32. W I L L

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Dizem que sonhos são como pequenas estrelas que nos fazem sobreviver á escuridão, nos são um alvo. Porém, os sonhos não são tão descomplicados como as estrelas, elas um dia explodem e perdem seu brilho em um vasto universo, os sonhos, por sua vez, apagam-se, mas, ao primeiro resquício de esperança, se reascendem mais fortes do que nunca.
Não existe sonho individual, quando sonhamos, não sonhamos por nós mesmos, pessoas egoístas sonham por si próprias, pessoas altruístas sempre têm um sonho para compartilhar com alguém, isso acontece até mesmo inconscientemente, nós envolvemos pessoas nos nossos sonhos, e, isso define se, depois da realização, seremos, realmente felizes ou não, pois as coisas não dependem apenas dos sonhos, elas dependem de com quem se decide sonhar.

Eu queria ser inteligente o suficiente para desistir de sonhos impossíveis, mas, o que dizer? Sonhos não se rendem á desistência, eles se escondem até a sombra de insegurança passar. Afinal de contas, os sonhos foram feitos para serem impossíveis. Se fossem possíveis no agora, no dessa forma, não seriam sonhos, seriam realidades. Sonhos rompem a barreira do mágico e do profundo, sonhos rompem a barreira do normal, do acreditável, são produtos de uma imaginação alimentada todos os dias de possibilidades, mas, ficam ainda mais fortes quando a comida acaba, porquê sonhar é muito melhor sem boas estatísticas, e a surpresa é uma carta na manga do futuro. Um futuro que, quando é amigo, vem recheado de sonhos realizados, quando é destino, torna a persistência muito mais do que uma palavra ao vento.

Eu nunca havia sido alguém de sonhar alto. Sempre fui muito recatado nesse assunto. Todos os meus sonhos haviam sido abandonados quando meu pai morreu. Naquela época, eu tinha tantos deles, tinha uma coleção inteira, sonhos coloridos, sonhos em preto e branco, sonhos de um Will adulto, de um Will criança, e, até de um Will velhinho de cabelos brancos e arcada dentária incompleta. Sonhos profissionais, sonhos estruturais, simplesmente sonhos, que começaram a ser deletados com a morte da pessoa que me ensinara a sonhar. Mas, naquele momento, anos depois, com a pontinha de esperança, que eu gostava de chamar de Sam, todos eles pareciam renascer ainda mais brilhantes.
A WRPJ estava indo melhor do que nunca, tínhamos ganhado prêmios e ainda concorríamos a tantos outros. A alegria estava estampada no olhar dos meninos naquele dia, Jhonny principalmente, depois de, pelo menos quinhentas tentativas, finalmente ter conseguido o número de Emily. Eu não queria dizer isso, mas, estava adorando aquela dura dela, Jhonny tinha se tornado tudo que apontara em mim. Mas, para uma garota que mandava ele ver se ela estava na esquina á cada tentativa, ter conseguido o número do telefone dela era uma vitória que merecia mais do que uma comemoração.

Peter quase podia explodir de alegria, e, tenho certeza que tinha, ao menos, comunicado Scarlett sobre nosso mais novo troféu, juro que eu estava me controlando para não esfregar aquele troféu na cara daquele projeto de lambisgóia. Porém, ela era a mãe do meu amigo e, embora eu nunca tenha sido muito respeitoso com pessoas daquela espécie, ela ainda era a mãe de Peter, esposa do Mason... Eu não podia, mas, que fique claro o tanto que eu queria.
Richard ainda estava receoso, mas, pelo que eu sabia, seus pais tinham aceitado muito bem a viagem. Depois de termos batido o carro do vovô Chang, ou melhor, depois de terem batido em nós, o pai do japonês quase deserdou o garoto só por causa daquele arranhãozinho de nada que, por acaso, custou meu olho direito, porque fui eu quem pagou o concerto para que Richard não fosse decapitado no meio da avenida. Aisha se desculpou, fingiu estar arrependida e desapareceu nos deixando com a maior cara de idiotas. E, depois, ainda teve a cara de pau de pegar o número do meu amigo e mandar mensagem se desculpando, como se não conhecêssemos aquela peça.

E eu?
Eu estava quase pirando.
Já não bastava ter passado a madrugada atrás de um vestido para Samantha, eu ainda estava enlouquecendo Sheron para que ela resolvesse aquilo.

_ Eu não disse azul!_ reclamei calmamente fazendo a mulher suspirar pesadamente recolocando o cabide que segurava o vestido no mostrador.

_ Você não disse cor nenhuma, senhor William _ ela respirou fundo pela milésima vez retirando um outro de cor amarela mais fraquinha.

The Beautiful ThingsOnde histórias criam vida. Descubra agora