Voo

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    Fechei os olhos e suspirei, angustiada procurando alguma razão racional para que Mark levasse a mãe dele a um grande evento e não a mim, mas não posso ir contra a família dele. Me deitei frustrada e dormi. O que eu não esperava uma semana depois, foi descobrir o motivo do qual eu não teria sido convidada por Mark.

Durante o evento, vários advogados fizeram reuniões e ele foi convidado para se mudar para Londres, na sede da empresa em que ele trabalhava, sei que Londres era perto e a viagem de carro seria curta. Pelo menos foi o que pensamos no inicio, e aguentamos. Durante dois anos, Mark passava os finais de semana comigo e alguns dias da semana quando tinha tempo, os feriados pareciam mais curtos, o dia parecia não passar e quando me dei conta, eu tinha uma vida aparte de Mark.

Continuamos juntos e fortes, tentando de tudo para manter nosso equilíbrio, eu era completamente apaixonada por Mark, mas sentia que cada vez mais vivíamos uma vida diferente. O fato dele ter aceitado a proposta nunca me chateou, sempre fiquei orgulhosa de tudo que ele conquistava mas ao longo do tempo fui pensando se realmente ele quis se mudar, o motivo dele não ter reconsiderado ficar perto de mim. Sempre tentei apoiar o máximo todas as decisões dele, e ele estava construindo uma vida, ganhava já bastante dinheiro atundo como advogado de direitos humanos mas eu não conseguia fazer parte dessa vida.

Nossos natais me faziam esquecer todos os esforços e cansaços do ano que passava, a tradição de juntar as famílias na cabana na França ficava cada vez mais forte e Mark ficava sempre muito carinhoso, no modo sério e quieto dele, eu sabia que significava toda saudade que ele guardava dentro dele, mas na viagem de volta eu sempre sentia uma melancolia sabendo que íamos voltar para a rotina de sempre, algo que ele nunca comentava e nem eu.

A mãe dele continuava com a mesma cara de nojo para mim sempre que me encontrava, eu nunca soube o motivo e aguentava, pois eu era feliz só com o Mark, ele tomava meu tempo e meu carinho e agia como um pai, mãe, irmão, tio, companheiro, enfim, Mark era tudo. Eu confiava nele 100%, então eu nunca imaginei que esse tempo todo em Londres poderia haver mais alguém, realmente Mark era trabalho e o que sobrava, era para mim. Ele parecia cada vez mais cansado ao longo dos anos, mas quando eu estava me formando, o ápice do problema chegou. Por trabalho, ele acabou perdendo a cerimonia, nossos pais foram mas eu não esperava de ninguém nada além dele, simplesmente não servia mais para mim, por todo esse tempo ter me desdobrado entre faculdade, família, relacionamento e ele não ter conseguido tempo para ir até a minha formatura.

- Tenho certeza que foi igual a minha. Não mudou muito desde os 100 anos. - Ele falou passando por mim com um tom firme.

- Era o meu momento, eu estive lá por você, eu aguentei a sua mãe nojenta e mau educada comigo o tempo todo. – falei em um tom alto, com as bochechas pegando fogo de raiva, ainda em meu vestido cinza e meu salto alto.

- Eu estou aqui agora. – Ele falou sentando no sofá, claramente incomodado pela situação, no momento que ele pegou o celular eu o arranquei de sua mão.

- Chega de trabalho. – Gritei – Olha pra mim. – solucei.

- Eu olho, o tempo todo, todos os dias em que passo horas em engarrafamentos só para te ver e poder ter um futuro para nós, trabalho como um louco por você. – ele falou em um tom forte, olhei para baixo e eu só pensava que nem eu mais estava ali.

Andei até a porta e abri, quando Mark saiu com a expressão de decepção, eu cai no choro por 3 dias.

Eu já havia jogado as coisas de Mark dentro de uma mala e devolvido em sua porta, eu estava farta, exausta de tanto trabalho, estudo e distância entre nós, eu já não sabia o que eu poderia fazer para resolver as coisas entre nós. Veja, eu amava Mark como amei desde o início e isso só crescia dentro de mim, cada pedaço meu fazia parte dele mas chegou um momento que eu não tinha mais nada para oferecer, já faziam 5 anos desde que o anel no meu dedo foi colocado. Todas as conquistas dele eu estava lá, eu vibrava, e seria egoísta dizer que ele não vibrava junto, mas eram só as conquistas dele, as minhas não pareciam grande coisa, até o ponto de que eu me achava menos que ele.

Direito de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora