CAPÍTULO 26: POR ACASO ISSO É UM ENCONTRO DUPLO?

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Na tarde daquela quinta-feira, depois da escola, Dennis Carter se apressava para chegar até Sunsville, atravessando o denso bosque que dava de cara com o parquinho cheio de brinquedos. Ele já era familiarizado com todas as trilhas e atalhos porque ele faz suas corridas praticamente todos os dias há 10 anos. Sem contar que os bosques eram o seu refúgio quando criança, tentando buscar uma certa paz longe da escola e do seu pai em casa.

Chegando no playground do parque, havia o clássico balanço de ferro meio enferrujado por estar lá há bastante tempo, bem antes de Dennis nascer, assim como a gangorra, o escorregador, a casinha de madeira, o muro de pedra feito pra escalar, os cavalinhos de madeira que balançavam com o vento e o gira-gira. As folhas secas formavam pilhas e a brisa fresca de outono fazia cócegas no rosto de Dennis que tinha um tom dourado.

Era dia 3. Finalmente. Ele abriu um sorriso e pôs o capuz de seu moletom da Adidas e percorreu com ansiedade, como sempre, à enorme árvore perto do gira-gira. Mas aí o sorriso se desfez quando percebeu que a caixa não estava lá. Aquela linda e maravilhosa caixa de madeira com bonequinhos praticando atletismo. Dennis caminhou ao redor da árvore com os olhos atentos e nada. O que será que tinha acontecido?

— Aí está você.

Dennis deu um pulo e olhou para trás, passando a mão pelos seus cachinhos louro-escuro. Julian estava encostado no muro de pedra com um olhar confuso. Ele devia ter saído da escola há pouco tempo também, pois ainda estava vestindo sua blusa branca e o casaco claro sem mangas. E usava a tipoia no braço por causa da fratura que teve quando uns homens o bateram no parque e um curativo na testa.

— Oi... — disse Dennis aliviado, tentando deixar o pensamento que teve sobre a pessoa da van por um segundo evaporar.

Julian se aproximou.

— O que está fazendo aqui? Parece que está procurando alguma coisa.

Dennis coçou a nuca. Ele nunca havia contado aquilo pra ninguém além de Katherine.

— Bem, é uma história um pouco longa. — Ele andou lentamente até o gira-gira e sentou. — Há três anos e meio, eu estava correndo por aqui depois da escola como sempre faço e tropecei em algo. Era uma caixa e tinha meu nome gravado nela. Dentro havia um bilhete dizendo Espero que isso possa te dar um pouco de conforto junto com uma lista de qualidades minhas. E na época eu estava passando por algumas coisas na escola por conta de Dylan e também em casa por causa do meu pai. Desde então, todo mês eu recebo esses presentinhos e percebi que é sempre no dia 3. Mas nunca soube quem é e por que faz isso.

Quando Dennis acabou de falar, ficou um silêncio e ele levantou a cabeça. Julian estava bem na sua frente, se sentando no gira-gira também.

— Era isso que você estava procurando? — Julian tirou uma das mãos das costas, a que não estava com a tipoia, e ergueu uma caixa. A mesma caixa que Dennis conhecia muito bem.

Com os olhos arregalados, Dennis pegou a caixa e a examinou, em seguida encarou Julian de boca aberta.

— Você...?

Julian expressava um sorrisinho doce e reconfortante. Todo esse tempo Dennis querendo saber o motivo disso e ainda precisava saber. Ele pensava que nunca iria desvendar esse mistério, mas finalmente aconteceria.

Por todo esse tempo, aquilo havia ajudado Dennis e investigou poucas vezes para descobrir quem era a pessoa por trás disso. Descobrir quem se preocupava tanto com ele a ponto de fazer isso para que ficasse bem. E se questionava. Por que o anonimato? Ele ficava com o pé atrás quando pensava na possibilidade de ser Amy.

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