Ghosts And Creatures.

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A música titulo é Ghosts And Creatures, do Telekinesis.

Bianca fechou os olhos por um minuto antes de suspirar e engolir não só a saliva acumulada em sua boca, mas também a dor e a decepção que pareciam querer consumir-se em chamas assim como aquele casarão, dentro de si.

As luzes coloridas avisaram a chegada dos bombeiros e da polícia, e a morena virou de costas, depois de olhar para Rafaella mais uma vez. Ela ainda era segurada por Marcela, e chorava como uma criança. Bianca mal podia reconhece-la daquela maneira.

Sentia uma onda de torpor apossar seu corpo. Era como se as lágrimas trancassem dentro de si, como se uma barreira invisível as impedisse de molhar sua face. Bianca teve anos para aprender a esconder emoções.

Seguia até o carro quando foi abordada por Miguel.

- Bianca, o que houve?

- Prenda Rafaella, é a minha principal suspeita.

- Mas...

- Miguel, isso é uma ordem.

Ela mandou, em um tom mais do que ríspido, e o rapaz apenas assentiu antes de transferir a ordem para os demais policiais. Ninguém ali se opôs, nem Rafaella. Ela estava atordoada demais para se importar com o que acontecia consigo.

Bianca entrou no próprio carro, seguindo para a direção oposta a da delegacia. Suas mãos tremiam no volante, e ela sabia exatamente para onde estava seguindo, esteve ali a mais de um ano atrás.

Quando Bianca estacionou o carro naquela ponte abandonada, foi quando deixou as lágrimas caírem. Ela não lembrava de ter chorado mais em algum momento de sua vida, seu peito parecia comprimir todas o seu ar, assim como seu coração.

A dor que sentiu naquele momento foi o motivo pelo qual nunca quisera se apaixonar ou amar verdadeiramente alguém. A junção da dor pela perda e decepção eram tão agonizantes quanto o inferno jamais seria.

Os soluços eram altos, e tão intensos que por vezes faziam Bianca tossir. Ela levantou as pernas e as abraçou, como uma criança. Seu corpo parecia tão frágil quanto uma escultura de vidro, e era como se sentisse a dor em sua pele, queimando.

Havia acabado de perder o melhor amigo, a pessoa que provavelmente mais amava naquela cidade, depois dela, Rafaella.

Apenas a menção do seu nome fazia as lágrimas caírem com ainda mais força. Bianca socou o volante, como se isso pudesse fazer toda a agonia dentro de si desaparecer. Ela não tinha a minima ideia do que fazer a partir dali.

A sua vontade era simplesmente nunca mais vê-la.

[...]

Marcela observou com os braços cruzados o último corpo ser retirado. Ela fechou os olhos podendo sentir o cheiro ocre da carne dilacerada pelo fogo que emanava não só do casarão, mas principalmente de todos que não puderam escapar de lá.

O corpo de Laura foi o primeiro a ser retirado, e ao vê-la, Tayna e Beatrice não puderam conter as lágrimas. Marcela agradeceu internamente por Rafaella não estar mais ali, a visão do corpo carbonizado era certamente algo que nunca esqueceria. Mal poderia imaginar o horror vivido ali.

Ela andou ao encontro das únicas mulheres, além de si, que conseguiram sobreviver ao desastre. Tayna e Beatrice estavam aos prantos, sendo consoladas por Maykala e Hanna.

Maykala observou o rosto impassível de Marcela. Apesar de aparentemente manter a calma em sua expressão, seus olhos denunciavam todo o desespero dentro de si. Ninguém ali sabia o que fazer a partir daquele momento, não puderam salvar nada mais do que as próprias vidas e as roupas que tinham em seus corpos.

Detroit (Rabia Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora