Você ♡

302 12 13
                                    

Filha de um fazendeiro de alta sociedade na Inglaterra, aos 20 me mudei para Guildford, em busca de um sonho chamado University of Law, uma faculdade privada que por muita sorte eu teria a felicidade de ingressar e ter a ajuda de meus pais nos gastos. Haviam muitas coisas que eu tinha deixado para trás em Manchester, um pequeno amor, que por varias complicações, não foi tão difícil de dar adeus, minha mente estava presa na filosofia de iniciar uma nova vida.

      Me mudei para um pequeno apartamento de um quarto, uma sala compartilhada com a cozinha e uma pequena sacada com uma vista bem agradável por não ter muitos prédios em volta do meu. No primeiro mês de mudança tive a ajuda de meus dois pais na reforma e organização dos moveis, sempre tive o melhor relacionamento do mundo com ambos meus pais, por mais que meu pai não estivesse 100% do tempo em casa ou presente por conta do trabalho. Minha mãe foi sempre presente na minha vida e era uma das únicas pessoas que eu podia compartilhar confiança. Por conta do meu temperamento sensível e desconfiado, nunca fui cercada de amigos, desde o fundamental eu tinha relacionamento próximo com Beth e Margareth, a quem eu preferia chamar de Maggie, no ultimo ano ela mudou-se para Nova Iorque em busca da carreira de atriz. E Beth continua morando em Londres, uns 40 minutos de distancia, o que me deixava tranquila por ter alguém perto.

      Escola nova, pessoas novas, momentos novos... Mark..

      Ja se passava um mês em que eu havia iniciado a universidade em Guildford, eu podia dizer que até agora, tudo me comoveu naquele lugar, as classes eram em grande número e os armários e mesas de nogueira muito bem trabalhadas, era comum, especialmente no Norte da Itália. Tinhamos em torno de 3 professores por dia, ao total 10, dando atenção a cada detalhe da história, desde em que o homem começou a viver em sociedade, até hoje, que temos lei até para catar as fezes do nossos cachorros na rua.

      Como toda instituição de educação, no início, meio e fim, todos organizam eventos, para se conhecerem ou para celebrar o ano que começa ou termina. Felizmente eu já havia posto minha cabeça no lugar para prestar atenção em coisas mais úteis do que me rodear de pessoas entre 18 e 25 anos que estão à procura de algo para libertar suas mentes infelizes com álcool e festas.

       Eu estava determinada a passar meus cinco anos de direito em total dedicação ao curso, passei alguns anos tendo hábitos não saudáveis e alguns problemas devido ao antigo relacionamento com um menino chamado Taylor, um americano. De agora em diante eu sabia que minha vida tinha que mudar, virar a página.

       Ao longo do curso segui uma alimentação equilibrada, comecei a seguir um calendário de exercícios básicos como corrida, alongamento e pratiquei pilates por alguns meses mas desisti quando as provas finais estavam perto. Eu frequentava o bar chamado Rogues que se encontra na 58 Epsom, havia música ambiente baixa e os clientes não eram jovens então era agradável para conversar ou relaxar em uma das mesas externas de madeira, o bar servia um dos melhores vinhos e tinha sua própria vinícola, mas o vinho da casa não era um dos melhores que eles ofereciam, eu costumava tomar sempre Pinot Noir, uma substituição não muito fiel ao Huxelrebee, um vinho alemão o qual meu pai tinha no pequeno armário de vinhos ao lado de todas as revistas sobre cultivação de uvas, o que me despertou o interesse por bebida e me deu a habilidade de saber que posso ler mais de 100 vezes o mesmo texto e ainda me admirar com o assunto.

Em uma noite de 14 de setembro de 2008 meu pai e eu dividimos uma taça do famoso Huxelrebee que ele nunca havia tomado, naquela noite ouvi toda a história por trás do vinho e do motivo de ele estar guardado a 30 anos naquele armarinho sujo e empoeirado embaixo da janela do escritório dele. O vinho tinha sido presente do primeiro grande amor do meu pai, na qual o ex-sogro havia viajado para a Alemanha e trazido alguns exemplares para compartilhar com a família, naquela época era basicamente um vinho novo de mais ou menos 40 anos, mas já muito famoso e adorado ao redor do mundo. Mary era o nome dela, meu pai contava como foi o relacionamento deles e como naquela época tudo parecia tão cheio de problemas e pensamentos no futuro e como tudo isso os separou, e meu pai por ser orgulhoso, nunca voltou atrás. Alguns conhecidos, amigos antigos, continuaram em contato com ela por motivos profissionais ou familiares, e foi naquela noite de setembro que ela havia falecido, no último gole do meu pai, o perguntei o motivo de ele beber o vinho só agora.

Direito de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora