Capítulo 15

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Rafael

A minha vida estava cheias de altos e baixos, parecia um carrossel ambulante que por vezes misturava em uma montanha russa. Por mais que a vida fosse difícil, mesmo que as pessoas tivessem em mente que levava uma labuta fácil. Sempre permaneci em total silêncio, deixando que outros especulassem sobre mim. Acreditava que viver no secreto era a melhor forma, pois carregar o meu sobrenome não era uma coisa fácil.

Juliana e eu seguimos o caminho de volta ao Rio em total silêncio e pela primeira vez na minha vida aquele zumbido me incomodou. Encarei sua afeição entristecida, sentia que em seu eu mais profundo havia arrependimento, o seu olhar machucava qualquer olhos que os observasse atentamente. Algo dentro de mim despertou com voracidade, naquele momento somente desejava que os brilhos do anil de seus olhos retornassem para aquele ao qual a mesma permitiu que enxergasse. Um brilho onde alegrava a alma, o mesmo que por vezes surgiu em tantas perguntas ao meu respeito.

Foi como um estalo que desviei o caminho de volta para o apartamento. Saí da Avenida Brasil e segui para um dos mais belos lugares do Rio de Janeiro. Possuía conhecimento de que Juliana se encantaria com a vista vislumbre que aquele lugar nos proporcionava. No inicio ela pareceu impaciente, me fazendo sorrir com o seu jeito inquieto, tinha certeza que a mesma não possuía conhecimento do que estava fazendo, afinal, Juliana não havia conhecido a cidade como gostaria, ela havia acabado de chegar.

Sorri assim que estacionei o carro observando sua expressão confusa, encarei aquelas rochosas montanhas do Pão de Açúcar, o horário era impróprio para visitas comuns, pois o expediente do mesmo havia encerrado, mas conhecia o segurança responsável pelo maquinário dos bondinhos.

Instiguei a mesma a sair do carro, por mais que ela se preocupasse com as horas, eu conseguiria passagem gratuita sem demora. Senhor Antônio era um velho amigo do meu pai, acompanhou meu nascimento e me viu ainda menino me tornar nesse homem ao qual sou hoje. Costumava vir com frequência, por isso, sabia que conseguiria subir com Juliana sem nenhum problema.

- Consegue quebrar mais essa para mim? - pedi.

- Você falou isso todas as vezes que veio! - ele sorriu.

- Dessa vez é importante! - falei.

- E quando não é? - brincou.

- Por favor! - implorei.

- Essa parece mais bonita que as outras! - comentou me entregando as chaves.

Era verdade, costumava trazer algumas garotas aqui para ganhar alguns pontos, mas o que Antônio não sabia era o simples fato de que Juliana nem sequer se comparava as outras, não apenas pela beleza, mas por não estar ali como um caso amoroso, ou uma ficada. Apenas queria que Juliana esvaísse do clima ruim que formou ao seu redor com o idiota do Scott.

- Para o seu governo ainda nem toquei naquela boca! - sorri. - Fico lhe devendo...

- Está me devendo milhões! - falou aos risos enquanto me afastava.

Juliana não ouviu a minha conversa com Antônio. Sem retrucar subimos no bondinho, a partir daquele momento vi os seus lindos olhos reluzentes a infinita imagem à nossa frente. Confesso ser recompensador, mas minha mente gritava insistentemente que aquele pequeno gesto de gentileza se dava ao fato de querer ganhar a aposta com Cloe. Seja legal! Ela havia pedido.

Não tinha como não amar aquele céu azul com os raios solares pintando em um tom rosado, as nuvens brancas como algodão, era perfeição demais para não se amar. Continuamos subindo, observei o encantador sorriso de Juliana, ela parecia mais animada, também não havia problema capaz de não sair quando visse a paisagem de cima. Era como ver tudo pequeno, parecendo nada real, especialmente com tanta magnitude. Possuía convicção de que Juliana não havia visto nada parecido, ainda mais aqui no Rio, pois sabia que a mesma não havia ido a outro lugar.

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