Capítulo 21 • Vinte e um dias

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     Loki passou exatamente vinte e um dias fora de Midgard

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     Loki passou exatamente vinte e um dias fora de Midgard.

     Eu experimentei vinte e um dias de isolamento e solidão. Vinte e um dias falando comigo mesma. Vinte e um dias de mim e mim mesma contra mim e minha consciência.

     Foram vinte e um dias no meio daquele fim de mundo, apenas na companhia das outras casas vazias ao lado da que eu estava confortavelmente hospedada. Talvez a forma de vida mais próxima de mim eram os peixes que nadavam no mar, logo abaixo da falésia.

     Fiquei vinte e um dias com meu subconsciente me pregando peças, me fazendo pensar e refletir, me fazendo chegar no limite da sanidade, me fazendo trazer à tona coisas enterradas há muito tempo e que eu não gostaria de relembrar, mas que, de repente, estavam me assombrando, bem como eu temia que fosse acontecer.

     Nesses vinte e um dias, me obriguei a descobrir uma realidade completamente distante da que eu estava acostumada, a realidade que eu sempre sonhei, mas que percebi que não era pra mim. A solidão não era pra mim, definitivamente. Talvez a parte mais difícil tenha sido perguntar e não ouvir uma resposta, falar e não ser retrucada, fazer piada e não ouvir uma risada. A falta de uma segunda voz era insuportável, o desejo por ela era angustiante. Sempre conversei comigo mesma, sempre falei sozinha, as vezes até com os espelhos, mas falar sozinha por dias e dias a fio... Não, nunca. E não, não gostei.

     O silêncio só não era tão estarrecedor porque meus ouvidos eram deliciosamente preenchidos pelo barulho das ondas batendo nas pedras, o que conseguia ser relaxante e desesperador ao mesmo tempo. Bom, nessas horas o fone de ouvido me salvava. Talvez eu tenha passado tanto tempo com os fones de ouvido que quando tirei comecei a ouvir um zumbido contínuo por horas.

     Passei dias inteiros deitada no sofá, olhando para o teto, ouvindo música e falando com as paredes. Dias fazendo milhares de receitas que peguei na internet enquanto assistia série. Dias lendo freneticamente o livro sobre a genealogia asgardiana. Também teve um dia onde eu simplesmente fiquei sentada no limite da falésia, com meu bumbum sentindo a dureza da pedra, meus pés balançando no ritmo do vento, meu nariz sentindo o cheirinho de maresia e a brisa marítima frisando todo o meu cabelo e deixando ele com cheiro de água salgada. Nesse dia em questão, fiquei imaginando a reação de Loki em me encontrar ali, correndo risco de despencar daquela altura e rachar meu crânio nas pedras...

     É, eu estava na beira do penhasco e, pela primeira vez, não pensei em nenhuma ideia que envolvesse me jogar de lá. Eu até olhava para baixo, mas a imagem de uma certa pessoa vinha à minha mente e eu me lembrava que aquilo não passava de uma ideia estúpida e que as coisas não poderiam acabar assim pra mim, de um jeito tão trágico e horrível.

     Bom, Loki ficou vinte e um dias fora da Terra, mas eu não fazia a menor ideia das coisas que ele andou fazendo durante esse tempo. Claro, eu sabia que ele estava em busca de soluções para os seus problemas com Asgard, Odin e afins, mas o que poderia ser? Não fazia ideia.

FLAMA VERDE QUE ARDE | LokiOnde histórias criam vida. Descubra agora