemente.
ㅡ Vai logo ver como ela tá ㅡ a voz de Penny saiu quase como uma ordem.
Peter ergueu o olhar, levemente irritado com o tom da irmã, e disse:
ㅡ Vou porque eu quero ㅡ resmungou, afastando-se.
Sabendo o lugar favorito de Kate na escola, Peter se dirigiu à biblioteca. Usou seu cartão de estudante para passar pela porta com trava. Ao entrar, foi recebido por fileiras de estantes de livros, e ele escolheu o corredor onde ficavam os livros de terror. Não precisou andar muito para encontrar Kate, encolhida no meio do corredor.

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Minha tormenta
Misteri / ThrillerAtormentada todos os dias de sua existência pela lembrança do sangue derramado que levou sua mãe embora, Katherine vive à beira do abismo - entre o que foi destruído e o pouco que lhe resta. Carrega nos ombros uma culpa que não escolheu e no peito c...