Dia Seguinte

613 63 3
                                    


Suspirei baixo, sentando na minha cama, cobrindo meu corpo com o lençol e observando a negra deitada ao meu lado. Ludmilla dormia serenamente de bruços, o lençol cobria apenas até sua cintura, deixando suas costas nuas, expondo as marcas que provavam a noite que tivemos. Seus cabelos bagunçados, algumas mechas em seu rosto, os lábios entreabertos, uma respiração calma, tão em paz. Oliveira dormia tão serenamente, que era até difícil acreditar que ela era uma criminosa, ou, ao menos era.

Me escorei na cabeceira da cama, respirando fundo, tentando assimilar tudo que fizemos ontem. Eu havia a beijado, nós havíamos transado, e eu nunca havia me sentido tão bem. Eu não tinha uma lista, mas se eu tivesse, minha noite com Ludmilla estaria no Top 3, e na primeira posição.

Porém, não era só o sexo, ou o jeito que ela me beijava, me tocava. Tinha algo a mais, talvez como Ludmilla me olhava, como seus olhos mostravam sua alma para mim, ou ela cantarolando em espanhol. Eu não sei ao certo, mas eu admito que estava receosa com tudo aquilo. Eu não podia deixar o que quer que fosse isso, ter proporções maiores, eu não poderia nem mesmo cogitar a ideia de um relacionamento com uma criminosa que cumpria sua pena trabalhando para mim com uma tornozeleira.
Eu estava prestes a me levantar e posteriormente acordar ela , quando o toque estridente do meu celular tocou. Vi a negra se remexer um pouco enquanto eu atendia o telefone.

- Gonçalves.

- É a Emilly, você precisa vir para cá - avisou e eu automaticamente já acordei completamente - Roubo seguido de morte na 52 com a Pitterson.

- A Polícia já está aí? - Perguntei já me levantando e balançando Ludmilla para que ela acordasse.

- Sim, vocês têm 20 minutos - avisou e eu apenas fiz um som nasal concordando e desligando o telefone. Olhei o relógio, 07:15am.
Odiava quando resolviam cometer crimes antes das 8.

- Ludmilla, acorde, temos que trabalhar - a chamei, um pouco delicada demais.

- É cedo - Ela murmurou, naquele tom manhoso.

- Temos um roubo seguido de morte - avisei e ela finalmente abriu os olhos - Se você se levantar e se trocar em cinco minutos conseguimos tomar café da manhã aqui.

- Tudo bem - se sentou na cama, e seu olhar desceu sobre meu corpo
- Você, hum, você deveria vestir uma roupa.
Olhei para meu próprio corpo, corando em seguida, eu ainda estava nua, tudo bem que ontem ela já tinha visto e tocado, mas ontem eu não estava em meu juízo perfeito, é isso.

- Acho que você pode ir para sua casa e... - Deixei a frase morrer, quando meu celular apitou, mensagem de Emilly.
"Precisamos de você e da Oliveira em 10 minutos"
Suspirei, odiava ter que sair daqui às pressas.
- Não temos tempo - reclamei, saindo de perto da cama e andando até meu closet.
- Tem algo pra me emprestar? - Ludmilla questionou no mesmo momento que joguei algumas roupas para ela, a vi pegar suas peças íntimas que estavam espalhadas pelo quarto e começar a se trocar.
Vesti com pressa minhas roupas, fazendo um rabo de cavalo mal feito, ajeitei minha arma no coldre, as algemas, o celular e o distintivo. Olhei para a Ludmilla e tentei evitar o sorriso, ela usava uma das minhas calças se couro, uma camiseta de uma banda que eu costumava curtir, ainda curto um pouco, que ficava um pouco grande nela, e as botas que ela havia usado ontem. Seus cabelos já estavam em um rabo de cavalo como o meu e ela colocava o celular no bolso.

- Vamos? - Chamei e ela apenas assentiu, um pouco aérea enquanto me seguia para fora do quarto.

- Bom dia Bru  - Ju  disse sonolenta quando entrei na cozinha, seu olhar passou para confuso quando viu Ludmilla atrás de mim
- Hey Lud.
- Cara de sono Ju - Lud disse e minha irmã assentiu, ainda meio confusa, olhando para as roupas de Ludmilla.

Entre a lei e o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora