Cap 57

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P.O.V Josh Beauchamp

Despeço-me de alguns familiares que me olham com decepção e volto a juntar-me á minha mãe que continuava num canto rezando.

- Em breve ficaremos juntos de novo meu amor- ouço a minha mãe dizer baixinho e quando me vê se levanta do chão onde estava ajoelhado e vem me abraçar- eu te amo filho.

- Também te amo mamãe, quer que eu leve a senhora a casa? Já está tarde e não parece estar bem para dirigir- tento a convencer.

- Não será necessário meu filho, eu mesma dirijo, não precisa se preocupar. Só se lembre que eu e o teu pai sempre te amaremos, independentemente do que ele tenha dito. Nós te amamos meu filho- ela volta a me abraçar fortemente e sem saber o que fazer ou falar retribuo o abraço beijando o topo da sua cabeça. Depois vamos juntos até aos nossos carros e nos despedimos.

[......]

Já era tarde da noite e eu estava preso no trânsito, a esta hora era normal nesta parte da cidade haver engarrafamentos mas estes pareciam não ter fim. Decido que o melhor a fazer é dar a volta á cidade e contronar todo este trânsito, pode ser que assim ainda chegue a casa a tempo do jantar. Volto atrás no lugar mais próximo possível para esse efeito e sigo o caminho até á ponte da cidade que daria a uma estrada muito menos movimentada. Mas os meus olhos não conseguem acreditar no que vêem. No início do tabuleiro da ponte, um carro conhecido parado e sem ninguém lá dentro, e no meio do lado direito da estrada, a minha mãe olhando o rio lá em baixo.

Não, eu não a podia perder também, ela não pode pensar em fazer uma coisa dessas comigo, eu não aguentaria...

Assim que consigo raciocionar o que está prestes para acontecer, paro o carro e saiu correndo o mais rápido que posso até á berma onde está a minha mãe segurando em alguns ferros fortemente.

- Mamãe- a chamo já com os olhos lacrimejando- o que está aqui a fazer? Você não vai... Pois não?- digo me aproximando bem devagar.

- Filho, eu não queria que você visse isso, eu te amo tanto, mas eu não posso viver assim, parte de mim já partiu e seria doloroso demais. Por favor, se afaste, a sua hora ainda não chegou- ela falou o final com uma voz fria que me assustou.

- Não mamãe, não por favor não, não me deixe, por favor. Eu te amo. Eu nunca me perdoaria- digo já não contendo as lágrimas e me aproximo mais, mas ao ver que a minha mãe ia se soltar dos ferros recuo.

- Não filho, não se culpe, por favor. Seja feliz, isso é a única coisa que eu lhe peço. Eu também o serei, minha missão sempre foi cuidar de quem eu amo e o seu pai precisa de mim, me desculpe. Eu sinto que você ficará bem, Any cuidará de você. E meu filho... Cuide bem dela, a vida não será fácil mas não a torne ainda mais difícil se separando de quem mais ama. Me desculpa- minha mãe solta uma das mãos e me aproximo mas ela faz sinal para que me afaste- não se aproxime, não torne isto mais doloroso. Eu te amo meu filho e se você me ama, me deixará partir. E quanto a Sol, eu amo a minha neta, a cuidarei de onde eu estiver para que nunca deixe de brilhar, porque, por mais que o teu pai tenha dito que ela não deveria ter nascido, depois de uma longa noite, o Sol sempre voltará a brilhar. Eu amo vocês meus pequenos- minha mãe faz sinal que vai largar a outra mão e corro o mais rápido possível em seu encontro mas foi tarde demais. Vejo o corpo de minha mãe caindo lentamente e depois desaparecer, sem pensar duas vezes, me deixando levar pelo sentimento ruim que crecia dentro de mim, ganho balanço e me atiro também.

Quando estava prestes a deixar de sentir o chão nos meus pés, imagens de Sol e Any passam pela minha cabeça, eu não podia fazer isso com elas. A minha filha precisa do pai e a minha mulher precisa de mim, eu não as posso abandonar de novo, elas não merecem. Me agarro com a máxima força aos ferros onde antes a minha mãe estava segura e consigo travar. Respiro fundo e olho para o riu, não se via nada, era tarde e a água estava escura pela pouca luminosidade. Respirei fundo tentando controlar o choro e corro para o meu carro. Pego o meu celular e ligo para a ambulancia. Eles chegam o mais rápido que podem e em quinze minutos começam as buscas pelo corpo da minha mãe.

Infelizmente passado uma hora e dez minutos recebo a notícia que o corpo de Ursula Beauchamp  foi encontrado sem vida junto da barragem da cidade. O meu mundo caiu quando escutei o chefe comandante dos bombeiros a relatar a notícia da morte da minha mãe. Eu não conseguia acreditar que tinha perdido os meus dois progenitores um dia após o outro.

Minha mãe amava o Natal e não suportou a ideia de o passar sem a pessoa que ela mais amava no mundo...

Eu não sabia o que fazer, eu chorava, gritava, pensava em me atirar e simplesmente não conseguia acreditar que tudo isto tinha acontecido. Eu precisava de Any, só ela me poderia acalmar neste momento.

- Any, onde está Any?- grito chorando para um dos bombeiros que me olha confuso- Eu preciso da minha mulher, eu não posso perder mais uma pessoa que eu amo. Não posso- eu chorava e as pessoas que estavam lá me olhavam com pena.

Passado algum tempo senti uns braços me abraçarem por trás e o tão familiar perfume de morango. Era ela. Tentei falar algo mas ela disse que estava tudo bem e me abraçou fortemente me deixando chorar nos seus braços.

- Eu quero a minha mamãe- digo com uma voz fraca de tanto chorar.

- Meu amor- Any me abraça fortemente- ela te ama, nunca deixará de te amar- caimos os dois em choro e ficamos assim por alguns minutos até um bombeiro vir nos pedir para sair do local pois necessitavam voltar a abrir a faixa para os carros passarem.

- Vamos para dentro do meu carro Josh, Sol está na cadeirinha sozinha e de certeza que também está aqui para o que você precisar- limpo as lágrimas e vou até ao carro. Abro a porta de trás e pego a minha pequena em braços a abraçando fortemente.

- Minha pequena Sol, tua avó te amava e sempre te amará muito- a abraço e mesmo ela não entendendo nada, corresponde o meu abraço deitando a cabecinha no meu ombro- ela disse que estaria te protegendo e vendo você brilhar de onde estivesse- a abraço de novo.

Ficamos mais algum tempo assim e depois voltamos para casa. Coloquei Sol para dormir e subi para o quarto onde Any estava á minha espera. Não espereu mais tempo e corri para os seus braços de novo. Não sei o que faria se não a tivesse comigo, eu não aguentaria.

Apesar de me doer muito, não posso culpar a minha mãe pelo que fez, eu não consigo imaginar a minha vida sem Any, o meu mundo se despedaçaria se a perdesse.

Descansa em paz mamãe, eu te amo e sempre te amarei....

Meu Lindo Erro / Beauany [ COMPLETA] - Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora