Magnets.

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A música título é Magnets, do Disclosure e da Lorde.



- Sim, papai. Eu vou.

Manu murmurou, ajoelhada sob o altar. Diferentemente da outra noite, suas roupas agora eram totalmente complacentes com o ambiente que estava: usava uma saia longa, junto a uma blusa clara de mangas compridas, e o cabelo num rabo de cavalo alto.

- Eu sempre estarei disposta, papai.

Ela disse baixo para a escuridão, antes de ouvir um baque forte na porta da frente. Era madrugada, e aquilo certamente a assustou. Fez o sinal da cruz e levantou-se, seguindo cautelosamente.

Espiou pelo olho mágico, mas nada estava lá, entretanto, quando abriu a porta, a cena era assustadora.

Viu a mulher que reconheceu como Marcela envolta de uma poça de sangue, o qual ela não tinha ideia de onde vinha por conta da quantidade.

- Marcela! Deus!

Gritou, em total desespero, antes de pegar a cabeça da mulher, que sorria debilmente.

- Que ironia...

Marcela murmurou, fracamente, fazendo Manu franzir o cenho, confusa.

- O-o que está havendo, Marcela? Você consegue falar?

Manu questionou e Marcela engasgou brevemente.

- Aquele cretino... nojento... Eu não posso acreditar que ela consegue estar com ele...

Disse, antes de tossir. Manu respirou fundo. Certamente ela estava delirando ou algo do tipo... era realmente muito sangue.

Manu puxou a loira para dentro da igreja, retirando as roupas dela e finalmente descobrindo a origem do sangue, entretando, ainda estava confusa.

- Eu acho que preciso levar você a um hospital...

- Não! Por favor, não!

Marcela quase gritou, antes de engasgar novamente.

- Por que?

- Eu preciso que você não diga isso a ninguém, por favor. Pode fazer isso?

- Nós vamos dar um jeito nisso, okay?

Manu disse e Marcela segurou sua mão fortemente.

- Diga que não contará a ninguém, por favor...

- Quando se fica em silêncio por tanto tempo, você acaba sabendo como guardar segredos.

Manu disse e a loira concordou brevemente com a cabeça. Marcela viu a mulher limpar todo o sangue ao redor de si, e suspirou aliviada ao ver que o sangramento parava aos poucos, a origem dele já não existia mais.

- Marcela eu... não sei o que fazer...

Marcela assentiu brevemente antes apontar para o próprio celular, jogado no chão.

- Ligue para Maykala, peça para ela vir aqui.

Manu obedeceu, tendo plena noção de que algo ali estava muito errado.

[...]

Rafaella observou o fim de tarde pela elegante janela adornada por madeira escura da cobertura que agora, pertencia a si. Não chegava nem perto da luxuosa triplex em Seattle, mas ainda assim era satisfatória. Vestia apenas uma calça jeans preta e uma blusa lisa branca e de mangas longas, o suficiente para lhe isolar do frio.

O acontecido há dois dias atrás não saía da sua mente. Ela não havia cedido por tão pouco...

Suspirou e tomou outro gole do mesmo conhaque irlandês que provavelmente poderia cobrir os custos do salário de algum dos seus funcionários. Rafaella quase poderia dizer que aquele dia estava estranho, e não seria mentira.

Detroit (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora