Enquanto caminhava lentamente entre as mesas de casais apaixonados, eu podia sentir o olhar de Caliban queimando em minhas costas. Eu ri, sabendo que nunca tinha visto seus olhos tão arregalados quanto no momento que eu acabará de presenciar. Estava desacreditado de que eu realmente o havia chamado para transar no banheiro. Mas, como eu poderia resistir? Ele estava tão atraente, e tinha acabado de ter uma proposta de casamento negada, parecia um cachorrinho triste. Ah, eu realmente queria reconfortá-lo em meus braços.
Me controlei para não deixar minhas pernas cederem e me derrubarem no chão quando vi um casal dando comida um na boca do outro, com olhares apaixonados. Havia um contraste evidente entre eles. Enquanto a garota usava um vestido florido e cheio de cores, o rapaz usava apenas preto em todas as peças que trajava. E... eram nada menos do que Nicholas Scratch e Sofie, a mesma menina bonita que tinha surtado como uma louca na boate infernal. A mesma garota que eu arranquei todas as lembranças sobre aquela noite.
Eu nunca saberia dizer o que exatamente meu ex poderia querer com uma humana tão leiga em todos os assuntos sombrios que o cercavam, mas, com certeza não era algo bom, não quando ele tinha um histórico tão sujo.
Apenas voltei a respirar normalmente quando cheguei ao banheiro, encarando minha aparência chocada no enorme espelho de vidro.
- Que porra foi essa?! - Eu gritei tão alto que não me surpreenderia se as pessoas do lado de fora tivessem escutado. Estava tão brava com a situação, que senti vontade de socar o espelho até ele se reduzir a milhares de pedacinhos.
Não estava furiosa por ciúmes de Nicholas, mas sim, porque de certa forma, eu me vi naquela garota, inferno, eu já fui aquela garota. Jovem, inocente e extremamente manipulável. Eu era assim antes de conhecer aquele mesmo rapaz com quem ela estava agora, olhando deslumbrada. Eu era assim antes de ser traída.
Assim que a porta do banheiro se abriu, eu estava disposta a dizer o quanto estava indignada á Caliban. Porém, não foi ele quem entrou.
- Por que está tão pálida, querida? - Os olhos castanhos escuros de Nicholas me analisaram, enquanto ele trancava a porta atrás de si mesmo. - Não sei porque está tão chateada, eu enviei o meu número para você.
Balancei a cabeça, convencendo a mim mesma de que não era uma boa ideia matá-lo num lugar público
- Qual é o seu problema? - Empurrei ele de minha frente, andando até a saída, mas num piscar de olhos, eu estava contra a porta de madeira, e ele estava com o corpo curvado ao meu e as mãos apoiadas ao lado de minha cabeça. - Eu estou tentando não te matar, Nicholas, então eu sugiro que você afaste suas patas de mim. - encarei seu rosto bonito e maquiavélico.
- Então você lembra meu nome. - ele riu, ignorando a ameaça. - pena que não me disse o seu.
- Meu nome é... - fiz uma pausa dramática. - vai se foder, seu cuzão.
Nicholas gargalhou, jogando a cabeça para trás como seu eu tivesse contado uma piada hilária. Sua garganta ficou mais evidente, me fazendo pensar o quão gratificante seria enfiar uma faca nela.
Mas, é obvio que ele achava que eu estava flertando de volta, era convencido o suficiente para nem mesmo cogitar a ideia de levar um fora.
- Quais são os seus planos com a humana? Vai usá-la para depois descartar como se fosse um objeto? - ergui o rosto, exibindo minha seriedade. - Vai brincar com os seus demônios sexuais e deixa a garota em paz.
- Quem disse que ela é humana? - ele arqueou as sobrancelhas, estava claramente se divertindo. - E por que você não vem brincar comigo, amor?
Toda a minha boa vontade e autocontrole se esvaíram quando eu percebi que Nicholas estava disposto a me destruir da mesma forma que já havia feito um dia, mas não lembrava. Ele nunca mudaria.
Minha raiva se transformou em força bruta, se acumulando em meu punho. Não ousei nem mesmo piscar quando acertei o rosto do bruxo com raiva e rancor, deslocando o seu nariz violentamente. Em resposta, ele me olhou perplexo, enquanto levava as mãos ao sangue que escorria de forma frenética do nariz recém quebrado.
- Não me chame assim, seu imundo. - exigi, destravando a porta e saindo com rapidez.
Meu corpo esbarrou no de Caliban, que parecia estar prestes a entrar. Ele deu alguns passos para trás, tombando a cabeça para o lado quando olhou para mim, e depois para o bruxo ferido dentro do banheiro.
- Eu vou querer saber o que aconteceu? - O loiro riu, me oferecendo a mão.
- Provavelmente. - aceitei sua mão, enquanto nos distanciávamos do banheiro.
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𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐢𝐧𝐟𝐞𝐫𝐧𝐨
FantasyO vazio achou uma brecha na vida de Sabrina no exato momento em que ela abdicou do "Spellman" em seu nome, no exato momento em que ela deixou de ser dócil e amável, no exato momento em que... Ela se tornou ela mesma. E, cuidar do inferno estava l...