Vigésimo Capítulo: Bianca

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Eu não deveria interferir! Foram as palavras de Priscila quando Nathan deixou escapar o assunto, nesse caso eu era a única que desconhecia o problema. Tomada pela raiva quis ir atrás dele, o que eu diria? Por que Guilherme não confiou em mim? Desde quando essas dificuldades iniciaram, pois eu não havia visto ninguém ansioso em Leotie, nem Gislene dissera algo no último domingo.

Levantei-me do sofá, eu necessitava agir com tranquilidade, somente assim eu poderia balancear seus motivos, além de Priscila e Nathan estarem apreensivos na sala. O que eu esperava? Plena confiança só porque estamos juntos algumas semanas? Era importante compreendê-lo também e culpar seu orgulho.

Sim, agora tinha sentido seus momentos de reflexão. Culpei-me por monopolizar sua atenção, porém com a revelação fui tomada pela nostalgia. Guilherme parecia tão interessado em minha tese.

Nós riamos enquanto culpava minha obsessão na monografia.

E ele sendo aterrorizado com a possiblidade de perder a fazenda.

Eu contava os dias para ter em mãos meu diploma, buscava preencher minha mente e ignorar aquele medo inconsequente sobre nós. Contudo, Guilherme era um idiota por acreditar que eu nunca desconfiaria de nada, especialmente com seu amigo decidido a tomar conta do meu sofá.

No final encontrava-me dividida entre a compreensão e deslealdade!

— Guilherme só fez um breve comunicado, mas a situação está feia.

Olhei para Nathan, mantendo minha mão na cintura e a outra apoiando o queixo. Eu não queria refugiar-me nos porquês, como também me negava a fechar os olhos.

— E por isso resolveu me excluir? Não se deve negar ajuda, sabia? — Perguntei ainda furiosa.

— Você conhece a peça, Bianca.

Comprimi os lábios, voltando a andar pela sala.

— Tem ideia do valor da dívida? — Para que Guilherme colocasse todos os empregados a par da situação, não era um mero empréstimo errado — Talvez.... Você sabe o lucro com a produção de leite e a venda para frigoríferos?

— É bom, mas há os custos com a manutenção e Guilherme muitas vezes desistiu da compra dos hectares de Conrado. Eu não sei por que o fazendeiro insiste em vendê-las.

Quase implorei para que esquecesse Conrado por segundos.

— Coloque os números nesse bloco — mandei, apontando para o objeto sobre a mesinha — Só assim eu posso pensar em alguma coisa.

— O advogado e o contador já estão trabalhando nisso, Bianca — ele argumentou, mas pegou o bloco de anotações sem pestanejar.

— Anote aí e fica calado, Nathan — pedi com calma.

O silêncio era primordial para que eu encontrasse um fio de esperança. E quando eu achasse, nada seria capaz de me deter, nem Guilherme teria essa capacidade.

— Para que Bianca? — Minha amiga perguntou com o semblante sério, acomodada ao lado de Nathan — Tenho certeza que o advogado irá aconselhar seu namorado da melhor maneira.

Respirei fundo, juntando as mãos:

— Acontece, Pri, que não sou mulher de ficar com os braços cruzados.

Priscila suspirou, balançando a cabeça em total discordância. Se eu tinha a capacidade de destruir um rancho, que dificuldade encontraria de salvar uma fazenda?

— E sabe se Guilherme ficará feliz com sua intromissão?

Dei de ombros, puxando o bloco de Nathan.

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