sunset × JJ & Kiara

🌅| fuck it

Kiara

Encolhi um pouco o corpo, sentindo-me arrepiar com a brisa fria que começava a tomar conta da praia. Era fim de tarde, e utilizamos minha mochila e a camisa de JJ para servir de apoio para as minhas costas. A cabeça do loiro estava deitada sobre minha barriga, deixando seu corpo paralelo ao meu. Deu braço também estava apoiado sobre meu corpo, as pontas dos dedos acariciavam calmamente minha coxa, em movimentos preguiçosos.

Estávamos ali fazia um bom tempo. Não falávamos muito, só uma vez ou outra, mas o silêncio que se prevalecia era muito confortável. Não nos sentíamos obrigados a falar nada, só aproveitar e sentir a companhia um do outro.

Parei de acariciar os fios loiros, e, quando percebeu, JJ soltou um resmungo, como um pedido para continuar. Soltei uma risada.

-- Tá escurecendo, tenho que ir pra casa. -- Eu disse em voz baixa, como se estivesse com medo de quebrar aquela bolha de silêncio deliciosa.

-- Não precisa nada. -- Ele resmungou, ajeitando a cabeça sobre meu colo, ergueu os olhos azuis pra mim. -- Passa a noite lá na casa do John B.

-- Já fui uma surpresa minha mãe me deixar sair hoje. Não quero abusar da sorte. -- Sorri fraco, e ele suspirou dramaticamente.

-- Certo, tudo bem. Mas vamos surfar amanhã.

-- Vou tentar. -- Respondi, querendo me levantar, mas sem coragem de pedir para que ele saísse.

Ele não parecia ligar também. Agora havia fechado os olhos, e aproveitei esse momento para apreciá-lo. Bem, não gostava de pensar nisso com essa palavra. Não gostava de pensar que estava apreciando ele. Mas JJ era bonito, muito bonito. Meus olhos tinham dificukdade de desviar dele.

Observei a curvinha do nariz, o arco do cupido suave em sua boca. Como a lábio inferior era um pouquinho maior que o superior, quase imperceptível. As maçãs do rosto eram marcadas, e haviam algumas pintinhas perto do seu maxilar. O cabelo loiro caía sobre a testa, ainda meio úmido pela água do mar. As bochechas estavam coradas de leve pelo sol, e os cílios longos e loiros descansavam sobre elas.

Quando ele abriu os olhos, não tive tempo de desviar e fingir que nada aconteceu, fiquei presa nas irís azuis. Fui flagrada, e JJ me encarou de volta, então deu um sorrisinho ardiloso.

-- 'Cê quer dar 'cê fala.

-- Vai se foder. -- Reclamei e revirei os olhos, então ele soltou uma risada alta, que me fez rir também. -- Chega de gracinha, sai, tenho que ir pra casa.

Ele continuou rindo quando se sentou na areia, e pude finalmente me levantar. Ele se levantou logo depois.

Nos despedimos brevemente, e então tive que ir rapidamente para casa. Não queria abusar da boa vontade da minha mãe.

Quando cheguei, as coisas pareciam tranquilas, silenciosas. Minha avó tirava um cochilo no sofá. Dormira assistindo algum programa de casamentos. Sorri, e não quis acordá-la, segui em direção as escadas, subindo para o meu quarto. No andar de cima, escutei o som de um chuveiro ligado, então presumi que algum de meus pais estivesse no banho.

Entrei no quarto, largando minhas coisas em qualquer canto e me deitando na cama. Estava cansada, sentia meus braços pesarem, mas minha cabeça estava leve.

-- Demorou. -- Ouvi a voz de minha mãe. Levantei a cabeça e a vi parada na porta, séria.

-- Perdi a noção do tempo, desculpe. -- Respondi, a voz mansa.

-- Poderia avisar, tem celular. -- Disse, cruzando os braços. Eu fechei os olhos por um momento e respirei fundo, me sentando.

-- Olha, mãe, eu não quero brigar com você. -- Disse simplesmente. Meu humor estava bom demais para ser estragado. Levantei e andei até minha cômoda.