Patinação

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Ludmilla

- Então, você já morou aqui? - Perguntei à Brunna enquanto colocava minha mala, com as roupas que havia comprado, no chão.

- Eu tinha 15 anos e queria liberdade - Brunna respondeu dando ombros, sorrindo um pouco - Meu pai não usava o celeiro para nada, então pedi para ele arrumar como se fosse uma casa, tipo casa da piscina.

- Só que vocês não tem uma piscina - a lembrei e a vi revirar os olhos - Mas até que aqui é bem legal - completei olhando ao redor.

Não era um lugar grande, mas era mil vezes melhor que aquele hotel. A 'casa' que Brunna morou na adolescência, vulgo, antigo celeiro, tinha três cômodos, mais o banheiro. Assim que você entrava encontrava um sofá escorado na parede, uma poltrona, uma pequena estante na frente, com um telefone e uma TV. Depois disso, uma minúscula cozinha, com uma geladeira, fogão, uma pequena pia, com armário embutido embaixo. E uma mesa com duas cadeiras. E por último, o quarto, onde o banheiro ficava, tinha uma cama de solteiro, um armário largo, e uma escrivaninha.

- É, obrigada, por me deixar morar aqui - agradeci à Brunna, me sentando no sofá e a vendo se escorar na parede.

- Não pense que é fácil assim - Ela disse com um sorriso de lado e eu ergui a sobrancelha - Vai ter que passear com o Pietro todos dias pela manhã, e ficar de babá da Juliana quando eu precisar.

- Ela tem 15 anos, tem certeza que precisa de babá? - Perguntei divertida e Brunna revirou os olhos.

- Com 15 anos, você invadia o sistema da escola para alterar suas notas - Brunna acusou e eu ri baixinho.

- Na verdade, eu fazia isso com 14 - corrigi e ela me olhou surpresa - Então, quer mesmo que eu, fique de babá? - Questionei enfatizando o 'eu'.

- Você é de graça, então, sim - Brunna respondeu sem me dar muita atenção e eu suspirei me encostando melhor no sofá.

- Já que eu estou morando aqui, você não se importaria de me dar carona para o escritório, não é? - Falei, e vi Brunna cruzar os braços.

- É só não se atrasar - respondeu e eu assenti - Estou indo, tem uma coleira do Pietro pendurada na sua porta, saía cedo com ele.

- Sim senhora - resmunguei e a vi rir baixo enquanto saía da minha mais nova casa.

Respirei fundo quando Brunna saiu. Já havia passado três dias desde que prendemos Wesley Stromberg, e ele não falou nada sobre Isabelly. Muito menos eu. Eu não consigo entender porque, mas eu não tinha capacidade de falar sobre Isabelly para Brunna. E eu juro, já havia tentado. Me deitei no sofá e puxei meu celular do bolso, discando o número já conhecido.

- Heeey bunduda - Revirei os olhos assim que ouvi a voz de Daiane - Já contou pra Brunna sobre a vadia?

Sim, ela sabia, e não, eu não havia contado.

- Nem vou perguntar como você sabia disso - resmunguei - E não, não contei , não consigo.

- Vai ser pior se ela descobrir de outro meio e descobrir que você já sabia - ela argumentou e eu suspirei.

- Ela me deixou sair daquele Hotel horrendo e ficar aqui no antigo celeiro da casa dela - falei baixo - Se ela descobrir que eu deixei Isabelly escapar, é arriscado ela me jogar na cadeia de novo.

- Espera, você deixou a Isabelly escapar!? - Dinah questionou em um tom mais alto, que me fez afastar um pouco o telefone do meu ouvido.

- Mais ou menos - murmurei - Eu não podia sair da onde estava para impedir ela, mas se eu tivesse avisado a Bru, ela talvez tivesse capturado a  Isa.

Entre a lei e o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora