ℭ𝔞𝔭𝔦𝔱𝔲𝔩𝔬 20

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     Havia uma enorme fogueira, onde as mais variadas espécies da floresta se reuniam para dançar ao redor.

    Estavam todos contagiados com a animação da música, que era tocada por um sátiro, sentado num pequeno tronco de madeira.

    — Isso é perfeito. — comentou Ramona, apertando minha mão com força. — Devemos nos misturar.

      Levantei as sobrancelhas, revezando o olhar entre as criaturas vestidas com folhas e pinturas, e nós, com roupas pretas que se destacariam facilmente naquele meio.

    — Você está ficando louca, ainda mais se acha que... — antes que eu terminasse de procastinar, ela fez com que palavras inaudíveis sumissem completamente com minhas roupas. — Ramona!

    Me apressei para cobrir minhas partes íntimas com as mãos, num ato espontâneo.

    — Me deixe ver seu corpo, preciso saber como devo cobri-lo.

    — Sempre soube que fazia seu tipo. — ironizei, fazendo o que ela pediu.

    Ramona riu, ao mesmo tempo em que senti tinta fresca, deslizando pelo meu corpo e formando desenhos calculados por ela mesma.

    Eram aspirais, folhas e símbolos que eu desconhecia. Também senti tinta preenchendo meus olhos, escorrendo lentamente pelas minhas bochechas.

   Por fim, a morena tocou minhas orelhas. Um simples toque, porém, que as fez crescerem de forma pontiaguda.

   — Oh, definitivamente você deveria se vestir de elfa mais vezes. — assobiou, olhando para a obra que tinha acabado de moldar.

    — E você? — Questionei, notando que ela continuava a mesma.

    Ela sorriu, como se estivesse esperando muito por essa pergunta. Uma luz incandescente cobriu seu corpo, me fazendo estreitar os olhos, devido a claridade fatal que exalava.

    Quando a luz cessou, ela estava de volta, com as asas saltadas para fora, e com tinta vermelha cobrindo apenas as partes necessárias do corpo.

    Todas as suas curvas estavam a mostra, fazendo-a ficar ainda mais encantadora e selvagem do que o normal. Seus olhos cinzas se destacavam no meio das colorações em seu rosto.

     — Sempre soube que fazia seu tipo. — ela repetiu minha frase, rindo da minha falta de reação para sua beleza.

     — Idiota! — Balancei a cabeça, rindo também.

     — Assim que te ver, Caliban irá se arrepender da péssima escolha de palavras que usou mais cedo. — me puxou, andando até a fonte de onde vinha tanta comemoração.

     Vestidas dessa forma, ninguém se incomodou em nos olhar com desconfiança, afinal, éramos como eles.

      Quase prendi a respiração quando percebi que um rapaz alto e bronzeado vinha em minha direção, com os longos cabelos platinados balançando incessantemente. Assim como minha amiga, ele também possuía um belo par de asas nas costas.

     — Prazer, Andrew Frost. — fez uma reverência, deixando um beijo demorado em minha mão direita. — Qual é o seu nome, senhorita? — Ele se levantou, me fazendo notar seus olhos cinzas, novamente como os de Ramona.

    — Dá o fora, projeto de galã. — a súcubo colocou as mãos no peitoral malhado dele, o empurrando com força. Andrew apenas gargalhou em resposta. — Ela não será seu lanchinho de hoje.

    Lanchinho? Do que diabos eles estavam falando?

    — E por que não seria? — Ele exibiu os dentes brancos, num largo sorriso, enquanto arrumava meus fios de cabelo.

    — Porque ela é minha noiva, babaca. — um braço extremamente familiar envolveu minha cintura. O braço de Caliban.

     Meu coração bateu mais rápido quando notei a raiva e indignação estampadas em seu rosto perfeito, que também estava pintado harmonicamente. Era facilmente o ser mais bonito entre todos presentes.

    — Sinto muito, pensei que a dama estava sozinha. — devido ao olhar carregado de fúria do Caliban, o rapaz se apressou em sair de perto o mais rápido possível.

     — Você está bem? Se aquele íncubo maldito tiver encostado em você... — Caliban segurou meu rosto com as duas mãos, procurando por qualquer mínimo arranhão.

     — Íncubo? — A pergunta saltou para fora de minha boca. No entanto, a resposta era óbvia. Essa era a justificativa para as semelhanças com Ramona.

    — Ele estava louco para se alimentar de você, Sabrina. — ele reclamou, com ódio. — E você estava hipnotizada. — acusou, respirando fundo.

   — Não estava. — afirmei, me afastando de seu toque. — Aonde está Maxon? — Quando me virei para Ramona, ela estava petrificada, olhando para algo além da fogueira.

    Olhando para Maxon conversando com uma mulher que ostentava orgulhosamente uma coroa na cabeça. Astrides.

   

𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐞𝐫𝐧𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora