sunset × JJ & Kiara

🌅| cigarettes

JJ

Eu estava me odiando naquele momento.

Pensava nisso enquanto estava sentado na areia, molhado da chuva que estava caindo até alguns poucos segundos atrás.

Eu estava no céu até alguns minutos.

Eu estava beijando a garota que eu queria beijar a mais tempo do que sei meu próprio nome.

E eu fui lá e estraguei a porra toda. De novo.

Só Deus sabe o quanto eu rezei para que a Kiara um dia tivesse a mínima vontade de me beijar tanto quanto eu tinha vontade de beijar ela.

Na minha vida toda, obviamente já tive vontade de ficar com outras pessoas. E já fiquei com muitos garotos e garotas.

Só que em nenhum momento eu negava que era obviamente apaixonado pela Kiara. Nem sei quando isso começou. Só sei que sempre gostei dela. Simplesmente aconteceu.

E me acostumei a ver ela ficar com outras pessoas. Já vi ela beijar o John B e o Pope, e já ouvi eles contarem da quedinha que tinham por ela. Todos já tiveram uma quedinha por ela.

Mas sendo sincero? Acho que fui o único que gostou dela de verdade. Pode soar meio prepotente da minha parte, mas é o que eu acho.

E recentemente ouvir do Pope de que ele acha que realmente gosta dela, literalmente me faz querer morrer.

Porque na realidade, eu sei que ele seria perfeito pra ela. Porra, Pope é um cara incrível. E trataria ela muito bem. E, sem querer me depreciar, não sou lá uma pessoa muito boa. Meu pai estava agora mesmo no hospital, eu o mandara para lá.

Sei as coisas ruins que ele fez, sei que em parte ele mereceu. Mas, porra, ele era meu pai. Eu estava respondendo a violência dele com mais violência, pois é o único jeito que sei fazer. É a única forma que aprendi de me defender.

Medo subiu pela garganta. E se toda essa raiva me consumisse, e eu acabasse me tornando como ele? Um pai horrível que anda por aí podre de bêbado. Não, não, não.

E é por isso que Pope é a melhor opção. Ele não pensava nessa probabilidade. Não cogitava. Não tinha a chance de acabar tanto com seu futuro assim, ele tinha coisas a perder. É inteligente e sabe que existem outros meios de resolver as coisas sem precisar dar socos. E ele é como um irmão pra mim, meu melhor amigo. Sinto que é errado fazer isso com ele.

E foi por amar Pope como um verdadeiro irmão que eu interrompi o beijo com a garota que eu gosto há anos. O universo deve estar muito puto comigo.

Mas talvez seja melhor assim, certo? Beijar ela me daria esperanças demais, e eu não quero isso. Não quando os pais dela me odeiam e me acham um desajustado de merda, e isso resulta nas minhas chances com ela serem praticamente negativas.

Pope seria um cara que os pais dela gostariam. Trabalha com o pai, é educado. Um bom genro, não é?

E apesar desse breve momento de melancolia, auto-piedade e consolo, o sentimento ruim que aperta meu peito ainda não vai embora.

Eu estaria mentindo se dissesse que não estava amando os últimos momentos que estava passando com ela. Estávamos mais próximos do que nunca e eu gostava disso. Mas conhecendo a Kie do jeito que conheço, talvez eu tenha deixado ela muito puta por simplesmente sair assim sem dar explicações.

Solto um grunhido frustrado e agarro meu cabelo com força, me deitando na areia. Fico ali por um tempo interminável. Sem cigarro, sem vontade de levantar da areia e ir para qualquer outro lugar.

Parece que volto ao mundo real quando passos soam próximos, alguém para ao meu lado, alguns grãos de areia são chutados contra o meu rosto. Meus olhos estão fechados, e realmente não quero abri-los, mas a possibilidade de ser algum sem noção kook me obriga a bufar e prestar atenção.