The Beautiful Things

38. W I L L

Fé é uma palavra que só quem tem consegue discernir seu significado.
Nos dias mais nublados, esperamos que venha o sol, assim como na tempestade, esperamos a calmaria, e, na dor, a bonança. Nós aprendemos, em meio a dor, que Jesus sempre esteve no nosso barco. É estranho pensar nisso quando eu nunca me imaginei tendo fé em algo que eu não conhecia ou nunca tinha, sequer, visto.
Com Deus tudo se tornava mais fácil, eu percebia que só não conseguia acreditar porquê, além de não conhecê-lo não quis confiar no seu poder. Eu tinha todos os motivos para olhar além do horizonte e perceber que Ele era real, mas optei por prender meu olhar atrás, no passado, e acreditar que, assim como a névoa, Deus e seus propósitos desapareceriam quando voltasse o sol, mas nunca foi o que aconteceu.
Em meus desastres, Ele esteve lá.
Em meio aos meus surtos, Ele também esteve lá, e, nos momentos que me senti sozinho, Ele esteve lá, foi assim quando eu quis desistir e sem saber continuei, apenas porquê Ele também estava lá segurando a minha mão e me fazendo resistir a tudo, Ele foi uma mão oculta que me empurrou para um futuro fantástico, Ele foi a muleta disfarçada que me fez continuar andando mesmo quando a dor fazia os meus pés paralisarem.

O engraçado é que, todo mundo conhece Deus, e a maioria das pessoas diz crer Nele, mas, ter fé em Deus, é muito mais do que dizer em um diálogo com Ele que a tem. Ter fé em Deus, é colocar tudo na disposição Dele, é esperar o tempo Dele para as coisas acontecerem. É confiar, mesmo que tudo possa parecer contrário.

Eu acabava de reiniciar minha caminhada com Deus, havia muitas coisas que eu precisava aprender, e, Deus, de uma forma tão paterna, acabou me acolhendo. Quando a tia May sofreu o acidente, eu me pegava falando com Deus as vezes e pedia para Ele me dar forças, mas, com isso, descobri que não é bem assim que as coisas funcionam. As vezes, quando pedimos coragem, Deus nos dá oportunidade para sermos corajosos. As vezes, quando queremos ser fortes, Deus nos manda uma prova para que nela, possamos demonstrar a força que pedimos aos céus. Percebi que quando eu pedi para eu ser forte, Deus apenas me deu a oportunidade de confiar Nele e testar a força da fé que eu acabava de proclamar na minha vida.

_ Tulipas, Mangólias, Rosas, Margaridas, Silvestres..._ a moça me encarou sorridente depois de recitar bem cada nome_ escolheu?

_ Eu acho que vou levar a Rosa, ela vai adorar!_ sorri de volta empolgado.

_ Só uma?

_ Não, faça um buquê de rosas brancas, por favor!_ a morena sorriu por baixo dos óculos e começou a posicionar as flores.

Depois de pagar pelo arranjo, saí da floricultura e peguei um táxi em direção ao hospital. Eu acreditava que, agora que havia aceitado que Jesus transformasse a minha vida, tia May já teria acordado, viria para casa e viveríamos felizes para sempre, como em um conto de fadas. Mas, não era assim que Deus trabalhava.
Ao chegar ao hospital, dezenas de fãs e repórteres ainda estavam na porta, mas dei um jeito de fugir das perguntas e entrei no hospital rapidamente migrando até a recepção onde ganhei um crachá de visitante e permissão para ir até o quarto de minha tia. Jhonny já estava lá, assim como Peter e Richard que pareciam mais unidos naquele momento difícil.

_ E aí? Como você está?_ Jhonny me ofereceu um copo de café e colocou uma das mãos em meus ombros.

_ Estou muito bem, tenho certeza que hoje receberemos boas notícias _ abri um sorriso para o loiro que retribuiu na mesma intensidade encarando os dois outros que se aproximavam.

_ Você acha que ela vai se recuperar ?_ Peter perguntou exalando tristeza em sua voz.

_ Eu tenho certeza!_ acolhi Peter em um abraço e ele suspirou profundamente. Dava mesmo para sentir o quanto meus amigos estavam preocupados, o quanto queriam que aquilo tudo se resolvesse e fôssemos felizes de novo.