35. S A M

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"Querida tia May, primeiramente apenas quero dizer-lhe que eu estou bem. Os últimos dias vêm sido satisfatórios e confesso já ter voltado a sorrir um pouco, mas sinto saudade de tudo aí. Em Wisconsin está nevando e bom, as plantinhas que existiam na frente da sua antiga casa congelaram e morreram. Passamos o feriado de natal com a vovó Tinna, como sempre, foi muito legal estar novamente em família. Meus pais estão mandando muitos beijos e abraços, mandaram dizer que estão a esperar por uma possível visita sua.
E como estão as coisas por aí? Notícias da Suzan? Não tenho o número dela e gostaria muito de saber como ela está. Tudo bem com o Otto? Espero que estejam vivendo um verdadeiro romance de contos de fada, mas não igual ao da Branca de Neve.
E o Will? Ele está bem? Gostaria que soubesse que mesmo depois de tudo, continuo me preocupando muito com ele e espero que estejam todos bem. Saudade do seu bolo de chocolate! E do calor de Londres, li na internet que não vai demorar para nevar aí... Mas, bom, desejo um feliz ano novo para você! Espero que não demore muito para me responder, a internet não está funcionando muito bem! Vamos para Boston amanhã, ficar com a vovó Elle antes do ano novo. Fique bem, não esqueça que eu a amo, a senhora e o Will, Jesus abençoe vocês.

Com muito amor e carinho, Sam"

Dobrei o papel delicadamente e a pus no envelope endereçado à tia May, com a internet ruim, eu não podia enviar e-mails e muito menos receber, somente quando o sinal ficava um pouco melhor, o que era quase como um milagre.

_ Mãe, pode colocar isso no correio para mim?_ perguntei para minha mãe assim que desci as escadas com o envelope nas mãos.

_ Mais uma carta?_ ela arregalou os olhos pegando o papel de minhas mãos_ bem que você poderia escrever todas as cartas que deseja mandar e me entregar todas elas juntas, não uma carta por dia. O correio fica longe e está nevando muito para estar lá todos os dias da semana_ mamãe falou exagerada e eu me debrucei sobre o balcão.

_ Desculpe, mamãe. Mas essas cartas são importantes, é a terceira que mando para a tia May e já foram cinco para a Emily. Preciso mandar uma endereçada ao Peter_ fiz cara de cachorrinho que havia caído da mudança_ por favor, mãezinha... Essa é a última antes da nossa viagem, prometo falar com todos eles quando estiver em Boston, lá haverá sinal.

_ Okay, mas esta é a última, ouviu, mocinha?_ mamãe falou e eu a abracei vibrando.

Os primeiros dias aqui em Wisconsin haviam sido agonizantes, mas, aos poucos, tudo estava voltando ao normal e eu, voltando a minha antiga rotina. Andava decorando uma página da WRPJ no meu scrapbook e tentando ao máximo não pensar em Will. Deixar as coisas no passado não significa esquecê-las, significa levantar a cabeça e seguir em frente usando o passado como um impulso para continuar e fazer diferente.
Agora eu estava fazendo coleção de meias compridas e coloridas, eu tinha uma de abelhinha, outra com decoração de uvas e uma com nuvens. Neste momento eu usava a minha marrom com ursinhos, essas meias eram muito úteis nos dias congelantes de Wisconsin.
Depois de deixar minha carta com mamãe na cozinha, segui para a sala me jogando no sofá ao lado de papai. Éramos comparsas em nos jogar ao sofá nas noites de domingo, após o culto, e ficar de bobeira em frente a TV assistindo nosso programa favorito.

_ Está na hora de ir para a cama. Vamos viajar cedo amanhã_ mamãe apareceu na frente da TV a desligando nos fazendo resmungar_ nada de reclamações. Vocês dois_ apontou o dedo na direção dos nossos narizes e o balançou_ já pra cama!

_ Mas agora que são onze da noite, Marta!_ papai resmungou ainda insatisfeito.

_ Eu não quero saber as horas, Ben. Quero que vão dormir, não quero ninguém na cama cansado quando eu chamar!_ mamãe exclamou pondo as mãos na cintura e nós entendemos o recado. Se na manhã seguinte, a dona da casa dissesse "levantem!", triste de quem ainda ficasse na cama.

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