Capítulo 20

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Vincent

Desço as escadas depois de falar com a minha mãe, Natacha avisou que pediu comida porque não estava com cabeça para cozinhar, ela está estranha.

— O que está fazendo com essa arma? — pergunto quando a encontro na cozinha, Lohan estava na sala no balanço assistindo desenho na televisão.

— Estou recarregando, precisei usá-la hoje mais cedo — responde, e a guarda no coldre.

— Usou contra quem?

— Contra o Gregory e a Elaine, eles apareceram. Quando passei em casa no meu horário de almoço estavam aqui e amarraram a dona Ingrid e a Raquel, só não atirei porque Elaine estava com Lohan no colo, e o ameaçou jogá-lo da escada. Foi horrível ver o nosso filho nos braços daquela mulher, me senti incapaz, fiquei com medo dela fazer mal à ele! — passou a mão no rosto.

— Por que você não me ligou? — a abraço, tentando acalma-la.

— Quando ela deixou Lohan no chão, corri atrás deles e consegui atirar, mas só acertei um tiro no pneu no carro, e liguei para Beatrice para prestarmos depoimento.

— Meu Deus, amor! Não consigo imaginar como deve ter sido esse momento! Eles vão conseguir prende-los?

— Não sei, mas vou torcer para que consigam — respirou fundo.

Eu convivi com essa pessoa por anos e não percebi nada de errado? Depois de encontrá-lo na Mansion ele voltou todo arrependido e eu acreditei que tinha mudado! Qual o meu problema? Eu sou um idiota por ter confiado nele.

— Um beijo pelo seus pensamentos — minha esposa me olha enquanto se senta ao meu lado na cama, pronta para dormir.

— Meus pensamentos estão uma confusão só — suspiro.

— Quer conversar?

— Me sinto enganado e um besta por não ter percebido nada de errado durante tantos anos, sabe? Gregory nunca foi um pai amoroso e nem próximo, mas eu nunca imaginei que ele pudesse ser capaz de ajudar uma pessoa a trocar os bebês no hospital e tudo isso por dinheiro. Será que ele maltratou a minha mãe? Bateu nela? Por que a Hilary não gosta dele? Ela já sabia que eu posso ser filho de outras pessoas? — eu me questiono e olho para Natacha, mas assim que encaro suas íris escuras já imagino que ela sabe de alguma coisa.

— Eu não sei sobre as questões com a dona Ingrid, e da Hilary eu não posso dizer, é um assunto dela e eu prefiro que você fale com a sua prima — murmura.

— É muito sério, amor? — engulo em seco e ela apenas assente, se deitando na cama.

Me deito também e lhe dou um beijo de boa noite, antes de puxa-la para os meus braços. Quão grave pode ser o motivo do ódio que Hilary tem do Gregory? Que mal ele fez à ela? Amanhã vou procurá-la para conversar um pouco e tentar saber mais sobre esse assunto.

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Senhor Clair me ligou poucos minutos depois que eu acordei avisando que conseguiu um horário para fazer nosso exame de DNA hoje e pelo seu tom de voz pareceria estar ansioso. Ontem fiquei um pouco surpreso quando me pediu um abraço, não tenho o costume de abraçar as pessoas que não conheço, mas como ele pode ser meu pai não consegui negar. E Madame... Ela pode ser a minha mãe biológica e convivemos há tantos anos, sempre jantamos com ela e o doutor Carter, minha esposa a ama como uma figura materna, da mesma forma é o seu relacionamento com a Rose, uma moça que cuidou dela e da irmã no orfanato.

— Raquel — mamãe abre um sorriso assim que ela aparece na nossa cozinha, Natacha estava ao seu lado e provavelmente foi quem abriu a porta.

— Como vai, dona Ingrid? — sorriu enquanto a abraçava.

Vidas Cruzadas | Spin-off Trilogia AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora