23. S A M

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Falar para Will sobre Kate havia sido libertador. Fazia muito tempo que eu não falava "Kate" e "Morreu" na mesma frase. Apesar de fazerem apenas três anos, falar nela ainda doía, talvez até mais do que antes. Mas era impossível não falar dela, não falar para o mundo sobre seu sorriso contagiante, sobre sua maneira de ver as belas coisas, sobre a sua fé e esperança. E também por, querer, de qualquer forma, mostrar à Will que ele não era o único que sofria, que existiam pessoas que passavam por situações até piores que a dele.

Apesar de manter um sorriso no rosto depois de conseguir tirar Will daquilo que ele chamava de quarto, eu estava profundamente triste por não ter conseguido falar com meus pais durante toda a manhã. Eu sabia que era um dia difícil, por isso queria estar ao lado deles e conversar, mesmo que fosse pelo Skype.
E para piorar o meu humor, que já não estava tão agradável, depois de ter minhas ligações rejeitadas pelos meus pais, as fãs do Will resolveram aparecer á cada dois minutos. E Will, coitado, tinha que forçar um belo de um sorriso e fingir estar feliz pelo carinho exagerado de suas fãs surtadas.

Eu já estava pelos cabelos quando tia May resolveu dar uma bronca em Will, quando bateram na porta novamente, senti meu sangue ferver e quase pude ver fumaça saindo pelos meus ouvidos.
Encostei-me nas costas do sofá e encarei tia May no último degrau da escada, reclamando e reclamando antes de subir novamente.
Se eu bem conhecia as malucas que os meninos da WRPJ chamavam de fãs, elas nunca nos deixariam em paz depois dessa descoberta que valia ouro.
Não me surpreenderia muito se acordássemos um dia com a notícia de que Will havia sido sequestrado e encontrado do outro lado do mundo todo amarrado a uma cadeira em um quarto escuro, teríamos que inventar algum tipo de máquina que eliminasse da mente de todos os fãs a localização da casa de tia May.

William Tompson trocou algumas palavras com a pessoa do outro lado da porta e a fechou, eu estava subindo as escadas em direção ao meu quarto, mas parei instantaneamente quando vi aquele sapato, o velho sapato polido tão conhecido por mim.
Meu coração disparou e eu desci as escadas em uma velocidade extraordinária, desconhecida até para mim.

_ Pai!_ exclamei me agarrando ao seu corpo alto e robusto.

Deixei algumas lágrimas rolarem ao sentir o seu perfume que eu tanto sentia falta.

_ Minha princesinha_ meu pai acariciou os meus cabelos e me beijou amorosamente enquanto seus olhos ficavam marejados e seu abraço ficava forte.

_ Oh, filha. Como sentimos a sua falta_ ouvi a voz da minha mãe e rapidamente me separei de papai para poder abraçá-la também.

_ Mãezinha!_ exclamei encarando seus olhos castanhos cheios de lágrimas e a abracei reparando que ainda estávamos do mesmo tamanho, ela não havia crescido nenhum centímetro, mesmo que ela quisesse, aquilo seria impossível.

Papai nos envolveu em um abraço caloroso e pela primeira vez depois que cheguei em Londres, senti-me acolhida verdadeiramente por eles. Não era uma chamada pelo Skype, era real.

Will continuava a alguns centímetros de distância agarrado a porta sem dizer uma palavra. Me separei do abraço dos meus pais e passei as mãos pelos cabelos animada.

_ Mãe, pai, este é o Will_ bati as mãos radiante_ Will, meus pais!

Não segurei uma risadinha. Eu estava muito feliz pela chegada dos meus pais e não conseguia conter toda a minha animação.

_ É um grande prazer conhecê-lo pessoalmente, Will_ mamãe o envolveu em seus braços fazendo com que Will se curvasse para que aquilo definitivamente, fosse considerado um abraço_ sua tia me mostrou uma foto de quando você era apenas um garotinho. Mas veja só,_ mamãe pôs as mãos sobre os ombros de Will e lhe deu uma boa olhada_ está um homem tão grande e bonito! Sou a Marta, este é o meu marido Ben.

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