Compartilhamos uma taça só para o vinho e o gosto era exatamente como eu lembrava, comemos nossa comida falando sobre a empresa que Mark iria começar a trabalhar e alguns planos para o final de semana, olhei para Mark enquanto ele tomava um taça de água.
- Você já namorou antes? – falei brincando com a taça, ele me olhou e logo se arrumou na cadeira.
- Não entendo o motivo dessa pergunta. – Ele me olhou, tentando entender minha dúvida.
- Conhecer você melhor. – levante os ombros – eu não me importo se sim. – ele se encostou na cadeira para trás e me olhou – foi muito ruim? – fale baixinho, sabendo que o silencio dele era um ''sim''.
- Ela me trocou por outra pessoa, em fato, ela já havia me trocado a muito tempo sem eu saber. – ele tomou outro gole de água, puxei a boca para o lado compartilhando o quão ruim poderia ter sido.
- Ainda dói? – perguntei baixinho novamente – não. – ele falou serio me olhando – você ainda a ama?
- Essa deve ser a pergunta mais besta que já me fizeram. – ele sorriu para mim e buscou minha mão na mesa, a segurei de volta e balancei a cabeça sorrindo.
- Como alguém conseguiu te trocar? – olhei para Mark depois de pensar alguns segundos, lembrando da nossa noite, ele sorriu sem mostrar os dentes, mostrando compaixão pelo meu comentário.
Peguei meu celular e tirei uma foto minha segurando a garrafa de vinha, tendo certeza que meu anel iria aparecer, Mark pareceu não entender mas não questionou. No mesmo momento enviei ao meu pai, torcendo para que ele estivesse acordado, e imaginando se ele iria lembrar da história que ele havia me contado, mas acredito que pela hora ele já estivesse na cama mas de repente recebi uma resposta irônica ''por favor me diga que é o Mark.'', soltei uma risada e mostrei à ele que compartilhou a risada.
Fizemos da minha casa nosso ninho, havia coisas do Mark por todos os cantos, roupas, coisas de trabalho, sapatos, ele parecia tão confortável na minha casa que apenas alguns dias da semana ficávamos na dele, acho que o maior medo que ele tinha era eu desarrumar a casa dele que era perfeitamente arrumada e minimalista. Enquanto a minha continha plantas, quadros, decorações, e ele de certa maneira adorava isso. Ao longo dos meses ficamos cada vez mais juntos, mesmo cada um tendo suas responsabilidades, nenhum tinha perguntando para o outro ou cogitado morar juntos, foi tudo apenas acontecendo, e quando me dei conta, na maioria das vezes Mark vinha do trabalho direto para meu apartamento.
Cada noite da minha vida era especial por dormir ao lado dele, eu me pergunto o que deu de tão errado para ele estar sozinho, e que sorte a minha. Será que ele ficou com medo de me perder para outra pessoa? Por isso ele bateu naquele cara na França e depois o olhar mortal na formatura? Eu não queria ir a fundo nisso, já que Mark parece ter esquecido completamente e ele parece estar tão feliz.
As férias de primavera estavam chegando e Mark estava estressado e cheio de trabalho, eu planejei visitar a minha família por uma semana mas como vi que ele estava chateado com o trabalho, resolvi ficar apenas dois dias e voltar, mas não contei nada para ele, me encontrei com Beth, compartilhei nossas fotos com meus pais e mate a saudade nesse curto espaço de tempo. Junto ao meu pai, escolhemos um vinho bem velho para dar de presente a Mark quando eu voltasse, então, ao voltar fui direto até a casa dele.
Era uma das minhas ruas favoritas de Guildford, logo em frente havia um parque e todas as casas no quarterão eram iguais, ele morava na casa número 11. Estava calor e eu estava com um vestido simples e escuro, em uma das mãos eu carregava minha bolsa e na outra, uma sacola de papel com o vinho. Bati na campainha e aguardei, Mark abriu a porta rápido e parecia surpreso em me ver.
- Emma, o que você faz aqui? Achei que iria ficar uma semana com seus pais. – ele falou serio, mas ao mesmo tempo seus olhos amoleceram ao longo do tempo.
- Eu ia, mas decidi fazer uma surpresa e aproveitar com você. Eu trouxe vinho. – sorri e o beijei na bochecha ao entrar – de 1977, um Ro... – parei de falar ao ver outros homens vestidos também de terno na sala de jantar – Estou interrompendo algo? – falei baixinho para ele, todos me encaravam.
