LUDMILLA
Me sentei na mesma mesa da lanchonete que eu venho frequentando há quase um mês. Era um pouco longe de onde eu costumava almoçar, mas ainda estava dentro dos km que eu poderia percorrer. Era um local aconchegante, calmo, e com ótimos sanduíches e sucos. A mesa que eu ocupava durante esse mês, era no canto, próximo a grande janela de vidro. Uma das razões pela qual eu amava aqui, o vidro, permitia que os clientes vissem a movimentação de Nova York lá fora, mas quem estava lá, não conseguia nos ver.
- Ei, Oliveira, o que vai ser hoje? - Ouvi a voz de uma das garçonetes dali, e sorri, tirando o olhar do cardápio para encarar a loira a minha frente.
- Um sanduíche reuben, com muito chucrute, por favor Bridgit - pedi, sorrindo só de pensar em comer aquilo, o que fez a garota a minha frente rir - E, em vez do queijo suíço, eu quero cheddar hoje, muito cheddar.
- Me diz como você não engorda, Ludmilla - ela disse rindo, o que me fez rir também, negando com a cabeça - E pra beber?
- Hm, uma Coca-Cola - respondi, dando ombros, a vendo assentir.
- Sua amiga vem hoje?
- Ah é, bem lembrado, faz o mesmo pra ela ok? Só que com mais carne e menos chucrute - pedi, e a loira sorriu, concordando com a cabeça e se afastando da mesa.
Enquanto esperava o meu pedido, resolvi fazer o que eu tanto fazia por ali, na hora do almoço, observar o condomínio na frente, mais especificamente, a varanda do sétimo andar. E como sempre, ela estava ali, sentada numa cadeira de descanso, lendo o mesmo livro que estava lendo há uma semana, bebendo algum suco. Desviei o olhar ao ouvir o sino da lanchonete soar, e sorri para minha melhor amiga.
- Hey Lud - Daí me cumprimentou com um beijo na bochecha, se sentando na minha frente em seguida.
- Alguma coisa diferente hoje? - Perguntei, e a vi revirar os olhos.
- Nossa, eu tô bem sim, obrigada por perguntar - ironizou e eu revirei os olho - E não, um mês inteiro, e nada diferente, é sempre a mesma vidinha monótona.
- Isso até ela achar outro alvo - lembrei, suspirando e olhando mais uma vez pela janela.
- O que vai fazer agora? - Daí perguntou e eu suspirei, dando ombros - Já foi um mês, Lud, esse é o tempo, depois, são as ações.
Para saber sobre a vida de alguém, é necessário observar esse alguém. Mas você não pode fazer isso por apenas um dia. Para conhecer cada mania, cada saída, cada gosto, e cada desgosto, é preciso um pouco mais de tempo. Eu e Daí estávamos acostumadas à isso. Nós gastávamos um mês, para nós, isso era o necessário para conhecer alguém, ter um alvo, e saber detalhadamente como roubar aquele alvo. Éramos boas nisso. Mas dessa vez, não iríamos roubar ninguém, dessa vez, era pessoal.
- Eu vou ir lá, eu sei que preciso - murmurei, para em seguida sorrir agradecida a garçonete que deixava nossos pedidos na mesa - Sem falar que eu adoro a comida daqui, mas sinto falta dos meus tacos.
- Caramba Ludmilla, tu só pensa na comida? - perguntou meio debochada, começando a comer, e eu ri dando ombros, comendo meu lanche também.
Ouvi meu celular apitar e resmunguei, provavelmente era Brunna, falando sobre algum caso e eu precisaria voltar. Mas, franzi o cenho, ao ver uma mensagem de um outro número.
- Que foi? - questionou, agora em um tom curioso.
- Luane - respondi, confusa - Me dizendo que eu preciso ir lá, ou ligar pra ela, já é a terceira vez, mas eu fui lá no começo do mês.
- Pode ser importante - deu ombros - E se aconteceu algo com o Yuri!?
- Não, eu já disse a Luane, se for relacionado ao Yuri, ela me liga e eu vou - respondi, negando com a cabeça - Eu falei pra ela que não posso ficar indo lá, por causa do rastreador.
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Entre a lei e o amor
ActionComo decidir o que é certo sendo que o errado sempre foi o certo. Você seria capaz de mudar por amor? Ludmilla tinha apenas uma escolha.