Em última análise, lidamos com magia

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Era o dia de patrulha do grupo de Madoka e Homura. Hinano continuava incomodada com o relacionamento de Akira e Alina e não parava de falar no assunto.

– Hinano-chan... Você não está com ciúmes? – Questionou Madoka.

– Não, Madoka-san! De jeito nenhum! – Protestou a pequena, enfaticamente. – Eu sou hétero!

– Sei que você não quer namorar Akira. – Explicou Madoka. – Mas vocês eram melhores amigas há anos e eu a vi carregar você no colo por quilômetros, nesta rua mesma, quando você estava doente. É normal você se aborrecer porque agora vocês se veem menos e uma pessoa que ela conheceu há poucas semanas parece ter se tornado mais importante para ela.

– A questão não é eu ter ficado em segundo plano, é isso não ser bom para ela. – Garantiu Hinano. – Tem cabimento elas falarem como se fossem noivas de um dia para o outro? É uma empolgação que não tem lógica, Alina não tem nada a ver com ela!

– Sentimentos não têm de ser lógicos, Hinano-chan. – Observou Madoka. – Mas tome consciência dos seus, porque podem distorcer seu julgamento.

– Homura-san! – Apelou Hinano. – Você está do lado das pessoas que agem racionalmente. O que acha?

A senpai não se considerava a melhor juíza dos sentimentos alheios, mas nada no Universo a convenceria de que uma menina de quatorze anos não podia amar a sério.

– Hinano-san... – Respondeu Homura. – ... Talvez elas estejam exagerando, mas não posso afirmar com tanta certeza. Madoka-chan e eu somos bem diferentes uma da outra e estamos juntas desde que tínhamos a idade delas. Amar as diferenças pode ser bom. Se Alina-chan ficar mais responsável e Akira-kun mais solta, ambas ganham.

Hinano ficou desapontada, mas para Homura, o caso de amor entre Alina e Akira, se fosse sincero e durável, era uma boa notícia. Isso diminuía seu receio sobre Alina ser manipulada por Kyubey. Os incubadores não entendiam as emoções humanas e essa, menos que qualquer outra. Esse calcanhar de Aquiles já lhes custara dois universos. O risco era a estabilidade emocional delas. Homura já vira de perto como um coração partido pode ser mais fatal a uma garota mágica do que ser atravessada por golpes de lança.

– Homura-chan tem razão, Hinano-chan! – Reafirmou Madoka. – E se acontecer de elas descobrirem que foi um erro, paciência. Se a gente tiver de errar, que seja nessa idade, porque é mais fácil a gente se recuperar quando se machuca. Quando se cresce, é mais difícil cometer erros. Quanto mais responsabilidades, menos erros se pode cometer.

– Você parece Junko-san falando, Madoka-chan! – Riu Homura e levantou a mão.

– Mamãe sempre teve razão nessas coisas! –Madoka respondeu ao high-five de Homura. – Hinano-chan, esse é o primeiro amor de Akira-kun e não é hora de fazer críticas. Se a gente leva tombo ao dar os primeiros passos, o papel das amigas é ajudar a se levantar.

– Pensando nisso... – Refletiu Homura. – ... O caratê deve ter ensinado Akira-kun a manter o equilíbrio, ou pelo menos a se recuperar das quedas num instante.

– Verdade. – Concordou Madoka. – Akira-kun é corajosa e sabe manter os pés no chão em todos os sentidos. Já Alina-chan sempre teve tudo que quis, é imprudente e ama o drama e a fantasia. É com ela que temos de nos preocupar se houver um desentendimento.

– Vocês não conhecem Akira-kun como eu! – Argumentou Hinano. – Somos amigas desde o fundamental. Ela nunca foi assim! Eu...

– Espere! – Interrompeu Homura. – Sinto um miasma pesado. Parece vir de baixo do prédio.

Maioridade em MitakiharaOnde histórias criam vida. Descubra agora