Mark olhou para mim e seus lábios estavam em uma linha reta, mas eu sempre podia perceber quando ele só estava sério e quando ele estava serio e incomodado, os cantos da sua boca ficavam mais profundos quando ele estava serio mas queria na verdade sorrir, e seus olhos eram de carinho. Eu não pensei duas vezes e subi as escadas, que ficavam logo em frente a porta de entrada, entre a sala de jantar e a cozinha, Mark voltou para a sala de janta e eu entrei em seu quarto. Pensei novamente no olhar que recebi daqueles homens e me senti um pouco desconfortável, pareciam me olhar de cima a baixo, como se fossem uma mulher julgando outra pela maneira de se vestir, será que eu me vestia tão mau assim?
Andei pelo quarto de Mark com o pensamento na minha cabeça, abri o armário dele e sorri ao ver todas suas camisas e ternos pendurados e perfeitamente organizados, eu não tinha a possibilidade de organizar tanto minhas coisas. Esperei por ele por quase duas horas, pensei em ir para casa mas logo Mark apareceu no quarto sorrindo, passamos a noite ali mesmo e aproveitamos o resto da semana vendo filmes e dormindo todas as noites juntos, eu sabia que Mark precisava relaxar um pouco então tentei ao máximo tirar sua atenção do trabalho e fazer ele se divertir durante o recesso.
Era incrível como minha vida tinha mudado durante todo esse ano e o quão próxima de Mark eu havia me tornado, ultimamente não passamos muito tempo juntos, ele estava trabalhando duro para conseguir o cargo permanente na empresa e eu estava estudando e dando tudo de mim para terminar mais um ano, apesar da minha vontade ser apenas aproveitar esse momento que eu consegui alcançar na minha vida. Eu sabia que parte dessa felicidade se dava por conta de eu ter tudo nos eixos, é claro que muita coisa ainda tinha que se ajeitar e muita coisa estava pela frente e eu teria que encarar.
Durante as últimas provas, não tivemos muito contato por quase um mês, nos víamos alguns dias da semana para jantar e de vez em quando Mark ia buscar algo dele na minha casa ou deixar uma caixa dos meus chocolates favoritos, o que me fazia seguir tranquila sem enlouquecer era pensar que esse ano poderíamos talvez ir novamente para a mesma cabana na França e passar o ano novo com nossos pais.
Antes disso, Mark tinha um jantar importante em Londres do Law Society, o qual eu conhecia e sabia que todos levavam suas esposas e havia toda uma confraternização de advogados, mulheres com seus vestidos mais caros e os homens vestindo seus melhores ternos para conversar sobre política e abobrinhas. Até agora Mark não havia me convidado, eu achei que iria ser óbvio ele me levar que ele nem se incomodaria em me convidar, mas eu conhecia Mark e sua obsessão por formalidades, então tudo se passava pela minha cabeça.
Só de imaginar milhões de mulheres dando em cima de Mark me fazia ferver, todas com a confiança alta por poder pagar plásticas e vestidos caros, os melhores cabeleireiros, maquiadores, etc.
- Você está bem? – Ouvi Mark e olhei para ele, percebi que eu estava apertando meu moletom com força.
- Sim. – respondi e sorri para Mark, segurei sua mão e ele sorriu sem mostrar os dentes, logo voltou sua atenção para o livro que estava lendo.
Faltando um dia para o evento, Mark havia ido direto para sua casa no final do dia depois do trabalho e eu fiquei no meu apartamento e por dentro eu estava sim incomodada com o fato de Mark nem tocar no assunto. Meu celular toca e eu na hora o pego:
Levarei minha mãe para o evento amanhã, espero que não se importe, com certeza você iria ficar entediada. Boa Noite.
Grunhi e não respondi a mensagem, brava. Eu só ficava pensando sobre como seria estranho para todos se eu não aparecesse, igualmente ninguém me conhece. Será que é isso? Mark não quer que ninguém me conheça? Será que ele não acha que estamos sérios? Não, eu tenho um anel no meu dedo e já faz tanto tempo.
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Direito de Amar
RomantizmTudo começou quando não conseguia mais tirar você da minha cabeça. O dia todo era sua imagem que sempre aparecia em minha mente. Mas por quê? Não sabia se era apenas desejo, uma atração, um fascínio momentâneo ou algo mais. Apenas sei que penso em v...