_ Por que você me perdoou tão facilmente?_ perguntei depois de um longo tempo ouvindo aquela música.
_ Já não falamos sobre isso?_ colocou o dedo indicador no queixo_ você me pediu desculpas, se arrependeu, eu precisava perdoar...
_ Não estou falando só disso, Sam. Você sempre me perdoa_ a encarei sob a luz da lua. Ela estava linda e sorridente, como sempre esteve_ quando vai terminar essa sua cota de perdão para mim?
_ Nunca_ respondeu convicta_ uma vez perguntaram exatamente isso para um certo homem...
_ Perguntaram?_ tirei o fone para prestar mais atenção ao que ela falava já que a música já tinha acabado.
_ Sim, uma vez um cara se aproximou desse homem e disse que estava cansado de perdoar as pessoas, sabe, e, aí ele perguntou se ele devia perdoar quem errava com ele apenas sete vezes no dia, assim se a tal pessoa errasse sete vezes no dia, acabava com o limite de perdão dele, mais um erro e estava fora da possibilidade do perdão.
_ Qual foi a resposta?
_ Uma aula_ Samantha sorriu como se relembrasse de algo_ o certo homem disse que ele não deveria perdoar apenas sete vezes, mas, setenta vezes sete.
_ Isso quer dizer perdoar 490 vezes em toda a vida?
_ Não, Will, isso quer dizer perdoar 490 vezes em um dia.
_ Ninguém consegue errar tanto em apenas um dia, isso é praticamente conceder perdão infinito_ ponderei e Sam colocou sua cabeça em meu ombro.
_ É aí que está a graça. Perdão não deve ser limitado ou finito. Perdão é algo liberal, algo que não se deve conter.
_ Você nunca deixou de perdoar ninguém?_ perguntei.
_ Não, foi o que Jesus me ensinou com os setenta vezes sete.
_ O homem era Jesus?_ encarei as estrelas a frente e Samantha confirmou com a cabeça sorridente_ Mas, e as pessoas que erram e não pedem perdão?
_ Pois elas também o necessitam.
_ Não necessitam não, se necessitassem pediriam por ele.
_ A graça do perdão não está em alguém aos seus pés implorando, está em alguém no seu coração que não merecia, mas, que o recebeu mesmo sem merecimento.
_ Não daria perdão para alguém que não me pediu.
_ Então não seria perdoado também_ virei-me em sua direção para encará-la_ Finja que toda a vez que perdoa alguém, você aumenta a probabilidade de ser perdoado quando errar. Will, não é questão de merecimento, nós não merecíamos o perdão de Deus, todos nós pecamos, estávamos destituídos da glória Dele quando Ele enviou Jesus para nos salvar. Eu não me lembro de ter pedido para Ele isso, até porquê, há dois mil anos atrás eu nem havia nascido. Você pediu?
_ Com Deus é diferente, Sam... Ele... Ele é, diferente.
_ É claro que Deus é diferente, mas isso não torna o perdão algo mais fácil para Ele, mesmo não havendo nada difícil aos seus olhos. Se imagine perdoando um filho que, a cada ano, se afasta um pouquinho de você e te procura apenas quando precisa de um favorzinho. Assim que o favorzinho é feito, o mesmo filho que regressava para perto dos seus braços se afasta novamente para longe de você, melhor, para os braços do seu pior inimigo o tratando como pai amado. E, isso acontece repetidas vezes, e você nunca se cansa de perdoá-lo e dar uma segunda chance... Você acha isso fácil?
_ Parece realmente difícil!_ suspirei.
_ Agora imagine que você tem sete filhos, e isso acontece com seis deles. Seis deles estão distantes, seis deles só vêem quando precisam, seis deles não têm você por perto, e, para que isso acabe e o perdão possa finalmente reinar, o um que nunca se afastou de você, que sempre esteve por perto independente dos favoreszinhos, permaneceu ao seu lado, ele precise ser sacrificado por amor dos outros seis... Para perdoar seis com pecado, o um que nunca errou tinha que morrer. Imagine isso, você o faria?
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The Beautiful Things
RomansThe Beautiful Things, "As Belas Coisas", trata-se de um romance cristão muito bem humorado que promete arrancar muitas risadas dos leitores. Tendo como personagens principais Sam Morrison, uma verdadeira cristã atrapalhada que saiu de Oregon para Lo...