Talvez eu quisesse estar lá, pulando e gritando enquanto via os meninos arrasarem no palco, mas eu não iria naquele show.
Não só porquê aquele lugar não me convinha, mas também por simplesmente ter outras coisas para fazer, como estudar e tentar controlar esse sentimento que nascera por Will em mim.
Eu poderia estar ficando maluca, mais um pouquinho e eu marcaria uma consulta com um psiquiatra, eu estava muito doente, ou talvez ...só apaixonada, por Will. O que me parecia tão ruim quanto.Sete meses atrás eu achava uma bobagem aquele ditado que diz que não se manda no coração, para mim era uma verdadeira besteira. Pois eu conseguia — ou achava que conseguia — controlar os meus sentimentos. Quando cheguei aqui e me deparei com o humor oscilantemente irônico de Will, eu prometi à mim mesma nunca sentir algo por ele, nunca sentir nada por aquele garoto bipolar cheio de problemas, prometi à mim mesma não me envolver ou, sequer, me intrometer na sua vida, bom, mas parece que agora eu já faço parte dela.
Por mais que eu tentasse e lutasse contra mim mesma, eu não conseguia parar de pensar nele e nos seus olhos verdes. Eu contava os minutos para ele cruzar a porta da frente e dizer qualquer bobagem, eu esperava ansiosa na frente da faculdade apenas para vê-lo, eu já acordava na expectativa de algo fantástico acontecer comigo, algo que também o envolvesse... qualquer coisa, o importante era que ele estivesse junto.
Will havia mudado de atitude comigo.
Ele não era mais um insuportável, estava sendo gentil.
Era meio estranho pensar que talvez os dois mocinhos que tanto se odiavam no começo da história acabassem se apaixonando no final.Mas e se toda essa mudança repentina de Will fosse por ele também sentir algo por mim? E se ele também estivesse apaixonado por mim? E se...
_ Samantha?_ meu nome soou pelo quarto e três leves batidas foram dadas na porta.
Desviei os olhos da bíblia fechada sobre a escrivaninha e levantei da cadeira. Eram apenas 8 horas daquela manhã e após um banho, sentei-me para ler a bíblia e, depois de terminar, acabei por me perder em meus devaneios bobos.
Arrumei os suspensórios da jardineira jeans e abri a porta dando de cara com Will encostado no batente da porta._ O café está pronto_ ele arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços dando um sorriso de lado.
_ Você fez o café? E a tia May?_ fechei a porta atrás de mim e me pus ao seu lado.
_ Saiu mais cedo.
_ Podia ter me chamado, estou acordada faz um tempo. Não precisava ter feito todo esse sacrifício_ falei cheia de ironia recebendo uma risada alta de Will.
_ Está duvidando da minha capacidade, Sam?
_ Eu não estou dizendo nada.
Caminhamos em direção a cozinha em silêncio, minha língua coçava para questionar o porquê ele havia chegado tarde ontem e não ter jantado comigo e tia May.
Estava na cara que algo estava o incomodando, algo que ele fazia questão de esconder de mim e agir como se tudo estivesse bem.
Sentei em uma cadeira em sua frente e encarei as panquecas, pareciam deliciosas.
Dei uma garfada em uma e fechei os olhos esperando que aquilo, talvez, viesse a explodir, tudo para arrancar uma risada de Will._ Eu não sou você, Samantha! Não deixo nada queimar e não, isso não vai explodir.
Ele sorriu me fazendo observar seus cabelos bagunçados e olheiras levemente disfarçadas, eu sabia muito bem que algo não estava indo bem, eu havia aprendido a conhecê-lo muitíssimo.
Seus olhos verdes fixos no café quentinho da caneca e seu silêncio constrangedor era o suficiente para que eu me convencesse de que algo realmente não estava bem.
Encarei seu caderno de desenho ao seu lado na mesa e encostei-me na cadeira.
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The Beautiful Things
RomansaThe Beautiful Things, "As Belas Coisas", trata-se de um romance cristão muito bem humorado que promete arrancar muitas risadas dos leitores. Tendo como personagens principais Sam Morrison, uma verdadeira cristã atrapalhada que saiu de Oregon para Lo...