Oieee, Boa Noite.
Nesse capítulo se inicia a segunda parte da história, espero que gostem.
A música título de hoje é Sunset, do The XX.
⚖
Part 2, Purgatorio.
2015.
Rafaella ouviu o eco dos saltos de suas botas Prada colidirem contra o chão feito inteiramente de madeira negra. O dia ainda estava frio, e a blusa de cashmere preta juntamente a calça jeans azul escura a aqueciam.
Ela colocou os cabelos tão negros quanto o chão que pisava no ombro direito, enquanto ainda bebericava o conhaque irlandês, feito sob encomenda especialmente para si. Custavam uma pequena fortuna, mas nada que pudesse fazer algum arranhão na gigantesca conta bancária.
Os olhos verdes fitavam Seattle pela varanda da cobertura triplex, incessantes. Estava inquieta. Era inquieta.
Cinco anos haviam se passado desde a última vez que estivera em Michigan. Cinco anos desde que vira aquele par de olhos castanhos que perseguiram seus sonhos todas as noites, sem interrupções.
Sempre os mesmos castanhos banhados em lágrimas, como um lembrete noturno de toda a culpa que carregava nos ombros agora mais fortes do que cinco anos atrás.
Muita coisa havia mudado desde que deixara Detroit.
Rafaella lembrava-se nitidamente da última vez que a havia visto, era como se tivesse acontecido no dia anterior. Lembrava-se do carro dobrando a esquina e de quando finalmente as lágrimas caíram, como se ali tivesse se dado conta que a havia perdido.
Ela foi consolada por Daniel e Marcela, que nada disseram. Não havia absolutamente nada para ser dito.
Rafaella lembrava-se do estranhamento de entrar em uma aeronave pela primeira vez, sabendo que ela era sua. Seu sobrenome escrito em prata na lateral do jatinho era tão incomum para si que nem parecia lhe pertencer.
Os quatro entraram, e apenas quando estavam a caminho de Londres foi que Rafaella explicou tudo. Marcela e Daniel pareciam mais perdidos que a própria mulher.
Os três haviam conversado a viagem inteira sobre o que fariam, e ao chegar em Londres, já tinham todo o plano perfeitamente traçado. Robert apenas observava a última Kalimann com um sorriso orgulhoso nos lábios. Era tão perspicaz quanto os pais.
Rafaella, Marcela e Daniel ingressaram em Yale nos cursos de administração, design e direito, respectivamente.
A bela mulher havia exigido tratamento igual entre si e os amigos.
Robert acompanhava cada uma das aulas de Rafaella. Administração, etiqueta, esgrima, francês, espanhol, pólo... era como um diamante sendo lentamente lapidado. O que mais lhe surpreendia era a velocidade com que aquela menina absorvia todo e qualquer conhecimento. Podia não possuir tanto conhecimento acadêmico quando chegou em Londres, mas seu empenho era notório.
Em pouco mais de um ano, já era uma mulher elegante, perfeitamente conhecedora de etiqueta e de vocabulário tão vasto que parecia ser a soma de uma vida inteira. Não era tão boa quanto Daniel ou Robert na esgrima, mas compensava com uma habilidade surpreendente no pólo.
Marcela não mostrava interesse em nenhum esporte que exigisse contato físico direto ou indireto, então, voltou a praticar o ballet que a muito tempo havia interrompido.
Durante os cinco anos que estivera em Londres, cursando administração, Robert lentamente instruía e deixava a herdeira a par de tudo que acontecia dentro da Kalimann Enterprises, de longe, obviamente. Queria que todos soubessem quem era Rafaella Kalimann apenas quando ela estivesse pronta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Detroit (Rabia Version)
General FictionPoder. Cinco letras, uma obsessão. Em um lugar onde o pecado é rotina, onde tudo tem um preço, há aqueles que fariam tudo para obtê-lo. Os fins podem justificar os meios, mas os meios poderiam justificar os fins? Essa era a pergunta em questão. Uma...