Homura acordou primeiro. Ia se levantar para preparar o café e deixar Madoka dormir mais um pouco, mas ao olhar à meia-luz aquele rosto lindo, sereno e sorridente, enlevado com algum sonho bom, mudou de ideia. Depois de ter lutado tantos anos para tornar essa felicidade possível, merecia apreciar aquela vista por alguns minutos.
O tempo de felicidade e relativa paz que vinha desfrutando como amiga, namorada ou esposa dEla neste novo Universo estava para somar dez anos. Ainda era menos que os doze anos de angústia nos quais lutara sem parar sem conseguir impedir que ela morresse de alguma maneira atroz a cada seis semanas ou coisa assim, mas já era mais que suficiente para fazer com que tudo tivesse valido a pena. Será que conseguiria mais dez anos?
– Homura-chan... – Murmurou Madoka, sem abrir os olhos. – ... Adorei cada momento, mas isto não podia durar para sempre... Hora de ir...
Homura ficou de cabelos em pé. Madoka estava mesmo dormindo? Estava querendo dizer alguma coisa? Queria se separar? Mas por quê?
– Homura-chan... – Voltou a balbuciar Madoka. – ... Não fique assim... Você devia saber...
Saber o quê? Homura se afligiu. Ficou tensa e atenta, à espera da próxima palavra. Mas Madoka apenas voltou a sorrir. Momentos depois, deu um suspiro e abriu os olhos. Homura teve a impressão de ver neles um estranho brilho dourado como... Como vira muitos anos antes. No momento seguinte, porém, estavam totalmente normais e Homura duvidou de ter visto aquilo.
– Bom dia, Homura-chan! – Saudou Madoka, risonha, antes de retomar o beijo de sempre.
– E-está tudo bem, Madoka-chan? – Perguntou Homura, com uma ansiedade que há muitos anos não sentia. – Você estava me dizendo alguma coisa? Queria falar comigo?
– Hem? Não... Será que tive um sonho? Já não me lembro...
Madoka bocejou, espreguiçou-se e sentou-se na cama, revelando o corpo nu e os seios pequenos. Amigos comuns viam em Homura uma beleza rara, enquanto Madoka era vista como amável e carinhosa, mas não especialmente bonita. Mas para Homura, aquela a visão mais maravilhosa do Universo e tremia de medo de perdê-la.
– Vamos fazer o café? – Perguntou Madoka, sorridente.
– Va-vamos.
Vestiram camisolas e foram à cozinha. Homura estava calada, pensando.
– Tem alguma coisa errada, Homura-chan? – Perguntou Madoka. – Você está com uma cara...
Passou-lhe o dedo na testa franzida.
– Ah, eu estou pensando nas mutações que têm acontecido com as Aparições e até onde poderiam chegar... – Mentiu.
– Não se preocupe tanto, Homura-chan, não será nada que não possamos enfrentar juntas.
– Tem razão, Madoka-chan, tem razão...
Madoka parecia tão amorosa como sempre. Que diabos estaria se passando no coração dEla? Será que aquilo que murmurara antes de acordar completamente era a expressão de seus verdadeiros sentimentos? Madoka estava se cansando do casamento? Teria se interessado por outro alguém? Contanto que Ela fosse feliz, não deveria se queixar, mas sentia como se isso fosse partir seu coração... Não, sua Joia da Alma. Literalmente.
No começo, estivera preparada para viver sozinha e deixar Madoka levar a vida como quisesse, ao lado de quem escolhesse. Apenas cuidaria de proteger a Ela e às pessoas que Ela amasse. Mas após dez anos de convivência, não tinha certeza se conseguiria sobreviver a uma separação. E se não sobrevivesse, o que seria do Universo que recriara?
– Madoka-chan... – Atreveu-se. – Se por qualquer motivo você não estiver satisfeita com nosso relacionamento fale, tá? Seja o que for, vamos conversar e tentar resolver antes que piore.
Madoka largou o tamagoyaki que estava preparando. Pegou as duas mãos de Homura e a fitou nos olhos.
– Ofereço-me a você, Homura-chan, como sou, todas as minhas forças e fraquezas, com a certeza de que você me complementa, vai me levantar quando estiver cansada e me deixará ajudá-la quando tiver de passar por caminhos sombrios. Eu confio em você e em nós sem restrições. Tomo você como minha amante e melhor de todas as amigas e prometo sempre ter paciência, dizer e mostrar o quanto eu amo você, rir com você, chorar com você e amar você, Homura-chan, neste mundo e em qualquer outro no qual possamos existir.
– Ma-Madoka! – Exclamou Homura, de lágrimas nos olhos. – Mas ainda não chegou nosso aniversário de casamento!
– Pra que esperar? É uma delícia repetir isso e você quer ser reassegurada agora. Minha promessa daquele dia continua a valer hoje e sempre. Confie em mim: aconteça o que acontecer, nunca vou me separar de você. Não se depender de mim, pelo menos.
Homura, confortada, também repetiu a promessa daquele dia e voltou a seu beijo por minutos. Sim, seu casamento e seu amor continuavam ali e pareciam tão fortes quanto sempre.
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Maioridade em Mitakihara
FanficE se as protagonistas de Puella Magi Madoka Magica conseguissem sobreviver até se tornarem adultas? Há tempos eu queria escrever uma fanfic de Madoka Magica e me pareceu que essa possibilidade foi, até agora, relativamente pouco explorada. O ambie...