CAPÍTULO 3: O PASSADO DE SUSAN

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Susan estava no jardim de sua casa. Era uma tarde de sábado nebulosa, parecia que ela havia transmitido isso para o tempo.

Estava pensando em tudo que aconteceu naquela noite e de como ela lidaria com mais uma morte em sua vida. Ainda mais de uma pessoa tão especial que era Katherine.

Não sabia mesmo se iria naquele funeral. Ela já estava pronta para ir e seus tios também, mas não queria suportar ver as pessoas que fingiriam em se importar com a morte de sua amiga. River Valley era uma cidadezinha pequena e pacata, mas era totalmente falsa.

Mas por outro lado, queria se despedir de sua especial amiga, ela iria adorar ver Susan pela última vez também. Katherine era como uma luz para ela, a ajudou a superar o que lhe aconteceu.

Susan é uma garota intensamente tímida, introvertida e não tem amigos. Ela sofreu um terrível acontecimento e provavelmente por isso que ela seja assim.

Aos doze anos, ela era o oposto do que é atualmente. Ela vivia uma vida feliz, com seus pais a mimando e amando. Sua mãe, Clara, era linda e Susan a admirava muito.

Em uma noite, ela queria surpreender seus pais com um jantar, porque era o aniversário de sua mãe. Depois de preparar tudo, acendeu uma vela em cima da mesa de jantar e foi para a sala de estar esperar seus pais voltarem do trabalho, pois faltava muito pouco.

Susan viu sua mãe entrar na casa com um sorriso que era encantador. Clara disse que seu pai ainda estava no trabalho resolvendo algumas coisas.

Naquele instante, sentiram cheiro de fumaça, vindo da sala de jantar. Susan e Clara correram para lá e viram aquele cômodo já todo coberto pelas chamas. Rapidamente o fogo se espalhou pela casa toda e as duas estavam procurando uma maneira de fugir daquele inferno.

Clara rapidamente abraçou sua filha e correram por toda a casa até chegar em uma das portas dos fundos. Susan quase caiu quando alcançou o jardim, mas não via sua mãe.

Havia várias pessoas do lado de fora, olhando desesperadamente a casa toda em chamas. Susan não aguentava esperar por sua mãe e se aproximou da casa. Ela viu pela janela Clara caída no chão da sala. Havia muita fumaça e Susan gritava e chorava para salvarem sua mãe.

Mas ninguém podia se arriscar, o fogo já estava em todos os cantos da casa. Alguns moradores traziam baldes de água enquanto os bombeiros estavam a caminho, mas parecia inútil.

Algumas pessoas seguravam Susan, porque ela queria salvar a pessoa mais importante da sua vida. Nesse instante, seu pai havia chegado e viu aquela cena desesperadora. Ele olhou para sua filha e procurou por Clara, mas Susan estava tão inquieta, gritava e chorava tanto que ele soube que sua mulher ainda estava na casa.

Depois de tudo isso acontecer, o pai de Susan não queria recomeçar sua vida em River Valley. Queria ir para outro lugar, sozinho. Ele deixou Susan com sua tia, que era irmã de Clara.

Susan não conseguia nunca mais esquecer aquela cena, às vezes tinha pesadelos com o fogo. Ela se culpava pela morte de sua mãe, porque foi a culpada pelo incêndio. Aquela maldita vela.

Ela nunca mais foi a mesma. Não conseguia ficar em paz consigo mesma. Sentia que seu pai também a culpava pela morte de Clara, porque ele era distante e ausente.

No funeral de sua mãe, conheceu Katherine. Sua percepção do mundo mudou novamente. Katherine falava que entendia a dor dela, já que perdeu seu irmão aos onze anos.

Em pouco tempo elas viraram muito amigas. Katherine a ajudava em superar a dor e a culpa pelo que aconteceu. Susan amava estar com ela, ria muito mais na presença dela.

Agora, tudo acabou. Ia ter que saber lidar com mais uma morte.

Mas pensando bem, qual era a conexão de Katherine com aqueles outros quatro amigos dela? Nunca havia falado deles antes.

Sua tia e seu tio, Jane e Jim, foram até o jardim, onde Susan estava.

- Susan? Você não vai? Estamos atrasados. - falou Jane preocupada.

- Não sei, tia. - respondeu Susan, olhando para baixo.

- Como assim, não sabe? - Jim falou em seguida. - É o funeral de sua melhor amiga.

- Eu sei, só que não sei mais como suportar um funeral. Quando várias pessoas vão até você e desejam seus pêsames que não é sincero.

- Ah, querida. - Jane sentou perto dela. - Eu sei o que passou com a morte de Clara, foi um sofrimento para todos nós. Mas faça isso por Katherine, por tudo o que ela já fez por você.

- Sua tia tem razão. Você não vai querer perder isso só por causa de gente hipócrita. - Jim pegou a mão de Susan.

- Claro! No que eu estava pensando? - Susan ficou de pé e enxugou as lágrimas. - Vocês podem me esperar no carro? Esqueci uma coisa.

Seus tios assentiram.

Susan seguiu para dentro de casa e foi até seu quarto. Estava querendo o colar que Katherine lhe deu. Queria sentir ela por perto.

- Ora... ora... - Clarissa, a prima de Susan, estava parada na porta, em uma pose ameaçadora. Estava segurando o colar de Susan.

- Você achou! Estava procurando. - Susan foi na direção de Clarissa e levantou a mão para pegar o colar. Clarissa fechou o colar em sua mão e a colocou para trás. - O que foi?

- Você é tão burra assim? - Clarissa deu uma gargalhada. - Esse colar é muito bonito, eu poderia ficar com ele. Mas, bom, quero uma coisa.

- Como assim? - Susan se afastou.

- Argg. - Clarissa revirou os olhos. - Quero que você deixe meus pais em paz e... que faça todos os meus trabalhos escolares.

- Como assim deixar seus pais em paz?

- Eu vi como eles estavam falando com você no jardim. Mais uma vez se fazendo de vítima, querida? - Clarissa fez uma cara de culpada, com uma voz sarcástica. - Você fugiu naquela noite para se encontrar com Katherine e por consequência viu a terrível morte dela. Mas não sofreu nenhum castigo dos meus pais por ter fugido.

- Cala a boca! Você não tem um pingo de sensibilidade. E não me faço de vítima. Você pode me dar logo o colar? Estou atrasada para o funeral.

- Você pode ir para o funeral se você fizer o que eu quiser. - Clarissa estava sorrindo maliciosamente, mas ao mesmo tempo, tinha um semblante triste.

- Tá, tá. - Susan falou rápido e sem paciência. - Me entrega logo, eu tenho que ir.

Clarissa esticou o braço para entregar o colar e quando Susan ia pegar, sua prima derrubou no chão de propósito.

- Oopss... Deixei cair.

Susan a olhou com ódio, mas não tinha tempo para falar nada. Poderiam estranhar por ela aceitar fazer tudo o que Clarissa iria pedir por um simples colar. Mas ela sabia o quanto significava.

Agora o que Susan mais queria saber, era descobrir quem assassinou Katherine. E poderia conseguir viver, pelo mínimo que seja, em paz. Iria agradecer fazendo justiça por ela.

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