The Beautiful Things

18. W I L L

Pensar antes de agir é um ato essencial para qualquer ser humano. Tomar decisões pelo ímpeto do momento é, quase sempre, uma atitude idiota. Se pensamos antes de agir, contamos até trinta e impedimos que a mente entre em colapso, provavelmente iremos comprovar que pensar é o mecanismo mais avançado de qualquer pessoa. Pensar e de preferência antes de qualquer coisa. Independente de qualquer situação, pensar antes.

O grande problema é que nós, meros homens mortais, tomamos por hábito pensar depois de tomar a atitude e, nos martirizar por termos sido tão estúpidos a ponto de não pensar no momento certo.
Sabe? Aquilo de falar o que se pensa e não pensar no que fala. É uma droga, eu sei!
Mas todos nós, não importa o quão inteligentes, ricos ou capacitados nós somos, todos nós tomamos decisões por impulso, e, consequentemente, nos arrependemos delas. E era nesse estágio que eu me encontrava. Eu batia convulsivamente no volante do carro repetindo a palavra "Burro" várias vezes.

Parei um instante, suspirei.
Eu estava fazendo mais uma vez. Agindo por impulso.
Quando eu aceitei ser o pai daquele bebê, não cogitei a ideia de o que Samantha pensaria disso.
E, talvez eu pudesse não me importar com ela. E daí que ela pensasse que eu havia sido responsável pela gravidez de Suzan?
Eu, realmente, podia não me importar, mas, não se tratava de uma amiguinha qualquer, uma fã enlouquecida ou qualquer outra pessoa, estávamos falando de Sam. E eu seria muito idiota se não percebesse o óbvio, eu estava terrivelmente apaixonado por aquela garota incrível que ela era.

Sim, ela havia me conquistado com aquele seu jeitinho. E quem, me diga, quem não seria cativado com aquele jeito especial de Samantha?
Suspirei mais uma vez. Encarei a praia* á minha frente ainda dentro do carro. O dia estava límpido, mas a brisa que soprava não era tão quente. Algumas pessoas passeavam pelo local.

Encarei o relógio no meu pulso, eu havia passado os últimos cinquenta minutos ali, admirando a paisagem que me era proposta. Analisei mais um pouco antes que meu celular anunciasse uma notificação.
Era um projeto de arte que seria exibido no Britidh Museum. Já haviam me avisado desse evento havia alguns dias e eu estava acompanhando o desenvolver das exposições, mas havia esquecido a data de abertura, por isso, coloquei um pequeno lembrete no celular, com data e horário. O museu acabava de ser aberto e foi para lá que eu dirigi por quase duas horas, porquê, caso não lembrem diferente de como é na América, a velocidade média permitida em Londres não passa de dezesseis quilômetros por hora.* É mole?

Desci do carro e entrei, já havia pago o ingresso. Passei pelas portas de vidro tirando o óculos de sol escuro para focar mais nas pinturas. O museu tinha feito um acordo com uma das galerias de arte mais famosas de Londres, e, abriu um pequeno espaço no meio de tantos artefatos históricos para apresentar pinturas famosas, antigas e, sem dúvida muito, muito caras.

Eu já havia avaliado parte daqueles quadros quando cheguei naquele que mais me chamava atenção. Já haviam se passados minutos e eu ainda encarava o quase toque das mãos dos personagens da pintura A Criação de Adão de Michelangelo. Os traços eram realmente marcantes, mas o que me chamava atenção era a ideia proposta pela cena. Um homem levantava um de seus braços com o propósito de alcançar ou, pelo menos, tocar em Deus, mas o mesmo estava tão distante, naquela nuvem, rodeado de anjos.

_ É incrível, não é?_ um garoto que eu nunca havia visto na vida se aproximou encarando a pintura com uma intensidade tamanha.

_ É, acho que sim_ voltei meus olhos ao quadro.

_ É apenas uma bela representação, mas não há quem possa negar o quão interessante é.

_ Estou aqui admirando há alguns séculos_ brinquei e ele sorriu ajeitando os óculos de armação quadrada ao rosto.