🌅| dinner

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Kiara

Eu amo a minha avó. Mas as vezes ela exagera.

Era sete horas da manhã de um domingo, e ela já escutava jazz a todo volume. Tentei dormir novamente, mas uma música era mais alta que a outra, e em certo momento desisti. Bufei, ainda sonolenta e levantei da cama. Desci as escadas de casa e a encontrei dançando a melodia dos anos cinquenta que tocava, enquanto varria o chão.

― Como a senhora acorda com tanto bom humor? ― Perguntei, bocejando em seguida.

― Bom dia, minha neta preferida. ― Ela sorriu.

― Sou sua única neta. ― Dei de ombros, a cumprimentando com um beijinho na bochecha. ― Onde meus pais estão?

― Seu pai foi fazer alguma coisa no restaurante e sua mãe foi ao mercado. Pedi para ela comprar algumas coisas. Vou fazer minha lasanha hoje.

― Ah, eu amo a sua lasanha. ― Sorri.

― Eu sei. ― Ela riu.

Terminei de passar o brilho labial na frente do espelho, assoprando uma mecha de cabelo que caiu nos meus olhos logo em seguida.

Era por volta das oito da noite. Minha mãe e a vovó conversaram mais cedo, e decidiram que deveríamos ir um pouco mais arrumados para simplesmente jantar. Já que era uma ocasião especial, e vovó raramente fazia sua lasanha por livre e espontânea vontade. Então não reclamei, apenas coloquei um vestido lilás mais soltinho ao invés do pijama ou das blusas velhas.

Quando já estava no andar de baixo, minha mãe arrumava a mesa, enquanto minha vó trabalhava na cozinha e meu pai lavava a louça. E é claro, alguma música de jazz ecoava por todo o ambiente.

Fui até vovó, vendo ela cortar os tomates que iriam na salada.

― Precisa de ajuda?

― Oh, não querida. A lasanha já está no forno, falta só terminar a salada. Está tudo bem. ― Ela sorriu, sua mãe está demorando demais com a mesa, ajude ela.

Concordei com a cabeça e caminhei calmamente até a sala, cantarolando a música que tocava alto pela casa. Ajudei minha mãe a distribuir os pratos e os talheres, deixando a mesa bem bonita e organizada. Quando terminei, ouvi a campainha sendo tocada.

― Eu atendo.

Falei alto, num tom de tédio. Andei lentamente até a porta, pensando que fosse algum amigo do meu pai que volta e meia apareciam por aqui. Toquei na maçaneta e a girei, arregalando os olhos quando abri a porta e me deparei com JJ ali. Ele sorria, vestia uma camisa social branca dobrada até os cotovelos, e uma calça escura.

― Que porra é essa? ― Falei um pouco mais alto do que deveria.

― Oi pra você também, Kie. - Ele ergueu as sobrancelhas, fazendo uma mini reverência. ― Está adorável hoje.

― Que merda você tá fazendo aqui, JJ? ― Sussurrei, de olhos arregalados.

― Quem está aí, Kiara? ― Ouvi a voz da minha mãe vinda da sala de jantar.

― Ah... é...

― Ah! Ele chegou. ― Minha avó se aproximou, sorrindo. ― Demorou hein, garoto.

JJ sorriu, deixando minha avó o cumprimentar com um beijinho na bochecha. Um ponto de interrogação estava estampado no meu rosto.

― Vovó, o que é isso? O que ele faz aqui?

― Ah, não te contei, não é? Queria que fosse surpresa. ― Ela enganchou seu braço no de JJ. A diferença de altura era quase cômica. ― Quando ele foi falar com você, lá no restaurante, depois que você voltou pro caixa, eu fui falar com ele. E como eu o achei muito bonito e simpático, eu o convidei para jantar conosco!

sunset × JJ & KiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora