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180 horas após o sequestro de Zayn Malik.
Idilib, Síria.

Minhas mãos tremiam e suavam contra o volante, o zumbido incessante no meu ouvido fazia com que a voz dos soldados se tornasse ainda mais abafada na parte de trás da caminhonete, as últimas horas haviam passado como um flash na minha mente e meu único foco era ele.

Saber onde ele estava foi como um soco no estômago, tão perto e tão longe, fora do alcance das minhas mãos em um lugar sem qualquer proteção ou o mínimo de humanidade.

As palavras ditas algumas horas atrás pelo comandante soando na minha cabeça repetidamente.

"Isso é uma missão extra oficial Liam, se tudo der errado não há nada que eu possa fazer."

Meu pé apertou o acelerador com mais força fazendo com que o carro aumentasse a velocidade se engasgando com as engrenagens antigas, eu precisava chegar lá o mais rápido possível.

Louis e Niall estavam na parte de trás da caminhonete com os outros garotos, todos usando coletes a prova de balas, cintos com granadas e pistolas em seus coldres, nós não tínhamos muito e definitivamente teríamos que ter muita sorte para sairmos vivos.

"Se algo acontecer com seus homens a responsabilidade é apenas sua, você quem os colocou em perigo."

Apertei o volante com ainda mais força tentando me manter em foco, tudo o que importava agora era salvar Zayn.

O homem que eu mal conhecia mas que havia feito tanto por mim com seus olhos doces e seu sorriso bonito em meio ao caos, o garoto com palavras doces aos necessitados e empatia em seu olhar.

Estaria enganando a mim mesmo se dissesse que faria isso por qualquer um, definitivamente não.

Nunca arriscaria a vida dos meus homens para buscar um completo estranho, pelo menos era o que eu gostava de pensar, mas aqui estou eu, prestes a cometer uma loucura, um ato impensado, insano.

Um ato de amor.

Amor é algo maluco, uma coisa tão simples e fácil que acontece naturalmente e mexe com tudo em você, desde seu modo de pensar até o seu modo de agir te levando a fazer coisas arriscadas.

Três meses, esse havia sido o tempo necessário para que ele estivesse correndo para o meio de um covil russo sendo um major americano arrastando sete soldados junto a ele, se responsabilizando por qualquer merda que irá acontecer podendo acabar com vida de pessoas queridas para si e para os outros.

Dez kilometros já haviam passado, faltam apenas mais quinze seguindo ao norte, a estrada de terra com pedras no caminho fazendo a caminhonete balançar como nunca, minha mandíbula sendo pressionada com força me fazendo ter uma dor de cabeça latente na nuca que nunca vai embora, a conversa animada dos rapazes como se tudo estivesse bem e não estivéssemos indo em direção ao impossível agora mesmo.

Respiro fundo repetidamente tentando me manter o mais calmo possível mesmo que isso não aconteça a um longo tempo, a sensação de estar perdendo o controle agora tão próximo do meu objetivo é como uma facada em meu peito, é quase como se eu pudesse chorar apenas em saber que estava próximo de finalmente o ter de volta mas sabendo que isso implicava outras coisas eu me sentia sufocado.

O ter a salvo vai ser o suficiente ?

Vai ser o suficuente tirar ele de lá e o levar a um lugar seguro, o mandar de volta para casa para longe do inferno.

A resposta é não.

E eu sou egoísta o suficiente para saber que estar indo salvar ele não é só sobre amor, é também da minha própria necessidade de o ter ao meu lado, a pessoa que fez com que eu sentisse algo no meio de todo o caos, que fez com que a mínima chama que havia dentro de mim se transformasse em uma enorme fogueira.

the soldier (ziam mayne) Onde histórias criam vida. Descubra agora