BRUNNA
Suspirei, me remexendo na cama, tentando não me importar com o barulho que vinha do andar de baixo. Eu conseguia ouvir as vozes de Rachel e Mônica, personagens da série de TV favorita de Ludmilla, "Friends", também escutava as risadas dela e de Ju, as duas faziam uma maratona, na minha sala. Mas eu não podia reclamar, havia dado o dia de folga para Ludmilla hoje, ela merecia até, afinal, desvendou o crime, e ainda foi feita refém pela ex namorada. Só, que Ludmilla não era uma vítima comum, pessoas normais ao serem feitas reféns, choram, imploram pela vida, ficam traumatizadas. Ela não chorou, nem pediu para Isabelly não fazer nada, mas ao mesmo tempo ela estava assustada, como se aquilo a fizesse se lembrar de algo e a deixasse em um estado de choque. Ela não comeu quando chegou em casa, e pela luz e som que saía da casa dela, também não havia dormido noite passada. E quando apareceu aqui pela manhã, não falou nada, até eu dizer que ela poderia ficar em casa, e então Ju sugeriu a maratona.
Com Ludmilla aqui, eu também resolvi permanecer em casa, só não na sala, não precisava de mais confusões em minha mente.
Principalmente depois de ontem, ver Lud, com uma arma apontada em sua direção, não foi nada bom, eu realmente me assustei. E uma agente do FBI em ação, nunca pode ficar assustada.Resolvi me levantar da cama, precisava de um banho, já passavam das 11 horas da manhã, e eu precisava fazer um almoço decente. Gostava de passar um dia qualquer da semana em casa, somente com uma calça de moletom, regata e meias nos pés, e um coque na cabeça, tão mais confortável.
— Vocês não ficam surdas!? — perguntei um pouco divertida, passando pela sala, vendo Ludmilla e Juliana rindo e a TV quase no máximo.— Oi!? — Ju perguntou confusa, colocando pause na TV e me encarando.
— Isso responde minha pergunta — murmurei risonha para mim mesma, negando com a cabeça — Vou fazer o almoço, algum pedido específico?
— Qualquer coisa que seja massa — Ju respondeu e eu assenti, deixando meu olhar cair sobre Ludmilla.
Os cabelos presos em um rabo de cavalo, a camisa xadrex aberta, revelando a blusa preta que vestia por baixo, a jeans apertada, marcando suas coxas. Mas os olhos meio vagos ao me olhar, um pouco desconfortável e sem jeito, eu não podia a culpar. Nós nos beijamos, e foi bom, incrível e calmo, e eu saí correndo, e ainda a evitei por semanas.— E você, Oliveira? — perguntei, tentando fazer ela se sentir mais a vontade.
Péssima ideia a chamar pelo sobrenome.— Qualquer coisa está bom — respondeu baixo e eu apenas assenti, fazendo meu caminho para a cozinha, e ouvindo a TV novamente.
Tentei deixar os pensamentos sobre Ludmilla de lado, enquanto eu fazia o almoço. Achei uma massa pronta de lasanha e sorri, seria isso mesmo. Comecei a cozinhar sem muita pressa, eu não estava com tanta fome e sabia que aquelas duas haviam comido besteiras durante a manhã. Enquanto preparava a comida, ouvi meu celular tocar e rapidamente o peguei do bolso de trás da minha calça.— Gonçalves
— Por que você não pode ser uma pessoa normal que diz "alô?" — a voz do meu irmão soou do outro lado e eu soltei uma risada baixa — Heey Bru.
— Oi Brun, e só pra constar, você sabe que não sou normal — respondi divertida — Mas então, o que me dá a honra dessa ligação?
— Ha ha ha engraçadinha — ele resmungou e eu ri — Eu estou ligando porque estou com saudades.
— Saudades de mim ou do meu dinheiro? — provoquei e o ouvi bufar, o que me fez rir.— Assim você me ofende, maninha — ele resmungou e eu revirei os olhos — Mas já que tocou no assunto, umas 100 pratas não seria recusada.
— Sabia — revirei os olhos, o ouvindo rir — Tudo bem, transfiro para sua conta, pode ser?
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Entre a lei e o amor
ActionComo decidir o que é certo sendo que o errado sempre foi o certo. Você seria capaz de mudar por amor? Ludmilla tinha apenas uma escolha.