Entre a lei e o amor

Isabelly

Ludmilla Oliveira

Pensamentos on

Escorei meu corpo na parede, tentando respirar fundo para que minha mente se acalmasse e parasse de jogar memórias em mim. Mas ao mesmo tempo, todas as memórias em minha mente me deixavam com raiva, minhas mãos em punho socando minha coxa provando o quão irritada e transtornada eu me encontrava, enquanto momentos que eu achava que eram únicos e importantes tomando minha cabeça.
"— Ok fraudezinha, sou Isabelly — a negra me disse  depois de muita insistência da minha parte, mesmo que eu ainda sentisse dor em meu braço da pancada que ela me deu com sua bolsa."

"— Você quer sair comigo então? — Isabelly disse com um sorriso divertido, achando engraçado minha dificuldade de chamá-la para sair. Mas convenhamos, da última vez que nos vimos eu tentei enganar ela e ela me atacou!"

"— Até que você beija bem, Oliveira. — ela não me deu chances para responder e apenas me beijou novamente"
Fechei os olhos com força, as imagens de quando conheci minha ex namorada, do começo do nosso relacionamento, da porra do nosso primei beijo voltando com força, me deixando levemente enjoada, tentando entender se ela já sabia quem eu era.
"— Eu não vou te ajudar nesses golpezinhos baratos, Ludmilla! Essa não sou eu! — minha namorada gritou, me repreendendo novamente, assim que pedi para ela me ajudar com um trabalho, bufei irritada."
"— Eu amo você, Ludmilla, faço qualquer coisa por você. — ela sussurrou sincera, enquanto eu abraçava seu corpo pequeno, mesmo que ela fosse mais velha.
— Então me ajuda nisso, Isa, por favor, minha irmã estácrescendo e eu não consigo um trabalho direito pra comprar roupas pra ela, Isabelly, é só por isso que faço essas coisas — expliquei em um tom calmo, mesmo não querendo envolver minha namorada nisso, ela poderia ser tão útil.

— Certo, só um golpe, e só porque você precisa disso pra tua irmã! —  disse séria, e eu logo concordei com rapidez, a abraçando ainda mais forte, agradecida."
Era até estranho pensar agora em uma época em que Isabelly não queria cometer golpes e crimes comigo, soava irônico em minha mente.

"— Não seja convencida, Mila, mas é, isso até que pode ser divertido, viver assim. — minha ex namorada disse divertida quando terminamos o trabalho, com alguns bolos de notas de dinheiro."

"— Lud&Isa pra sempre, hm? Só nós duas, sem se preocupar com mais ninguém. — sorri com as palavras de dela, enquanto estávamos na cama, e olhando nos olhos castanhos dela eu sabia que ela me amava. "

Meu peito se apertava ao pensar que tudo aquilo poderia não ter sido real.
"— Ludmilla eu não vou te deixar sozinha! Não, não posso! Não vou fugir e te deixar. — ela disse desesperada, enquanto o barulho das sirenes invadiam meus ouvidos.

— Eu não estou pedindo, Isa você vai embora, ok? Eu preciso de você do lado de fora — falei, tentando o mais rápido possível sair dali, mesmo que eu soubesse que minhas chances eram baixas, muito baixas.

— Estamos juntas nessa, Mila, lembra? Nós duas! Não posso te deixar levar a culpa sozinha — Isabelly murmurou, e eu ouvia ela se mexendo na van, encarei a janela, soltando um suspiro ao ver que eu estava cercada.
— Eu preciso que cuide dos meus irmãos ok? Use o que temos guardado, não tente me salvar , Amor, eu preciso de você, eu te amo — sussurrei, sentindo o aperto em meu peito ao ouvir um choro baixo do outro lado — Tá tudo bem, minha linda, eu vou ficar bem — garanti, aceitando a derrota ao enxergar agente Gonçalvel liderando alguns outros agentes para dentro do museu.

— Eu amo você — ela  sussurrou e eu deixei um sorriso escapar enquanto tirava o fone do ouvido e jogava no chão, pisando no mesmo."
Respirei fundo, o dia em que eu acreditei que ela realmente não queria me deixar sozinha, as lembranças do que Isabelly era para mim voltando com tanta força, se misturando com a mulher que eu não conhecia e que me fez ser presa, que apontou uma arma em meu peito. Eu nunca a conheci.
Ela sabia? Será que sabia?
Será que sempre soube?