CAPÍTULO 6: A NOVA VIDA DE THOMAS

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Thomas estava se sentindo muito estranho e constrangido. Estava sentado em um dos pequenos sofás de uma sala da igreja de River Valley.

A sala não era grande, mas também não era pequena. Ficava atrás do altar da igreja e era muito elegante. Havia imagens de santos e anjos em uma prateleira, quadros religiosos e uma cruz no alto da porta.

Ele estava aguardando a sra. e o sr. Castello junto dos outros amigos de sua amiga Katherine. Há apenas alguns minutos, Dennis, Bella, Susan e Andy foram até ele, enquanto estava sentado no enorme banco em frente ao altar, e disseram que os Castello queriam conversar com eles. Então, seguiram até a sala onde estavam.

Era muito estranho ter as pessoas que teve um contato íntimo apenas em uma noite horrível. Enquanto esperavam a polícia chegar, estavam só amontoados e chorando em silêncio.

Agora estavam ali, naquela sala. Sem saber o que iria acontecer daqui pra frente.

Tudo seria esquisito sem Katherine. Até porque era sua única amiga. Ninguém na tradicional e perfeita River Valley iria querer ser amigo de um garoto de fora, estranhamente inteligente, gótico, adotado por um casal gay.

Antes de ser adotado, ele não tinha nenhuma noção de como era ser uma criança normal. Sua mãe era a pessoa mais desprezível que já conhecera.

Ele vivia na cidade de Nova Iorque, morava em uma espelunca. Não ia para a escola, em vez disso, saía pela rua em busca de comida para saciar a fome da mãe. Quando não voltava com nada, ela o maltratava e dizia que iria o abandonar se continuasse não trazendo nada pra casa. E isso quando ele tinha somente oito anos.

Ele não acreditava que ela era capaz de lhe abandonar. Ela era mãe, não era? Não poderia odiar tanto um filho.

Enquanto revirava em lixos, dia após dia, sempre encontrava livros. A maioria eram educativos e às vezes escapava do seu dever de roubar dinheiro e comida para ir até a pequena escola do bairro.

Havia uma linda professora lá, que se comovia com ele e lhe ensinava. Mas Thomas não contava como era sua vida. Ele era muito inteligente e aos poucos foi ficando cada vez mais adiantado das crianças da sua idade.

Ao descobrir que o filho iria estudar ao invés de roubar sua comida, a mãe o proibiu de ir até a escola e desde então, iria roubar com ele. Mas era Thomas que fazia o trabalho sujo. Quando completou dez anos, a mãe não queria mais aquele garoto a irritando. E chegou o pior dia de Thomas. Sua mãe disse que iriam roubar em um lugar diferente e então o levou para um lugar bem afastado, onde Thomas não reconhecia e o abandonou em um lixão, cheio de caminhões de lixo, caçambas e fumaça, com outros mendigos.

Era uma sensação muito ruim, ser indesejado. E ainda abandonado. Ele andava pelas ruas sujo, sem rumo e faminto. Até que a professora da escola onde ele frequentava, o viu dormindo na calçada. Ele contou toda a sua história, da qual ele não tinha dito antes.

Ela ficou com ele por um tempo, mas depois o levou a um orfanato. Era agradável lá, melhor que o barracão, obviamente. Mas mesmo que a professora o visitasse todos os dias, ainda se sentia solitário.

Quando um milagre lhe aconteceu. Um casal queria adotar uma criança, não importava qual. Para um pouco de sua surpresa, era uma casal de homens. Mas claro que não se importava. Eles eram maravilhosos, super atenciosos. Diferentemente da mulher que o criou.

E mais uma surpresa, a sua professora era irmã de um de seus novos pais. Sim! Ele foi adotado, prestes a fazer onze anos. E ainda ganhou uma tia, que justamente era a pessoa que o salvou e que tinha muita gratidão.

Com seus pais, John e Robert, decidiram se mudar para uma cidadezinha em Vermont, River Valley, onde Robert havia morado grande parte da sua vida. Seus pais eram muito prestativos e cuidadosos. No começo foi um pouco estranho ser mimado e amado, porque em toda a sua vida não sabia o que era sentir isso. Eles eram sufocantes, mas num bom sentido.

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