Female Robbery.

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Bom Diaaaa seu puliça
Tudo bem, tudo bom?


A música título de hoje é Female Robbery, The Neighbourhood.




Daniel estava de volta a Detroit. Depois de uma pequena temporada no Texas, finalmente havia voltado para o lugar que considerava sua casa. Desceu do ônibus que havia lhe levado até ali e observou a cidade a sua volta. Nada havia mudado, e duvidava fielmente que mudaria algum dia.

Pegou sua pequena mala e seguiu até o ponto de táxi mais próximo. Sentou-se num dos bancos imundos e esperou.

Fora para o Texas porquê descobriu ter um tio. Ele era irmão de sua mãe, e contrariando todas as expectativas, era um homem muito decente. Não tinha filhos e era viúvo, mas vivia numa boa condição financeira. Tratou o sobrinho com extrema educação e mostrou fotos da irmã, e ao ver aquilo, Daniel teve noção do quanto se parecia com ela. Havia descoberto também que ela era extremamente obsoleta de sua família, até sua morte a alguns anos atrás, de câncer.

Daniel não poderia dizer que sentia muito pela morte dela ou que sentia sua falta. Mal havia a conhecido. Entretanto, ela ainda era sua mãe. Esperava que descansasse em paz.

Suspirou e espantou esses pensamentos de sua cabeça quando viu um táxi vir. Entrou e sentou-se na janela, observando atentamente a paisagem de Detroit mudar drasticamente a cada centímetro que se aproximava do subúrbio.

Desde que a cidade entrara em crise por causa da crise das montadoras americanas, foi aos poucos caindo em ruínas e teve seu ápice em 2008, com a pior crise a atingir o país em 60 anos. A população descera dos 1,8 milhões de habitantes para os atuais 700 mil, e a cidade era considerada o pior lugar para se viver em todo os Estados Unidos.

Durante o percurso do ônibus, Daniel pôde ter um vislumbre da segregação racial e social que atingia aquela cidade, ao sair de um bairro elitista, frequentado por brancos e ricos em suas fortalezas particulares para seguir até o subúrbio, onde era obrigado a ver pessoas sendo despejadas por não poderem pagar suas hipotecas e fogueiras improvisadas no meio da rua, objetivando proteger as pessoas dos 20° negativos que costumavam atingir a cidade durante a noite. Era deplorável.

Daniel franziu o cenho e estreitou os olhos tentando focalizar a visão. Notou Manu em meio a uma roda de pessoas, com o braço direito em volta de uma menina mal coberta pelas suas roupas. Viu a mulher mais velha assentir, e a pequena mulher trazer a menina consigo, até entrar no carro.

Provavelmente estava levando-a para o abrigo para crianças na igreja.

Suspirou e deixou de olhar, era costumeiro sempre haver uma criança nova por lá, sempre vinham de algum subúrbio.

O táxi dobrou e seguiu seu caminho, deixando o moreno no lugar que costumava chamar de lar.

Marcela interrompeu sua leitura ao ouvir a fechadura da porta rugir, franziu o cenho por um segundo antes de ver Daniel atravessar a porta.

- Daniel!

Rafaella gritou, correndo em direção ao amigo e sufocando-o num abraço de urso. Daniel sorriu abertamente. Havia sentido falta da amiga.

- Hey, Mah.

O moreno cumprimentou, antes de abraçar Marcela fortemente.

- Sentimos sua falta, menino.

Marcela disse, em meio a um sorriso.

- Eu também senti. Texas é legal, mas aqui é a minha casa.

Detroit (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora