Sayaka sentiu uma ponta de doce saudade.

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Na cama, Sayaka se espreguiçou, bocejou e mais uma vez não tinha Kyoko a seu lado. Aquilo acontecia cada vez com mais frequência e começava a preocupá-la. Seu costume sempre fora acordar cedo sem precisar de despertador, preparar e tomar o seu café e deixar comida para a dorminhoca, que nunca saía da cama antes de ela já estar trabalhando há um bom tempo na oficina. Não que isso fosse uma queixa. Viver com Kyoko era como ter em casa uma gata muito grande, uma pantera. Não tinha a menor paciência para rotinas e trabalho sistemático, muito menos para obedecer a um patrão, passava a maior parte do dia dormindo, comendo e jogando, mas no amor e na guerra era uma companheira sem igual.

Mas agora as coisas estavam mudando. Kyoko estava madrugando e Sayaka, que se sentia mais cansada, dormia mais e acordava com o inusitado cheiro matinal de comida gostosa.

Sorriu, pôs a camisola e as pantufas, foi para a cozinha. Kyoko, ainda de pijama, acabava de preparar um cheiroso kitsune udon.

– Bom dia, Kyoko-chan, tem certeza de que é você mesma? Está se sentindo bem? Tem certeza de que não foi enfeitiçada por alguma bruxa? – Perguntou, marota

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– Bom dia, Kyoko-chan, tem certeza de que é você mesma? Está se sentindo bem? Tem certeza de que não foi enfeitiçada por alguma bruxa? – Perguntou, marota.

– Idiota. Pelo menos não repita a mesma piada sem graça dois dias seguidos. Sayaka-chan, tem algum rango que você quer especialmente que eu faça?

– Ah, quero muito esse udon, sim. É isso que você está aprendendo com Madoka?

– Ela me ensinou um monte, mas achei que com isto eu tinha menos risco de fazer cagada. Se acertar o caldo, não tem mais como errar.

Sayaka sentou-se, serviu-se do udon, provou a primeira colherada sob o olhar ansioso de Kyoko. Emocionada, sentiu um nó na garganta e começou a chorar.

– Sayaka-chan, que foi? – Perguntou Kyoko, aflita. – Não ficou bom?

– Está uma delícia, Kyoko-chan! Estou chorando de felicidade. Desde que perdi minha avó que não tinha um café da manhã tão gostoso. Eu não esperava ser mimada desse jeito!

– Ora, juntamos os cacarecos há tantos anos e você não sabe quanto eu te amo, idiota?

– Não é questão de quanto, é de como, idiota! – Há muitos anos que não dizia isso a sério, mas não se cansava desse jogo. – Você já me amou de várias maneiras, mas nunca fazendo comida com as próprias mãos. Pra isso, eu ainda era virgem...

Kyoko ficou roxa antes de explodir em gargalhadas.

– Você não está enjoada, né? – Perguntou, enquanto tomava sua parte, duas vezes maior.

– Não com comida, muito menos temperada com carinho. Às vezes fico meio enjoada com o cheiro de cola e verniz na oficina. Me sinto meio cansada, também. De resto, está tudo em ordem.

– Não quer parar um pouco o trampo? Ninguém morre se você fecha o boteco um mês ou dois. Eu posso fazer uns bicos por aí...

– Agora não, precisamos de dinheiro e eu tenho encomendas com data para entregar. Mas vou querer fechar um tempo quando a menina nascer.

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