Os raios de sol invadiam timidamente pelas persianas do quarto de Susan no Bright Wings Hospital. Dennis checou o relógio de parede com um formato de bússola. 6h03.
Nenhum deles havia dormido. Deixaram Susan no hospital e foram avisados para irem para casa até porque ainda estavam fantasiados e sujos. Dennis tentou descansar, mas era obviamente impossível. Aparentemente aconteceu o mesmo com todos e assim que o galo cantou, voltaram para o hospital.
Para Dennis aquela noite havia sido interminável, como se algum tipo de força impedisse que acabasse. Exatamente como na noite em que Kath morreu. Ainda era muito recente e fresco, então todos os acontecimentos de Amy e tudo mais davam voltas e voltas na sua cabeça como um carrossel enjoativo. Sua cabeça estralava a cada segundo e presumia que poderia vomitar a qualquer momento.
— Nem quero lembrar do susto que tomamos. Eu e Jim estávamos tão aflitos — a tia de Susan murmurava segurando a mão da sobrinha.
— Não se preocupe mais com isso. Já expliquei que no fim da tarde fui fazer um piquenique na floresta com eles. Quando fui caminhando para casa, sem querer caí em uma pedreira e fiquei inconsciente por um instante. Na hora que acordei não conseguia mover minha perna e tudo doía.
Bella assentiu.
— Então recebemos a mensagem de Clarissa. Achamos estranho e fomos para a floresta para ver se ela ainda estava por lá. Nós a encontramos machucada perto da cachoeira e a trouxemos direto para o hospital.
Andy gesticulou com as mãos no ar, o abanando.
— Sim, acredite. Foi uma busca muito intensa e cansativa — Ele arregalou os olhos, como se tivesse dito algo que não devia. — Mas não tanto assim, saca? Não que a gente tenha quase saído da cidade para um lugar totalmente isolado, porque definitivamente não foi o que aconteceu...
Thomas acertou seu estômago com o cotovelo e o censurou sem mexer os lábios:
— Calado!
Dennis tomou a frente, se pondo ao lado da cama de Susan que tinha a perna enfaixada.
— O que importa é que Susan está aqui agora, sã e salva.
A sra. Cannon sorriu, aliviada, mexendo em seu cabelo crespo curto como se fosse um tipo de toc.
— Obrigada, querido. Susan me contou que se não fosse por você, a perna dela estaria bem pior.
Dennis corou, gratificado.
Eles arrumaram uma desculpa perfeita que se encaixasse em todas as pontas soltas, as interligando para que não houvesse brechas ou contradições. Não podiam correr o risco de contar toda a verdade, muita coisa estava em jogo. A vida de Amy, principalmente.
— Por favor, agora leve o seu celular para onde for para que uma coisa dessas não volte a acontecer. Nunca mais — Ela continuou e Susan balançou a cabeça, contraindo o rosto para que seu desconforto não ficasse tão aparente. — E ainda por cima outra garota da sua idade desapareceu por volta do mesmo horário que você. A mãe ligou hoje cedo para o jornal implorando para que nós noticiemos. Eu vou me encarregar para que esse caso seja de primeira página porque eu sei o desespero que ela está sentindo no momento.
Dennis espichou as orelhas e olhou para os outros. A garota deveria ser Amy. Eles trocaram olhares tensos e Bella deu um sinal silencioso para que eles não dessem tão na cara.
Houve uma batida leve na porta e um médico alto com um nariz adunco colocou a cabeça para dentro do quarto.
— Com licença. Sra. Cannon? Podemos acertar aquelas burocracias?
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Os Cinco Cês
Mystery / ThrillerSe você passasse o olhar superficialmente pela cidadezinha bucólica e pitoresca, River Valley, apreciaria a beleza natural e o clima acolhedor. Mas se você se aprofundasse, veria que nada é o que parece ser. Pessoas que desapareceram sem deixar nenh...