27. S A M

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Os olhos azuis de Peter eram adoráveis, da mesma maneira que me encantavam por alguns minutos de seriedade em sua face, me faziam sorrir quando alguma bobagem saía de sua boca.
Enquanto dançávamos sobre a pouca luz do salão, era inevitável não sorrir dos seus comentários bobos. Tudo estava indo às mil maravilhas, até a breve discussão de Suzan e Peter e o quase estrangulamento do último.
Iniciamos a dança mais uma vez e encarei Peter soltando um suspiro e um sorriso enquanto colocava as mãos em volta da minha cintura.
Por alguns minutos, a música pareceu sumir dos meus ouvidos, senti tudo em volta mais escuro do que realmente estava. As pessoas em volta sumiram, a música sumiu e eu encarei o nada totalmente confusa com o que estava acontecendo.
Meus olhos focaram acima dos ombros de Peter, encarei Will e Suzan dançando poucos metros atrás de onde eu e Peter estávamos.

Não pareciam felizes, não pareciam um casal apaixonado e ansioso por um bebê. E se fosse eu a culpada por eles não estarem totalmente bem um com o outro?
E só então percebi que aquela sensação de náuseas e tontura era nada mais nem nada menos do que ciúmes. Eu estava com ciúmes, pois eu queria estar ali, eu queria estar dançando com Will.

Eles trocaram de posição no ritmo da música, Will ficou de costas para mim e os olhos de Suzan se encontraram com os meus. Aqueles olhos verdes fixaram nos meus, e não foi por coincidência ou porquê eu estava olhando também, Suzan estava me encarando porquê queria deixar bem claro o quanto a minha presença a incomodava. Uma ruga surgiu em sua testa e eu logo tratei de desviar o olhar.

_ Sam, está tudo bem?_ Peter sussurrou encarando-me preocupado.

_ Não, Peter. Estou me sentindo um pouco mal.

_ Tem certeza? Você acha que é melhor irmos embora?_ Peter perguntou preocupado enquanto eu afirmava, e paramos a dança, olhei mais uma vez para Will e Suzan dançando e caminhamos em direção á mesa em que os meninos estavam sentados_ Pessoal, eu vou levar a Sam para casa_ Peter anunciou assim que chegamos.

_ Está tudo bem?_ Richard questionou de imediato.

_ Só estou me sentindo um pouco cansada, o dia foi exaustivo_ esbocei um sorriso torto e acenei para os meninos_ tenham uma boa noite.

_ Você também_ Jhonny falou sorrindo e Richard nos direcionou um tchauzinho.

Caminhamos em direção a saída rodeada de fotógrafos e foi impossível fugir dos flashes que, instantaneamente, surgiram quando cruzamos as portas duplas, e, para piorar, Peter colocou uma das mãos em volta da minha cintura. Aquilo poderia até ser apenas um ato carinhoso por eu não estar tão bem, mas com toda a certeza os jornais diriam outra coisa.
Os fotógrafos só nos deixaram em paz quando alcançamos o estacionamento onde Peter pediu para um manobrista tirar o seu carro, finalmente eu podia respirar fundo e aliviar o peso que havia se formado em minhas costas.

O estacionamento estava bem cheio e o manobrista levaria alguns minutos para tirar um único carro de entre milhares e milhares. Seria bem mais fácil se ele usasse algum tipo de varinha de condão para fazer o carro simplesmente voar e pousar em um canto qualquer onde ele estaria livre para rodar.
Tirei os saltos que já apertavam os pobres dos meus dedinhos sobre o olhar carinhoso de Peter, ele seria uma das pessoas que eu mais sentiria falta em Londres. A amizade que havíamos conquistado era verdadeira, ambos éramos lerdos e lentos de uma maneira extraordinária.

_ Viu? Nem demorou muito!_ Peter falou quando por fim, o manobrista conseguiu retirar o carro.

Relaxei os ombros quando entramos no carro após Peter dar uma boa nota para o manobrista.
Encarei os borrões escuros que passavam pela janela e por um segundo, os vi mais uma vez, dançando graciosamente, bem na minha frente. Balancei a cabeça negativamente dispensando esses pensamentos e tirei o cinto assim que Peter parou o carro na frente da casa de tia May.

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